Vinte e Oito

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Esse capítulo contém mais de uma narração. Atenção.

📌 13 semanas de gestação. 30 de abril de 2023. São Paulo.

T A T I A N A

Pra mim nada poderia ficar pior do que tudo que já aconteceu hoje. Afinal, ninguém trocou muitas palavras depois que a pizza chegou.

Raphael se levanta, olha para Desirée como se eu não existisse ali e diz:

— Tô indo no banheiro. Onde é?

A morena aponta com a mão para uma das portas do andar que estamos. Ele apenas agradece com a cabeça e some por ali.

— Ele tá com raiva mesmo, né? — Gabriel solta ar pelo nariz ironizando.

— Sem motivo algum. — dou ombros.

— Achei que vocês não tinham nada. — o camisa 10 continua falando.

— Sério, Gabriel? — Desirée para de comer para olhá-lo. Ele apenas faz uma careta. E antes que responda o celular toca.

— Ih, Fabinho tá ligando. Licença. — levanta do local e sai em direção a sacada.

Só resta nós duas. Pela primeira vez na noite somos somente nós.

— Então... — limpo a garganta. Não sei nem por onde começar a conversar.

— Então... — Desirée repete.

Acho que minha primeira pergunta é: Por que o Gabriel está aqui e por que não me contou que ele dormiu com você de ontem pra hoje? Só não quero ser tão direta.

— A gente sabe que sua mãe não chamou ele pra tomar café. Ele dormiu aqui.

Bom, podemos ver que não sei não ser direta.

Desirée aperta os lábios. Conheço ela há muito tempo para não saber o que está acontecendo aqui. As trocas de olhares, o clima "leve" como era antes de tudo, o modo como eles estão se tratando. Eu sei que não é assim, ou melhor, que não estava assim. Faz muito tempo que a relação deles mudou. Muito. Sei porque vi tudo mudar.

— Vocês conversaram? — insisto e ela nega algumas vezes. — Como não? Parecem tão leves.

Me senti como se estivéssemos novamente nos anos onde tudo era tão fácil e bom.

— Acho que só... — Dê encolhe os ombros — Quando cheguei do churrasco ele já estava aqui.

— Bem a cara do Gabriel ser inconveniente desse jeito — sorrio.

O sobrenome dele além de deboche poderia ser inconveniência. Sem dúvida alguma.

— Pois é, não é? Foi a inconveniência dele que me contou que você e o Yuri Alberto trocaram beijinhos na adolescência. Qualé, Tati — sorri também.

De novo, não. Castigo do monstro agora vai ser todos lembrarem dessa história. E o pior, Raphael está puto por isso, e eu não tenho dúvidas que tudo que falamos um para o outro enquanto ficamos aqui sozinhos não foi suficiente.

Yuri tinha 15 pra 16 anos e eu 18. A gente não tinha nada na cabeça, era uma festa, eu tava bêbada de vinho barato e, então, aconteceu. Tá, talvez tenha sido mais de uma vez na mesma festa, em outros lugares... mas ninguém sabe disso nem vai saber.

— Não muda de assunto — tenho vontade de enterrar minha cabeça no chão. — Não foi nada demais isso, faz anos e eu preferia nem lembrar, mas o Gabriel dormiu na sua casa. Quer dizer... Ele dormiu com você — jogo verde.

Deserve You • Raphael Veiga [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora