Deserve You • Raphael Veiga [PAUSADA]

Vinte e Sete

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📌 13 semanas de gestação. 30 de abril de 2023. São Paulo.

R A P H A E L

Yuri Alberto. Sério. Não bastasse ser amiga do Gabigol, do Flamengo. Beijinhos de adolescente no Yuri Alberto, jogador do time que eu e toda a torcida palmeirense odiamos com todas as forças. Eu só posso ter acertado um chute na cruz, ou sei lá, ofendido minorias.

Se bem que no quesito futebol Yuri Alberto não tem uma estrela sequer. É só um menino promessa que custou metade do elenco do Corinthians pra não conseguir ganhar absolutamente nada e nem sequer se destacar no time.

Mesmo assim ele consegue me incomodar muito mais do que o Gabigol. Até porque o jogador do Flamengo nunca teve nada com Tatiana. E só de pensar, por mais tempo que faça, nela tendo algo com o Yuri Alberto... automaticamente tenho crise de ansiedade.

Meu coração palpita forte, eu aperto tanto meus dentes inferiores nos superiores que a qualquer momento parece que eles vão quebrar.

— Tá tudo bem, Raphael? — a pergunta do camisa 10 ecoa pela minha cabeça.

— Tá sim. — limpo a garganta.

Tudo bem porra nenhuma. Se tem uma coisa que não tá é tudo bem. Yuri Alberto? Sério? Eu simplesmente não consigo engolir isso. É um moleque. Ele é um moleque. Não é como se fosse alguém de peso. Não importa mesmo se faz anos. Eu não consigo engolir isso. Tatiana poderia ter me contado.

— Tudo bem o caralho — Desirée desce um tapa em Gabriel que me faz segurar uma risada. Tatiana observa tudo calada. Me soltando olhares um tanto inexpressivos. — Seu boca de sacola! Eu não falei pra você se comportar?

Então assim como Tatiana pediu pra eu me comportar ela também pediu para Gabriel? Pois bem. Não deu certo.

— Ai, Desirée! Eu fiz o que demais? Só comentei sobre algo, que é o que a gente tá fazendo — olha para a morena que continua revoltada.

Tatiana se aproxima de mim.

— Eles sempre foram assim. — sussurra.

— Uhum. — me limito.

Não tô nem um pouco afim de trocar papo com ela como se estivesse tudo bem. Não está. Não mesmo.

— Vai ficar me tratando assim? — franze o cenho.

— Eu não tô fazendo nada, Tatiana. — dou ombros voltando a prestar atenção na confusão.

— E qual o problema? Ela ficava com o Yuri e você ficava comigo. Tudo dentro dos conformes, pô — Gabriel estala a língua no céu da boca.

Ela ficava com o Yuri Alberto. Ficava com o Yuri Alberto. Isso ecoa na minha cabeça de uma forma que eu não consigo controlar, sequer consigo quantificar a raiva que sinto dessa situação. Será que ela ficou com ele mais vezes? Será que passou disso? Adolescentes sempre querem mais.

Tatiana torce o bico e fuzila Gabriel com o olhar. Se não tivesse guardado segredo não estaria assim.

— Eu vou matar você! — Desirée age como mãe tirando a havaiana do pé de novo.

O chinelo voa mas não acerta. Bate em um dos vasos de planta. Que caos. Que ótima forma de finalizar minha noite antes de viajar pra jogar.

— Eu sempre fiquei só olhando. — puxa assunto de novo. Eu só assinto. Não gosto de tratá-la assim, mas meu ego está ferido demais e eu não consigo lidar com isso de outra forma.