Capítulo II

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As horas passaram em um tédio terrível, vez ou outra uma enfermeira entrou no quarto para averiguar a mulher que se manteve deitada demonstrando o quanto estava entediada com tudo aquilo. A enfermeira chefe foi a que menos apareceu já que Akemi fazia questão de a tirar do sério todos os segundos que podia.


— Você é de que pais? — Uma das enfermeiras questionou enquanto fazia a troca do soro. Akemi observava tudo de maneira curiosa — Qual dos seus pais é japonês?


— Minha mãe — A dançarina respondeu olhando para a que deveria ter no máximo um ano a mais do que ela, no entanto, os olhos desviaram dos de cores opostas como se algo estivesse a incomodando — Eu não mordo, sabe.


— E você veio para o Japão... Quero dizer, você quase não tem sotaque.


— Eu sei, estou morando aqui faz mais de dez anos — Ela segurou a gargalhada — Diferente dos rumores, sou uma cidadã legalizada que apenas precisava ver o irmão doente.


— Irmão doente? Cidadã legalizada? — A enfermeira parecia estar ficando tonta enquanto repetia de maneira ansiosa tudo o que Akemi dizia.


— Vem cá, você poderia me dizer sobre Takashi Saito? Ele é meu irmão, quero saber como está — A única coisa que verdadeiramente interessava a dançarina era saber sobre o estado de saúde de seu pequeno irmão. Era como aliviar o peso que a alma carregava.


— Ele está bem, o Dr. Miyako estava atendendo-o não faz muito tempo e se quiser posso estar pedindo para que ele dê uma passadinha aqui para tirar qualquer dúvida — Disse de uma forma mais gentil — No entanto eu creio que ele vá demorar a ter alta.


— Tudo bem... Periodicamente estamos vindo para o hospital, nem que apenas para exames de rotina.


— Desculpa ser tão curiosa, mas dei uma passada de olho nas fixas e é impressionante a quantidade de exames e o quão atualizados estão — Demorou alguns segundos para continuar 

— Você e sua mãe devem ser bem cuidadosas com seu irmão mais novo.


— Somos sim — O sorriso era distante, um tanto frio — Eu sempre acompanho os exames para ter certeza de que os medicamentos estão tendo efeito.


— Bem... Qualquer coisa aperte o botão de emergência. Vou pedir para que o Dr. Miyako venha assim que possível — E sem demoras, deixou o quarto fechando a porta para dar privacidade a mulher.


 ♠ — ♠


Se passaram algumas horas até que a porta fosse aberta novamente. O homem que entrou era totalmente diferente do que estava acompanhando de perto a evolução de Akemi, seus olhos eram mais leves e sua idade beirava no máximo os quarenta.


Antes que ela pudesse questionar, a enfermeira de mais cedo entrou com um leve sorriso — Boa noite, você deve ser Akemi. Certo? Eu sou o Dr. Miyako e estou responsável pelos cuidados do seu irmão.


— Noite. Doutor, não vou ser muito formal. Como está meu irmão?


Raposa Negra, Gato Branco | Chishiya ShuntaroOnde histórias criam vida. Descubra agora