Capítulo VI

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Vida após a morte? Aquilo era loucura até mesmo para uma Akemi perturbada por dias de pouco sono sequer ousar acreditar. A dançarina ria enquanto observava a lua de maneira silenciosa, as lembranças vinham enquanto seus lábios secos se abriam puxando um pouco de ar.


— Vida após a morte... Que loucura é essa — A mulher ria incrédula de algo assim existir. A muito tempo deixou de acreditar no sobrenatural, a muito tempo deixou de pedir para os deuses socorro — Como se algo assim pudesse existir.


Olhando para sua cama, ponderou se deveria tentar dormir um pouco. Todas as vezes acordava com o mesmo pesadelo... Ao menos era isso o que parecia, mas nunca se lembrava do que havia sonhado.


— Amanhã vai ser um dia melhor — Ela prometia lembrando que a psiquiatra prometeu que iria ter a primeira sessão junto com seu irmão, algo para um começo de confiança. Akemi achou engraçado, mas se isso envolvia poder ver seu irmão já era o suficiente.



Mais algumas horas em claro se passaram até que a dançarina resolvesse sair de sua cama e começasse a se aprontar para a visita médica. Primeiro veio o ranzinza homem com dois internos que escreviam em suas pranchetas todas as explicações sobre o caso de Akemi.


A garota por sua vez terminava de se arrumar não parecendo muito disposta em se manter quieta na sua cama enquanto o médico dizia tudo fingindo a ignorar. Certa hora, enquanto explicava sobre o acidente e as sequelas do meteoro definiu Akemi como uma paciente instável e difícil.


— Os batimentos estão sempre a 100 BPM, espero que lembrem que os batimentos de um adulto com condicionamento físico excelente é de 50 a 60 BPM — Ele explicava — No caso dessa paciente ela apresenta na fixa que praticava com frequência exercícios.


Akemi se perdeu na explicação quando puxou sua blusa de frio a jogando entre os ombros tensos pelas presenças masculinas que não traziam segurança para a sempre alerta mulher — Estamos fazendo a adaptação dos medicamentos para diminuir sua taquicardia, outro fator que está atrapalhando a estabilidade do caso é a ausência de resposta a dor.


— Bom dia, vejo que me precipitei — A voz feminina disse abrindo a porta vendo os alunos observarem sua pequena cobaia ambulante — Bom dia doutor, vou voltar assim que terminar a...


— Não vai ser necessário — Akemi tomou a frente saindo da cama, as pernas enfaixadas na visão de todos enquanto seus passos trapalhados foram interrompidos pela médica — Ele já estava de partida, não é mesmo doutor?


A dançarina sorriu como um felino, satisfeita quando viu a cadeira de rodas ser puxada até ela. Se sentando, olhou para todos os estudantes que a encaravam entre um misto de superioridade e descrença pela ação feminina.


— Bem, nosso próximo paciente é... — O senhor disse puxando para sua atenção os internos que o seguiram saindo da sala.


— Não deveria fazer isso, senhorita Akemi — A psiquiatra falou começando a empurrar a cadeira de rodas vendo o grupo masculino ainda mais distante.


— Bem, de qualquer forma eles estavam atrapalhando — A de olhos opostos ronronou enquanto batucava seus dedos no metal da cadeira. As íris iam por todos os lugares captando informações silenciosas enquanto pedia para que o tempo corresse e ela ficasse a sós com seu adorado irmão — Onde meu irmão está?

Raposa Negra, Gato Branco | Chishiya ShuntaroOnde histórias criam vida. Descubra agora