Capítulo XV

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A porta foi aberta não muito tempo depois que o sol brilhou entre as pequenas frestas de sua janela. Era a marca de estar em plena 7 horas da manhã e não seria uma daquelas rotinas tediosas.


Olhando a dupla vestida de branco entrar sem cerimonias, o velho médico já odiado o suficiente por Akemi agora parecia escoltar uma mulher que deveria ter no máximo 10 anos a menos que ele. Ela carregava uma pasta de papel pardo, parecia recheado por camadas de papeis irritantes e burocráticos.


— Você deve ser a senhorita Akemi— Ela disse antes de abrir o papel lendo o começo— Eu vim aqui conversar sobre a sua alta.


— Minha alta? — Questionou ainda sem entender. Akemi sequer conseguia andar e ela tinha total certeza de que o estado de seus membros inferiores ainda não era bom.


— Os exames deram negativos para qualquer fratura que precise de uma operação. Pode muito bem receber alta e só voltar para as fisioterapias— O senhor decretou dando margem para que a mulher se aproximasse ainda mais, agora com as páginas avançadas em sua ficha.


— A fisioterapia vai começar a ser cobrada já que o internamento dado pelo governo expirou— Começou a informar— Também vim conversar sobre os débitos pendentes de seu irmão mais novo.


— Expirou? — Akemi quase gaguejou— Débitos?


— Você poderia passar o número de seus pais para que eu possa estar contatando melhor sobre essa questão financeira? — Agora Akemi sabia quem era aquela mulher, ela era a notícia ruim no meio do que parecia uma calmaria.


— Eles estão mortos— Informou de maneira fria— Mas eu posso pagar.


— Certo, assim que possível passe na sala do financeiro para estar arrumando essas pendencias vencidas e podemos conversar melhor sobre a fisioterapia.


— Creio que não vai ser necessário— Decretou com um suspiro firme— Eu não vou precisar de uma fisioterapia e estou de acordo em assinar qualquer papel que isente esse hospital de responsabilidade.




Akemi encarava a dupla tão oposto, Kuina e Chishiya parecia discutir algum assunto sem importância quando seus olhos encararam a antiga dançarina. Forçando um sorriso, pôs para o fundo de sua mente dúvidas e perturbações para finalmente se juntar a eles.


— O que era a fofoca? — Akemi agia como se aquela madrugada não tivesse existido, como se a conversa que decretava seu fim naquele hospital não tivesse existido.


— Apenas reclamações sobre o colega de quarto do Chishiya— Kuina falava enquanto revirava os olhos— E você? Por que dessa roupa?


A raposa brincou com os fios de seu cabelo, levemente desgrenhados como alguém que de forma automática procurou seus únicos amigos. Ela estava ainda de pijama e isso despertava alguns olhares mais maliciosos de transeuntes.

Raposa Negra, Gato Branco | Chishiya ShuntaroOnde histórias criam vida. Descubra agora