Capítulo IX

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Esse é um alerta e o motivo deu não ter publicado segunda e sim hoje. Para aqueles com estômago meio fraco, pulem a pequena história a seguir:

Eu sou auxiliar veterinária de uma clínica especializada, isso significa que os animais que vão lá não estão prestes a morrer, mas... Bem, ontem teve um triste caso em que um homem entrou com seu cachorro sufocado devido ter engolido uma bolinha de brinquedo dura (era um border collie) e imagine três mulheres tentando de tudo e mais um pouco para ajudar esse homem a arrancar o brinquedo da goela do animal... Eu só digo que os gritos de alguém que perdeu o animal de estimação que ama doem bem mais que podemos imaginar.

Com esse relato, saibam que eu tentei colocar todos os meus sentimentos para fluir nesse capítulo e quem sabe deixar o meu coração se curar da sensação de incapacidade. Tenham uma boa leitura e perdão o desabafo...


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As noites sempre foram o inferno para Akemi, seja antigamente ou agora, as luzes distantes e vagas — sozinhas no mar de escuridão— eram tão solitários quanto a alma que as encarava sentada em frente da janela.


Havia sido difícil chegar até ali, sedativos novos deixaram todos os músculos que não processavam a dor, molengas demais para serem comandados rapidamente. Foi um recurso usado para evitar fugas, mas seria condenado entre os médicos naquela mesma noite...


Entre os momentos de lucidez e as fisgadas de sono, vez ou outro os batimentos marcavam uma passada já muito anormal no monitor. Os arfares dolorosos se seguiam sempre de pequenas gotas que deslizavam por suas bochechas arranhadas, estava esgotada.


Akemi encarou o céu, as nuvens deslizando como em uma eterna dança pelo horizonte escuro da madrugada. Ela podia sentir as gotas gélidas do soro entrar por suas veias enquanto camadas de coberta tentavam a manter aquecida, mas tudo era em vão quando seu coração estava tão gelado.


Mais lágrimas foram derramadas, inquieta enquanto se recordava de seus anos como dançarina. Os cochichos de luxuria e seus olhares que a desejavam como um animal de estimação, os toques indesejados e... Banda...


Aquele psicopata havia ferido seu psicológico, a marcado para um eterno tormento do "E se". E se fosse eu. E se eu estivesse lá. E se o corpo... E se... E se... E se...


Levando as mãos até as orelhas, as cobriu enquanto se encolhia entre as cobertas. Akemi gemia e implorava, suas mãos tremiam enquanto o que parecia ser vômito lentamente se acumulava em sua garganta prestes a ser derramado.


— Por favor— Ela implorou se balançando, as mãos agarrando seus fios com força, prestes a tirar alguns tufos de seu cabelo— Faça parar...


Akemi estava tão cansada, tão exausta... Ela fechava seus olhos e escutava gritos, gritos distantes de socorro, de clemência.


Mas o que ela poderia fazer?


Eu imploro!


Façam alguma coisa!


Eu imploro!

Raposa Negra, Gato Branco | Chishiya ShuntaroOnde histórias criam vida. Descubra agora