Akemi encarava todos os presentes na sessão de terapia como se nada tivesse acontecido naquela madrugada. Medicada, parecia tão tranquila vendo suas novas ataduras, que dessa vez, sofreram alterações para dificutar a retirada sem utensílios médicos.
— Akemi— A psiquiatra chamou— Para você, o que é a liberdade?
A mulher encarou a profissional de maneira distante, quase como se aquela pergunta fosse tão estupida que pudesse ser julgada como algum tipo de ofensa.
— Sair daqui— Respondeu de maneira fria, a voz sonolenta pelos medicamentos.
— Para você...— Ela mudou a pessoa que deveria responder, de fato, aquilo não deveria ter uma resposta certa ou errada— Obrigada. Kuina, para você o que é liberdade?
— É poder ser eu mesma sem me preocupar com os julgamentos dos outros— Apontou a de dreadlocks de maneira simpática, os olhos vezes indo até Akemi para conferir se a desconhecida estava bem.
Por algum motivo muitos ali traziam certa sensação de nostalgia, alguns o sentimento era um tanto vago, como se tivessem passado na rua algumas vezes durante seu expediente, outros, tão profundos que se julgava louca. Para Kuina, Akemi era uma dessas pessoas e ter visto a jovem de aparência durona naquele estado foi um sentimento esquisito demais para que ela descrevesse.
— Chishiya, o que é a liberdade para você?
— Algo falso— O loiro respondeu com desdém— Liberdade não existe.
— Não? — A médica tentou espremer mais dos lábios do homem, mas apenas recebeu um sorriso de canto, zombeteiro e superior— Arisu?
— Acho que é passar uma tarde fazendo qualquer coisa com meus amigos— Arisu respondeu entre as memórias profundas que esteve absorvendo durante toda aquela conversa.
— Escalar— Foi a vez de Usagi responder, essa tão rapidamente mudou seu foco para o homem ao seu lado.
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— Akemi!— Kuina gritou se aproximando lentamente da mulher, a dançarina estava perto de algumas árvores tomando um pequeno banho de sol— Está melhor?
— Desculpa por aquela cena— Os olhos de cores opostas não se mantinham severos para aquela figura alta, mas logo mudaram quando notou que além de Kuina, outra silhueta se aproximava— Ah, é você.
— Fico feliz em te ver bem— Zombou o gato branco— Pensei que não iria aparecer para a sessão.
— Eu também imaginei— Akemi manteve o tom debochado— Mas quando lembrei que poderia te incomodar um pouco, decidi que seria bom ir.
— Pelo visto vocês são bem próximos— Kuina disse entre leves risadas se sentando ao lado de Akemi, no chão de grama batida— Isso é bom.
— Infelizmente eu tive de conhecer ele— Revirando os olhos, continuou com um novo assunto— Eu imagino que as respostas nossas talvez sejam abordadas na próxima sessão em grupo.
— Hum... Você tem medo disso acontecer?— A de dreadlocks pareceu pensativa— Sabe, eu até levei a pergunta a sério.
— Aquilo foi uma tremenda besteira— Repetiu a dupla tão diferente fazendo a mais alta rir novamente.
Akemi encarou seus pés, os dedos deslizaram pelas ataduras como se as linhas que a formava fossem hipnóticas— Está doendo?— A voz era quase um sussurro, profunda, mas parecia mesmo que bem pouco, preocupado.
— Não.
— Se estiver, avisa— Foi a vez de Kuina dizer, tentando animar aquele ambiente que aos poucos se afundava em silêncio— Quer ir para algum lugar? Eu posso empurrar sua cadeira.
— Você também está bem machucada.
— Não dói mais tanto. E se precisar, Chishiya ajuda.
— Dispenso— O loiro logo ajuda— Se querem perder tempo, façam isso sem me envolver.
A mais alta se levantou, bateu a mão contra as camadas de sua roupa tirando qualquer poeira e por fim, foi até as costas de Akemi se ajeitando ali. Gradativamente, colocou a força ideal para que pudessem começar a sair dali tranquilamente.
A dupla feminina parecia alheia a tudo, trocavam algumas palavras sobre suas vidas pessoais e o que queriam fazer naquele resto de tarde. No entanto, vezes olhavam para trás verificando a silhueta encapuzada que as seguia como se estivesse em um eterno tédio.
"Se querem perder tempo, façam isso sem me envolver" Akemi repetia em zombaria na sua mente.
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— Aqui está— Kuina entregou uma lata de café gelado para Akemi que rapidamente a abriu bebendo grandes goles— Eu vou precisar voltar para o meu quarto daqui a pouco, tenho alguns exames para fazer.
— Eu acho que também vou ser incomodada pelos residentes— Dizia a dançarina revirando os olhos— E você?
— Não tenho nada pra fazer, vou estudar ou ler qualquer coisa.
— Melhor que ser espetado por um bando de esquisitos— A raposa dizia rindo, mas o gato branco apenas arqueou uma sobrancelha— O que? Vai me dizer que simpatiza com residentes de medicina? Eles me olham como um ratinho de laboratório.
— Você não é muito diferente de um— Zombou o loiro.
— COMO É!
— Vamos lá vocês dois! Akemi, não é tão ruim assim, se quiser eu posso dar uma passada no seu quarto para a gente conversar e você não fazer tudo sozinha. Chishiya, não seja tão insensível assim.
— Eu não espero sensibilidade vindo desse ser— Resmungava de maneira irritada— Na verdade, ele é do tipo que em qualquer sinal de perigo me jogaria para os leões!
— Às vezes... É... Hum... Olha, as vezes podemos nos impressionar com atitudes boas vindas de quem menos...— Kuina tentou defender, mas ela sentia o mesmo vindo de Chishiya— Esquece, ele parece ser desse tipo mesmo.
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Raposa Negra, Gato Branco | Chishiya Shuntaro
FanfictionEssa fanfic é a continuação de Raposa / Chishiya Shuntaro. Lar não é apenas onde moramos, mas o lugar que podemos ser nós mesmos sem sentir o peso da responsabilidade em nossas costas. Akemi nunca conheceu essa perspectiva de lar. Sempre trabalhand...