Capítulo III

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Akemi não dormiu direito aquela madrugada, poucas vezes sentindo adormecer, mas acordando em seguida com o coração disparado, quase como se tivesse acabado de ter um pesadelo a qual não lembrava.


Seu corpo era frio mesmo com a coberta a envolvendo, os olhos de cores opostas não paravam de encarar o quarto quase como se a qualquer segundo alguma coisa pudesse entrar e a matar...


Mas não existia esse perigo, não ali e mesmo assim suas pupilas dilatadas indicavam a absorção da luz para enxergar com detalhe o quarto e horizonte com uma lua nascente.


— Irmão... — Akemi chamou quase que automaticamente sentindo a falta de sua presença ali. Ela estava preocupada, mas algo na sua mente dizia que não era somente com o seu pequeno... Seria Kuro?


As horas pareceram passar de maneira incerta, lenta enquanto o sol vagarosamente tomava aquele horizonte para si com seus raios alaranjados e mais quentes. No entanto, as pupilas não deixaram de estar em estado dilatado e isso causava certo desconforto.


Quando a enfermeira que acompanhou o Dr. Miyako entrou com uma bandeja de café da manhã, a única coisa que Akemi fez foi apertar os olhos para enxergar melhor os detalhes.


— Senhorita Akemi, aconteceu alguma coisa? Está com dor de cabeça? — A enfermeira questionou vendo a ação anormal da mais nova.


— Não... Eu não estou conseguindo enxergar direito — Reclamou levando as mãos até os olhos — Essa merda de luz tá me irritando muito.


— Eu vou chamar o doutor — A mulher falou saindo às pressas do lugar não demorando muito para vir com o irritante médico que cuidava de Akemi — Senhorita Akemi, desculpa a demora.


— O que está sentindo? — O homem falou sem muita paciência puxando de seu jaleco uma pequena lanterna de pupila mirando no olho da dançarina que não reagiu a fonte de luz — Fora a dilatação, mais alguma coisa?


— Eu não consigo ver muito bem as coisas, e estou com uma leve dor de cabeça. Acredito que seja pela falta de sono — A mulher falou piscando algumas vezes — Podemos descartar uma dilatação por baixa luminosidade e começar a suspeitar de uma midríase?


— Não vejo nada demais para um alarde — Respondeu em resposta a provocação de Akemi.


— Fora a falta de confiança que eu tenho em seu diagnóstico — Zombou pegando a bandeja com o café da manhã — Já que estou bem, vou comer.


A enfermeira não sabia se ficava em estado de choque com tamanha ousadia ou se deixava a gargalhada presa dentro de sua garganta escapar. Seus olhos foram até os dedos da paciente que tremiam em leves espasmos, no entanto, parecia que qualquer sintoma seria ignorado pelo senhor.


Deveria ela, uma mera enfermeira, passar pela autoridade de um médico tão antigo e chamar o Dr. Miyako? Ela sabia que teriam sérias consequências em sua carreira, fora que Miyako atuava como pediatra.


— Mais alguma coisa ou eu posso voltar ao meu trabalho e parar de desperdiçar meu tempo?


Raposa Negra, Gato Branco | Chishiya ShuntaroOnde histórias criam vida. Descubra agora