Dez anos após sumir do mapa, Amanda está de volta à sua antiga cidade. Os motivos que a trazem não são bons, muito menos todas as memórias que insistem em vir à tona. Enfrentar o passado pode ser doloroso, mas nada se compara a dor de ver o seu anti...
Três dias depois, eu estava sentada em um café enquanto contava para Aline toda a verdade.
- EU NÃO POSSO ACREDITAR. QUE DESGRAÇADO - ela gritou, depois por instinto tapou a boca - me desculpa.
Quando olho ao redor, vejo que todos estão nos olhando.
- Amiga - ela seca as lágrimas que caem por seus olhos, enquanto eu espelho seus movimentos - é tudo muito pior do que as milhares de teorias que eu imaginei.
- Eu sei que eu não preciso te pedir isso, mas não conte pra ninguém, por favor. Principalmente para as meninas, a Bruna não consegue ter metade da racionalidade que você tem, ela arrumaria um escândalo na mesma hora.
- Não se preocupe, e como está sua mãe?
- Ela não chora sabe?, quase como se estivesse se mantendo firme por mim...
Percebo Aline paralisada olhando para a entrada do Café, e no mesmo instante sei que ele está ali.
- É ele não é? - pergunto sem me virar.
- Sim... mas assim que ele te viu, ele puxou Eric pelo braço e saiu.
Abaixo a cabeça. Eu sabia que tudo seria difícil, mas nunca imaginei que lidar com tamanha rejeição doeria tanto.
- Tudo bem - falo com os olhos marejados - não é como se eu esperasse ser recebida com um abraço e um tapinha nas costas.
- Mas Amanda...
- Ele não sabe Aline, como eu vou esperar que ele me trate diferente se ele não sabe?
- Você não vai contar?
- Pra que?, o estrago já foi feito. Em breve eu vou voltar pra minha vida na Austrália e ele pra dele em Miami. Esse momento aqui vai ser apenas mais um perdido na memória de nós dois.
- Ele não mora mais em Miami. Ele teve uma lesão e não vai voltar pelo menos até a próxima temporada. E, o pai dele está doente, já foi até desacreditado pelos médicos. Ele deve querer se manter por perto por um tempo.
- Como assim?
- Ninguém sabe ao certo o que ele tem. Mas há alguns anos ele enfrenta sucessivas infecções que tomam vários órgãos do corpo, mas dessa vez não há nada a ser feito.
- Meu Deus.
- Pois é.
Durante algumas horas, nos atualizamos sobre várias coisas dos últimos dez anos. Bom, ela me atualiza, já que a minha vida nesse período não teve nada de diferente a não ser o trabalho.
Estamos nos despedindo para ir embora quando ela me faz um convite.
- Amanhã à noite vou sair com as meninas. Você deveria ir.
- Não sei Aline. Ainda não me sinto bem para sair, mas vamos nos falando.
No dia seguinte, depois de muita insistência da parte dela e da minha mãe, resolvo ir. Decido que ficarei apenas uma hora e então retornarei para casa.
Estou sentada conversando animadamente com Bruna e Larissa que me atualizam sobre várias fofocas.
- Eu e o Fred vamos nos casar - estende a mão me mostrando o enorme diamente em seus dedos.
- Meus parabéns Lari - a abraço, enquanto meus olhos enchem de lágrimas por mais uma vez ter perdido tanto da vida das minhas amigas.
- Você vai ser madrinha. O casamento é em vinte e sete dias. Eu até tentei te mandar o convite, mas não sabia pra onde enviava.
- Lari...
- Não Amanda, não faça isso. Você já nos privou por anos suficiente de você. Não sabemos os seus motivos mas respeitamos. Só não vamos aceitar que você suma de novo.
Choro.
- Obrigada. Muito obrigada, todas vocês.
- Nosso quarteto sempre vai continuar sendo o mesmo Amandex, você só deu uma pausa de dez anos. Aliás, qual é o seu Instagram?
- Eu desativei minhas redes sociais quando... você sabe.
- Pois vamos ativar tudo agora. Quero muitos registros de nós quatro, muita felicidade, a partir de hoje nada de tristeza na sua vida - Bruna fala já pegando meu celular.
- Não amiga, não é uma boa ideia.
- É sim, vamos lá.
Aos risos reativamos todas as minhas redes sociais, e eu deixo que elas tirem algumas fotos e postem pela minha conta.
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"US 4 ❤"
- Vocês sabem que eu vou desativar tudo depois né? - brinco.
- Você nem ouse... - Bruna para de falar, vejo seu riso morrer no mesmo instante que ouço vozes.
Instantaneamente sei que ele está ali, e lentamente me viro até que nossos olhares se encontram.
Fred, Ricardo e Igor me cumprimentam animados, me beijam e abraçam apertado, enquanto me falam quanta saudade eu deixei em todos esses anos.
- Amandinha, você está ainda mais linda do que era, e eu achava que não fosse possível - Ricardo me elogia.
- Obrigada. Você continua direto, como sempre foi - me viro para Antônio e o cumprimento - Oi.
Ele me encara por longos segundos, como se fosse apenas doloroso demais estar no mesmo ambiente que eu. Então sem mais nem menos, se vira e vai embora.
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