Capítulo Quatro: O décimo sexto elemento

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Revenge Porn ou Pornografia da Vingança

é a prática de disponibilizar na Internet material de conteúdo sexual registrados na intimidade de um casal, com o intuito de vingar-se, humilhando publicamente uma das partes na relação.


Mais do que humilhação, a revenge porn é uma forma de violência.


É um fenômeno social que se expandiu devido a facilidade de transmitir uma mensagem com às novas redes sociais e aplicativos de messengers de conversa simultânea.


Em 2014, foram mais de 200 casos de sexting (envio de vídeos/fotos com conteúdo sexual) registrados, o que acarreta um aumento de 120% em comparação à 2013. Muitos casos são de revenge porn e muitas vezes a vítima é a mulher.


As denúncias podem ser feitas pelo app Proteja Brasil ou no Disque 100 (Disque Direitos Humanos) e para as vítimas há diversas associações que as auxiliam como Safernet e Movimento Família Mais Segura na Internet.


Leia mais: http://jus.com.br/artigos/38053/tutela-constitucional-da-privacidade-ante-as-novas-tecnologias-o-caso-do-revenge-porn#ixzz3brvLWgJs


http://www.compromissoeatitude.org.br/feminicidio-2-0-midias-digitais-tecnologia-e-violencia-contra-a-mulher-forum-09122013/


http://www.brasilpost.com.br/2015/05/19/pesquisa-revenge-porn_n_7312518.html

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 A minha imagem estava em todos os lugares. Nas mensagens que me enviavam pelos messengers online. Na timeline do Facebook.  Nas imagens que compartilhavam comigo no Twitter. Havia dezenas de mensagens de supostos pretendentes e outra dezena de falsos amigos querendo saber o que houve ou oferecendo uma falsa ajuda. O meu vídeo estava nos sites pornográficos na aba de caseiros. E circulava pelo Whatsapp feito uma praga. Havia amigos me mandando isso. Alguns sem terem percebido que era eu ali. Era ridículo. Havia mensagens me chamando de coisas que eu nunca imaginei que alguém acharia que eu fosse... alguns percebiam a burrada e diziam desculpa e foi mal como se esse tipo de coisa fosse fácil de se desculpar.

                Mas, entre todos, eu sabia que entre todos, ELE era o culpado. Eu devia ter desconfiado. Ele era como a verdadeira praga. A mazela em pessoa. Sua respiração ainda parecia quente na minha pele. Mas fazia semanas que isso tinha acontecido. Era a vingança dele. Ah, claro, só filmar para recordar... Como eu podia ser tão ignorante? Ele não ia mostrar para ninguém. Só que não. Ele IA mostrar. Como mostrou e espalhou por todo o canto da web como se quisesse preencher algum tipo de lacuna no caráter. Me arrependi no momento e me senti a maior idiota do mundo. Afinal não foi contra a minha vontade. Eu deixei. Não sei se eu podia dizer que era inocente. Talvez otária. Entretanto, dizer que havia inocência era como mentir e me autoenganar. Eu sabia do risco e mesmo assim eu deixei. Eu deixei que ele me gravasse e me exibisse. Eu sabia que ele não era santo... nunca havia sido. Mas eu havia dito ok. Agora qualquer um com uma conexão mais ou menos podia ver meus seios ou melhor nem dizer o resto. Só de pensar nisso o meu coração parecia que ia parar. Era para ser um momento único. Talvez, memorável. Para nós. Só nós! Um nó se formou na minha garganta e até engolir a minha própria saliva se tornou algo árduo.

                Comecei a chorar sozinha no meu quarto. Minha mãe bateu e pediu para entrar. Ela já sabia o que estava acontecendo. Afinal, quem não sabia? O mundo sabia. E saber disso me fazia ter pensamentos suicidas. Minha vida estava acabada. Não estava? Quem me olharia como antes? Quem me respeitaria? Ninguém.  Todos pareciam rir de mim. Havia links por todos os cantos. Mensagens se empilhando na caixa de entrada do meu e-mail. Centenas de mensagens não lidas em qualquer lugar que alguém tivesse a oportunidade de me azucrinar. Era como um enxame de abelhas que voavam em minha direção. Mas, eu só conseguia me encolher no quarto e abraçar aos meus joelhos.

O número da sorte e a busca do pai perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora