Capítulo Dezesseis: A mensagem

52 6 1
                                    

N/A: Olá, pessoal! Quanto tempo! Eu acabei me dedicando um pouco mais nas outras histórias, mas não esqueci da nossa Anna que voltou com tudo! 

Espero que gostem e boa leitura!-----------------------

Encontrei o stripper. Era a mensagem de Pamela aparecendo no meu celular. Eu havia acordado com dor de cabeça e enjôo depois do meu encontro com Denis. Mel havia ido ver alguma coisa para o nosso e-commerce. Ela havia dito, porém, eu estava vomitando no banheiro e não prestei atenção. Era uma loja virtual de artigos femininos. Vendíamos de vibradores até roupa íntima para amamentação. O conceito da loja era facilitar a vida da mulher em todos os sentidos. Fazíamos vários posts no instagram, mostrando como usar os produtos, dando dicas e falando sobre feminismo, sobre amor, afeto e luta pela igualdade de gênero. Era um trabalho que me enaltecia. Mas, era um pouco contraditório. Meus olhos baixaram e minha mente recordou o que havia acontecido na frente do padre.

– Tomou vergonha na cara? Até quando vai tentar fugir de mim? Eu já te disse que você é minha! Só minha! Você não tem como fugir, eu vou te achar...

A ameaça ainda soava na minha cabeça. O que eu postava ou aclamava nas redes sociais não era exatamente o que eu fazia da minha vida. Pamela e Melina se soubessem que ele estava atrás de mim, elas iam denunciá-lo a polícia. Eu não conseguia encontrar forças para enfrentar isso, ainda mais agora que eu tinha que me preocupar com alguém, além de mim mesma. Balancei a cabeça e afastei esses pensamentos de mim. Hoje, eu havia prometido um dia inteiro dedicado apenas ao trabalho, Melina estaria fora e eu poderia postar as novas fotos dos produtos que haviam acabado de chegar. Nós tínhamos um escritório no apartamento com um espaço como um estúdio onde tirávamos as fotos e fazíamos as nossas lives. Era um trabalho divertido. Meu pai e minha mãe não conseguiam entender completamente porque eu havia escolhido essa carreira. Porém, ambos se sentiram aliviados quando eu decidi fazer isso, afinal eu era formada em Artes Plásticas, e isso era ainda menos promissor para eles do que eu ser dona do meu próprio negócio. Até porque eu sendo a filha do meio parecia que eu estava sempre em competição com minhas irmãs.


Afastei todos esses pensamentos meio depressivos da minha cabeça, porque parecia que meus hormônios estavam meio malucos e me dediquei o dia inteiro a apenas trabalhar. Eu devia isso a Melina e precisava trabalhar. Porque gravidez não é doença. E apesar de eu estar em busca do pai dessa criança, eu ainda precisava garantir que a luz, o condomínio e meu cartão de crédito fosse pagado. Respondi diversos posts, que serviam como o nosso SAC, postei em mais de uma rede social, agendei outros posts da semana, revi o estoque, atualizei pedido, respondi e-mails de fornecedores, liguei para alguns para arranjar coisas pendentes e me senti imensamente útil como não havia me sentido nas últimas semanas.

Até mesmo esqueci o meu celular de lado e isso foi bom. Porque desde que eu descobri que estava grávida, eu parecia viver em outra órbita. Hoje, quase me esqueci que estava grávida se não fosse o enjoo que só foi passar no fim da tarde. Percebi que existem momentos que a gente precisa simplesmente deixar tudo de lado, todas as nossas dúvidas, dores, sofrimento e nos dedicarmos a outra coisa. Porque o mundo não para. O mundo continua a rodar e a gente precisa continuar a pagar boletos, a comer, a andar, a fazer tudo...

Sorri satisfeita quando a porta do escritório abriu e vi Melina entrando. Já havia passado das sete e meia da noite.

- Está dedicada hoje, heim? – ela comentou entrando e atrás dela apareceu Pamela com um suco de uva concentrado nas mãos e um pacote de baguetes.

- Trouxemos vinho e pão. – Pamela disse rindo.

Eu dei risada, porque claramente era suco de uva e não vinho, mas adorei a ideia. Trinta minutos depois, estávamos as três sentadas na frente da televisão da sala, cada uma segurando uma taça de vinho falso, era o suco de uva concentrado e comendo o pão que elas haviam trazido. Tínhamos cortado as baguetes em rodelas, passado manteiga e orégano e feito torradas para acompanhar. Melina até nos deixou usar as suas geleias exóticas e pasta de amendoim nas torradas. Escolhemos um filme de drama e qualquer e ficamos assistindo.

O número da sorte e a busca do pai perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora