Capítulo Cinco: O golpe

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O exame de D.N.A.  foi criado em 1985 e permitiu identificar a paternidade. Agradecimento ao geneticista inglês Alec Jeffreys.

Graças ao teste, os casais foram capazes de se livrar da "síndrome de Capitu" podendo averiguar a paternidade da criança. Por aqui chegou em 1988 e foi um grande marco num país que no mesmo ano 30% das crianças não tinham pai declarado.

Pode ser realizado durante a gravidez, mas o recomendável é que seja feito posteriormente. Pois, dependendo das circunstância oferece risco de 1% de aborto.

Para saber mais acesse:

http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-genetica/a-revolucao-dos-testes-de-dna

http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2013/06/criada-em-1985-identificacao-por-dna-permitiu-exames-de-paternidade.html

***

Luiz Carlos era um tipo mignon. Sabe aqueles caras que na foto te prometem 2m de altura e um corpo esmagador? Não que ele não fosse forte e esbelto. O queixo dele era quadrado e com barba por fazer. A pele era lisa e branca. Os cabelos escuros penteados milimetricamente. E os olhos tinha um ar sedutor. Sentado seria o Rei do Mundo. Em pé estava para a versão atual do Napoleão. Não de rosto, mas tamanho. Ele era claramente cinco centímetros mais baixo que eu. Como eu sempre via-o estando chapada nunca havia percebido isso. Eu queria dizer que não fiquei ligeiramente chateada. Mas, fiquei. Eu queria que meu filho puxasse o pai... rezei para ser uma menininha. Meninas pequenas são meigas. E sempre haverá um cara legal para protegê-la... E se ele não fizer isso eu o mato.

- Então? - ele disse só para quebrar o gelo entre nós. Estávamos sentados na bancada do bar. Ele tomando um chope e eu um suco de laranja. - Trouxe algo?


Porque era sempre eu que trazia algo. Eu sempre trazia algo. E quando trazia, eu sorria e dizia: pessoal, hoje tem. Apenas isso e todos entendiam que hoje seria eletrizante. Porém, eu balancei a cabeça negativamente. - Não do jeito que você queria.

- Não? Algo novo? - voz dele não era tão grave, mas também não era muito aguda. Parecia a voz de um garoto. Apesar de eu saber que ele passava dos trinta.

Eu já havia ido ao banheiro e escrito na caderneta: 9- Luiz Carlos, conheci no bar do barman que fiquei. Mas tenho nome e telefone (e facebook). Ficou de me dar uma data. Menos de um metro e setenta. Forte. Esbelto. Napoleão atual. Voz de garotinho.

- Olha, eu trouxe algo que talvez você não goste muito. - tentei explicar. Acho que o sonho indigesto havia me feito ficar molenga.

- Duvido. - ele disse com sinceridade. O sorriso esbanjando uns dentes levemente tortos e não menos charmoso por isso. Colocou a mão na minha face e massageou minha maçã esquerda com o polegar.


- Eu estou grávida. - o golpe.

O sorriso esmoreceu. Porque era sempre assim pelo jeito. Nenhum deles me puxava pelos braços. Nenhum deles parecia feliz com a notícia. Era de doer.


- Como assim?


- Um belo dia, eu e você nos encontramos e brincamos de papai e mamãe. - Eu expliquei de forma impaciente.


Ele riu nervosamente. - É sério isso?


A voz dele me irritou. Era o timbre. O deboche. Napoleão estava rindo de mim.


- E por que eu ia brincar com isso?


- Bem, e quem garante que eu seja o pai?

O número da sorte e a busca do pai perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora