Capítulo Seis: A Adoção

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A Adoção no Brasil

Em 2009, a regra de toda adoção passar pela CNA (Cadastro Nacional de Adoção) extinguiu (com algumas raras exceções) de uma vez a adoção consensual, onde a mãe podia escolher o casal que gostaria que seu filho fosse adotado. 

Até meados dos anos 80, o ato de registrar no cartório como seu filho uma criança de outra pessoa chegava a representar 90% dos casos de adoção. Era uma forma de esconder a adoção! (o que faz me lembrar novelas globais)

Os dados do CNA apontam a idade como o principal obstáculo. A preferência é por crianças menores de dois anos. Outra dificuldade é a determinação de que sempre que possível a família deveria adotar o irmão. 

Calcula-se que há 33,9mil interessados em adoção e 6,1 mil crianças cadastradas para adoção. Mas, mesmo assim, devido as restrições a conta não fecha.

Saiba mais: http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/adocao/contexto-da-adocao-no-brasil/adocao-opinioes-dados-e-acoes.aspx

http://www.cnj.jus.br/cnanovo/pages/publico/index.jsf

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Elas estavam em todas as partes. Nas janelas, pelo caminho até o portão, no pátio berrando como se estivessem desesperadas... algumas até mesmo vieram correndo em nossa direção. Quase que eu berro com pavor. Mas, acabei me segurando. Miguel parecia o sol e aquelas coisinhas iam e vinham como planetas presos em sua órbita celestial. Rodando nos próprios eixos ao mesmo tempo que um misto de gases, elementos químicos, água e flores desabrochavam em seus bracinhos e pernas. Eram como se Miguel tivesse adentrado numa selva de galhos e espinhos, por onde ele ia espinhos e plantas se emaranhavam em seu corpo. Puxavam e o arrastavam como se pudessem fazer isso com um padre. No rosto, estava espantado um sorriso alegre parecido com o meu quando sobra grana o suficiente no fim só mês para eu comprar pelo menos três novos pares de sapato.


- Não fique acanhada. Eles não mordem.


Eu duvidava muito disso. Aquelas crianças que cheiravam a terra com loção barata pareciam morder.

- Você não disse que queria saber mais como ser mãe? - ele disse se aproximando de mim. Deixando as crianças para trás. Estávamos num orfanato que ficava a uma quadra da Igreja dele. Era um local administrado pela Igreja dele e pelo o que entendi já estava sem condição alguma de receber mais crianças. Era um casarão branco com telhados laranjas sujos, janelas com grandes de ferro, um parquinho no pátio, uma horta no quintal com direito a um viveiro com coelho. Havia um cachorro velho, gordo e preto sentado na porta que Miguel me disse chamar Cometa. Cometa me olhou com muito desinteressante e voltou a dormir assim que eu cheguei. Isso foi segundos antes de sermos abordados por uma manada de crianças, púberes e adolescentes.


- Não tenho muito tato com criança. - comentei olhando assustada para elas.

Ele riu. - venha. Vamos entrar.

Ele me levou para uma sala, depois de passarmos por um longo corredor e encontramos uma senhora sentada atrás de uma mesa cheia de papéis. Enquanto andávamos até lá vimos algumas freiras pelo caminho.

- Madre Marlene. - ele a cumprimentou e apontou a cadeira para eu sentar. - Essa é Annabelle. Ela gostaria de nos ajudar com o dia da adoção.

- ADOÇÃO? - berrei e os dois me olharam como se eu fosse um ET. Minha mente matutou mil coisas. Por que não pensei nisso antes??? Era tão nítido quanto água límpida e pura, era só ter esse filho e deixar para adoção! Era incrível essa ideia. Eu podia até mesmo desistir da busca! Era uma ideia ma-ra-vi-lho-as.

O número da sorte e a busca do pai perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora