Capítulo Sete: O almoço

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Em 2015, finalmente as mães podem registrar os seus filhos sem a presença do pai.

Conforme o texto, cabe ao pai ou à mãe, sozinhos ou juntos, o dever de fazer o registro no prazo de 15 dias. Se um dos dois não cumprir a exigência dentro do período, o outro terá um mês e meio para realizar a declaração.

Antes da publicação da lei, era exclusiva do pai a iniciativa de registrar o filho nos primeiros 15 dias desde o nascimento. Apenas se houvesse omissão ou impedimento do genitor, é que a mãe poderia assumir seu lugar.

http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/03/31/agora-e-lei-mae-pode-registrar-filho-no-cartorio-sem-a-presenca-do-pai

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O seu corpo era grande em todos os sentidos possíveis. Era o que as pessoas chamam de homem parrudo. Os seus ombros eram largos, suas mãos facilmente cobriam a minha cara toda, ele mantinha os cachos pretos aparados, a barba sempre bem feita, as pernas por algum milagre eram torneadas. Ele literalmente fazia exercícios levantando sacos de farinha. O queixo quadrado, a boca com lábios grossos e os olhos castanhos eram pontos no rosto largo, abaixo de sobrancelhas grossas. A beleza dele não era de capa de revista. Ele tinha uma beleza puxada para o tipo "homem da caverna". O que desagradaria as garotas que gostavam do Ken. Mas, agradariam as garotas que já foram cobertas por um cara grande, totalmente capaz de te levantar pela bunda com uma única mão. E eu garanto que isso faz totalmente a diferença. Nada como um cara capaz de ter usar de peso para fortalecer os braços.

- Eu lavo a louça! - anunciei quando terminamos e caminhei para a pia.


Ele riu. - Você sabe que não te chamo para você lavar a louça.


- Você quer que eu esfregue o seu tanquinho em vez dos talheres. - comentei rindo. Victor riu ainda mais e me abraçou pelas costas. - Precisamos conversar. - Eu me virei para encará-lo. As minhas mãos já estavam ensaboadas.

Ele me olhou com aqueles olhos de pontinhos e as sobrancelhas se unindo. - Está tudo bem?


Qualquer um pensaria em fazer um barraco. Mas, Victor tinha uma doçura de Sherk.


- Vi, estou grávida.


Então, ele foi o primeiro que me mostrou que não existem padrões. Que as pessoas podem ser boas e compreensivas sem que sejam apegadas e queiram colocar um anel no meu dedo. Que me mostrou que há mil formas de reagir a mesma notícia.


Ele me sufocou num abraço apertado. - Que ótimo! Isso é lindo. Vamos cuidar desse pequeno, certo? De algum jeito. - e pôs a mão na minha barriga.


- Eu não sei se você é o pai. - falei apreensiva.


Ele sorriu como se dissesse que já imaginava isso. Seus olhos não ficaram apertados com isso. Na verdade, ele me encarou sem desviar o olhar, mantendo-o como no início, caloroso, sem piscar ou virar os olhos.


- Fazemos um teste de DNA. - disse sem enrolar muito.


- Ok. Obrigada! - eu estava agradecendo pela primeira vez. Meus olhos se encheram de lágrimas. Mas, elas não escorreram.


- Você nem viu a sobremesa ainda. Fiz apfelstrudel. - ele disse segurando o meu rosto e depois beijou minha testa.


Eu ri diante da mudança de assunto. Observei ele se levantando e pegando uma bandeja com tampa sobre a mesa, ele levantou a bandeja assim que seu olhar se encontrou com o meu e disse ao mesmo tempo:

O número da sorte e a busca do pai perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora