4 - A dura realidade

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Tristeza, dor, sofrimento, perda, ódio... O futuro próximo não estava parecendo muito agradável. O Oráculo fechou os olhos novamente, apoiando seu cotovelo direito sobre o braço esquerdo, segurando suas têmporas com os dedos. Dessa vez, ele imaginou o futuro mais distante. As imagens passavam demasiadamente rápido por sua mente, sem poder focar em detalhes e consequências exatas. Isso era uma novidade bem recente, já que geralmente suas visões eram claras e definidas. Ele parou e se concentrou, definindo exatamente quais atitudes iria tomar. Com isso, o futuro próximo se formou em sua mente. Era exatamente o que ele havia planejado.

Ele tentou, então, focar no futuro mais distante. Novamente as imagens não estavam claras, mesmo tendo determinado o que seria feito. Isso era relativamente animador, já que o usual era sempre ver o apocalipse e destruição de Kairos. O quebra-cabeça ainda estava no início, com várias peças soltas espalhadas pela mesa. Tentar encaixá-las agora não seria fácil ou adequado. Não iria ajudar em nada na imagem que estava formando-se com o que havia sido montado.

Porém, algumas peças estavam encaixando-se. Outras se aproximavam e logo iriam entrar no jogo. Aestus e Orkan já eram uma combinação pronta, mas o acréscimo de Spes ao tabuleiro renovou tudo. As variáveis precisam ser controladas e postas no sentido correto. Esse próximo turno seria ousado, a primeira grande intromissão na história dos nossos heróis. Obviamente várias intromissões foram feitas anteriormente, por baixo dos panos, de maneira individual, no entanto. Dessa vez era diferente. Era algo mais pessoal, direto. Por conta disso, era muito mais arriscado. Mas, é como dizem: só se ganha alto quando se aposta muito.

O Oráculo, ainda de olhos fechados, verificou se ele mesmo estava preparado para dar conta dessa empreitada. Ele sentia seu poder mágico em plenas capacidades, sua força física estava elevada, sua resistência estava acima da média. Ele poderia até mesmo conjurar qualquer entidade que quisesse nesse momento. Há muito tempo ele não usava seu poder por completo dessa maneira. Seria bom para tirar a poeira de várias habilidades que ele não usava. Isso o deixava animado, pelo menos enquanto ele não pensava nas consequências que estavam por vir.

Ele respirou fundo e abriu os olhos. A realidade o atingiu como um soco no plexo solar. Havia chegado a hora de moldar o futuro.

 Havia chegado a hora de moldar o futuro

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A clínica estava quase fechando. Janis já estava organizando todos os materiais de diagnóstico. Keun já havia ido buscar os filhos no colégio fazia um tempo. Spes terminava de atender os últimos pacientes do dia: uma mãe havia trazido o filho com sintomas de envenenamento. O Mago se ajoelhou e entregou um pirulito para a criança, que o abraçou em seguida, agradecendo. Agora era só ir para casa e torcer para que não tivesse qualquer caso de emergência. Spes se despediu dos dois pacientes e fechou a clínica, desligando o sinal luminoso da entrada. Ele foi até o consultório onde Janis estava, espreguiçando-se, causando uns estalos relaxantes em sua coluna. Ela estava sentada em frente a uma mesa, organizando papéis, bocejando.

A sala era muito bem iluminada, contando com equipamentos modernos, uma maca para exames em canto e uma mesa branca comprida logo ao lado da porta. Os equipamentos eram raramente usados, pois os Magos conseguem examinar um paciente adequadamente somente usando seus poderes. A potente iluminação, no entanto, ajudava a observação de diferentes tipos de ferimentos ou reações que os pacientes apresentavam. As plantas para decoração, que eram abundantes, contrastavam com o minimalismo do restante do consultório.

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