6 - Uma incursão perigosa

142 70 47
                                    

Dentro do imenso complexo, o tempo parecia passar em um ritmo diferente daquele do mundo externo. Por estar em constante funcionamento, dia e noite se mesclavam sem qualquer distinção. O fato de que havia muitos andares subterrâneos, sem janelas para o exterior, contribuía para esta sensação de isolamento e anacronismo. Baruc se orgulhava muito do colosso que havia construído em Reganta. A sede de seu império havia sido construída em uma região periférica da capital, mas, com o crescimento e expansão da cidade, agora se situava em um bairro populoso e movimentado, próximo de grandes outras empresas e prédios modernos que se imiscuíram nos entornos da imensa construção.

Por mais que o estilo externo do prédio não contrastasse com os demais, apresentando um acabamento funcional e minimalista, seu tamanho era incomparável. Todo o complexo abrangia muitas quadras, imponente. Havia até se tornado um ponto turístico, oferecendo uma visão extraordinária em passeios aéreos. Visitas guiadas eram realizadas em seu interior, onde alunos e visitantes podiam conhecer um pouco do funcionamento da empresa e da história de seu fundador.

Baruc estava em um dos andares subterrâneos, apoiado em um guarda-corpo feito de vidro e metal, assistindo a treinamentos de seus soldados. De onde estava, era possível ver vários andares, possuindo diferentes salas com variadas finalidades. Em algumas delas, havia aparelhos de ponta para diferentes situações, como alvos holográficos que simulam inimigos em movimento e arenas de combate. Em outras, Magos e Bruxos testavam seus limites, usando feitiços e magias quase que ininterruptamente.

Todos os soldados vestiam o mesmo uniforme preto e vermelho, formando um exército impecável e indistinguível. Os únicos detalhes que variavam eram os nomes presos ao peito e insígnias colocadas no braço, indicando a qual Classe o soldado pertencia. Essas partes das vestes, no entanto, eram removíveis, permitindo o anonimato se a situação exigisse, já que, fora do complexo, todos usavam as famigeradas máscaras prateadas que tampavam seus rostos. Os soldados Minatis eram os únicos facilmente discerníveis entre os outros, devido à baixa estatura.

Estes andares de treinamento eram proibidos de serem visitados, exclusivos para soldados e seguranças, proibido até mesmo para funcionários de outros setores. A compartimentalização era essencial para um funcionamento sem falhas de todas as operações da empresa. Isso, em particular, era levado muito a sério por Baruc.

Enquanto ele assistia ao treinamento, absorto em seus pensamentos, um soldado alto e forte, de cabelos castanhos bagunçados se aproximou. Ele tinha uma insígnia em seu braço direito indicando se tratar de um Lutador. O soldado, então, o abordou, com um tom solene em sua voz:

— Com licença, senhor. — Isto fez com que Baruc se voltasse para o soldado, com um sorriso sereno em seu rosto. — A leva de novatos deste ano acabou de chegar.

— Ah, era hoje? Desculpe-me, eu ando meio aéreo por esses dias. Nem me lembrava, — e Baruc se voltou novamente para assistir aos treinamentos que aconteciam em andares inferiores. — Você se lembra de quando você chegou aqui, Ariom? Você é de uma das primeiras turmas de soldados. Faz muito tempo.

Ariom relaxou sua postura, ficando ao lado de Baruc, apoiando-se também no guarda-corpo, porém olhando para o ar.

— Eu me lembro, sim. Como se fosse ontem. O tempo passou rápido demais, — e Ariom ficou em silêncio por algum tempo, em reminiscências. — Eu não consigo me imaginar fazendo outra coisa, sabia? Muito obrigado por tudo que me proporcionou.

— Ora, não tem por que agradecer, rapaz. Fico feliz de verdade em ter pessoas fantásticas como você ao meu lado. Não é à toa que você é meu braço direito.

Baruc olhou com orgulho para o homem, com um sorriso paternal em seu rosto embaixo de seu bigode grisalho, seu rosto marcado por algumas rugas que a idade sempre traz.

Os Guerreiros do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora