2 - Um teste de habilidade

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Hiner começou o dia como sempre: levantou da cama cedo, fez alguns exercícios em casa e preparou o café da manhã. Uma panqueca de banana e um suco preparados na hora. O segredo do sucesso eram rotina, treino e planejamento, ele sempre dizia. A parte do treino e planejamento ele tentava manter em dia, mas a rotina iria se tornar difícil dali pra frente.

Ele olhou o calendário que estava sobre a geladeira. Os próximos cinco dias estavam todos circulados. Ele nem precisava ter marcado esse lembrete, as datas estavam marcadas em sua memória como uma cicatriz, mas Hiner tinha uma atração pelo drama. Qual a graça de fazer algo se não puder ser um espetáculo?

O cheiro da panqueca o acordou de suas maquinações. Hiner a virou com uma espátula, ajustando a temperatura do cristal de fogo. Essa era uma boa analogia dos seus planos. Controlar a intensidade das suas ações, mudar o lado das pessoas envolvidas, ajustar o preparo de acordo com a situação... Tudo a seu tempo, manipulando as pessoas certas. O uso de violência, por mais que não fosse de seu agrado, seria necessário. Ele acabaria matando algumas pessoas no trajeto, mas era um preço que ele estava bem disposto a pagar. Não era como se ele nunca tivesse matado alguém antes.

Hiner terminou sua refeição e permaneceu sentado. Seu reflexo na janela o fez lembrar que ele já não era tão jovem. Sua barba cerrada e cabelos pretos penteados para trás davam um ar de seriedade, enquanto seus olhos verdes brilhavam tanto quanto sua acuidade mental. Hiner era uma pessoa atraente, com uma pele levemente bronzeada e um sorriso convidativo. Mas poucas pessoas o viam de perto, já que ele era extremamente recluso. Era o único modo de viver, já que Hiner era procurado por toda Kairos, com uma rica recompensa pela sua captura.

Hiner era a pessoa mais conhecida de todo o planeta, atrás somente de Baruc. Enquanto um era conhecido pelas suas invenções revolucionárias, tecnologias inovadoras e benfeitorias a toda a população, o outro era quase um ser mitológico. Nada se sabia ao certo sobre a origem de Hiner, mas as estórias contavam que se tratava de um Bruxo das Trevas extremamente poderoso, capaz até de manipular a energia dos cristais e Criaturas. Moradores de diferentes cidades contavam que ele aparecia aleatoriamente, atacando a população, sem motivo aparente.

Hiner olhou novamente para o calendário, levantando-se rapidamente. Ele terminou de se arrumar, antecipando todo seu planejamento diário. Ele colocou a mão na maçaneta da porta, fechou os olhos e disse:

— Aestus e Orkan, espero que estejam preparados para mim.

Aestus acordou no horário habitual, bem cedo, deitado de barriga para cima, abrindo seus olhos lentamente

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Aestus acordou no horário habitual, bem cedo, deitado de barriga para cima, abrindo seus olhos lentamente. Seu quarto estava uma penumbra agradável, até dava vontade de continuar dormindo. Mas, mesmo que quisesse, Aestus era uma pessoa de costumes rígidos, não sendo capaz de dormir um minuto a mais. Ele não se levantou, no entanto, repassando os acontecimentos da noite anterior na sua mente. Sua amizade mais antiga havia acabado e por sua culpa.

Ele se virou de bruços, colocando seu travesseiro enorme sobre sua cabeça, como se pudesse abafar seus pensamentos. O silêncio do seu quarto contrastava com a balbúrdia que eram seus pensamentos, sua culpa. Realmente achava que iria "consertar" Orkan, que iria "salvá-lo". E ele foi desmascarado ontem, da maneira mais estúpida. Orkan conseguiu ler suas atitudes em um instante. E ainda atribuiu tudo isso à morte de seus pais.

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