Os Guerreiros do Destino

11 - Custe o que custar

O sucesso era algo com o qual Hiner não estava acostumado. Desde pequeno, a vida o entregou provação atrás de provação. Seus pais morreram quando ele ainda era muito jovem. Sua infância foi passada em um orfanato simples, onde o alimento era pouco. Foi manipulado e explorado durante a adolescência. Terminou abandonado e sozinho, pouco tempo depois de alcançar a maioridade. Tendo descoberto a verdade sobre Baruc, vendo pessoalmente tudo do que ele era capaz, Hiner prometeu a si mesmo que não iria descansar enquanto todos soubessem o monstro que aquele homem era.

Ele começou realizando alguns ataques a pessoas, cidades e caravanas, porém sempre com alvos específicos, na tentativa de diminuir o poder e influência de Baruc. Sua reputação já estava manchada mesmo, desde o incêndio que ele causou ainda adolescente, matando várias crianças. Por isso ele não se importava mais com o que as pessoas pensavam dele, fazendo o que tinha que ser feito para alcançar seus objetivos, mesmo que algumas pessoas pudessem morrer. Essa tática imprudente, no entanto, saiu pela culatra. Como sua identidade e paradeiro eram um mistério, imitadores e aproveitadores cometiam atos de violência pelo mundo que, depois, eram atribuídos a Hiner. Baruc se aproveitou disso várias vezes, atacando concorrentes e inimigos e colocando a culpa no grande vilão da sociedade. Um bode expiatório é sempre muito útil.

Agora, o Bruxo agia não só para defender sua honra e seu nome, mas também para acabar com esses absurdos. Só de imaginar que, em breve, ele teria que fazer uma aparição pública e confrontar Baruc diretamente, seu coração saltava. Mas uma coisa de cada vez. Sua preocupação no momento era garantir que os cinco Guerreiros do Destino chegassem sãos e salvos no outro continente, buscando a última peça do quebra-cabeça. Desta vez, diferente do que aconteceu em Foscor, ele não precisou guiar seu pequeno rebanho na direção certa. Por si só, eles conseguiram ganhar a confiança dos Magnors e, bem facilmente, também foram convencidos a investigar a situação dos Reptoides.

Hiner estava surpreso por tudo ter dado certo. Não pelo resultado em si, pois isso tudo já estava às claras nas profecias, mas sim pelo modo como tudo ocorreu de maneira fácil e natural. O problema ia começar quando eles chegassem do outro lado do oceano. A única informação que ele tinha, que pudesse ser de ajuda para eles, era um nome: Anala.

O outro continente, ou continente antigo, como também era chamado, ficava a oeste e ocupava uma área maior que sua contrapartida no lado leste. Um dos motivos por não ter sido colonizado e habitado foi devido às suas condições climáticas não muito favoráveis. Sua porção norte tinha um terreno muito montanhoso e frio, com grande cobertura de gelo e neve. Também possuía uma floresta fechada e gelada, com um número muito grande de Criaturas perigosas. Já a metade do sul era dominada por um terreno árido e quente, com um deserto extenso e infértil.

Mesmo assim, os Reptoides sempre habitaram esse lado do mundo, preferindo o isolamento. Por conta disso, diversas lendas e teorias surgiram a respeito deles, originando-se no imaginário popular, geralmente assustadoras e tenebrosas. Alguns diziam que eles eram extremamente violentos, resolvendo suas desavenças em batalhas sangrentas até a morte. Outros contavam que todos aqueles que viajavam até lá morriam assim que pisavam nos territórios deles, tendo sua carne e suas vísceras devoradas ainda cruas. Contava-se até que os Reptoides nem viviam em comunidades, agindo como guerreiros bárbaros e solitários, com forte domínio territorial. Tudo, no entanto, sem qualquer evidência, baseando-se em conversas passadas de geração em geração, sendo aumentadas e modificadas cada vez que eram recontadas.