1 - As engrenagens começaram a rodar

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O Oráculo despertou de mais uma de suas visões. Ter o poder de vislumbrar o futuro era um fardo constante, que precisava ser filtrado e controlado. Nem tudo precisava ser previsto, nem toda escolha era potencialmente relevante. Mas essa era uma visão pela qual o Oráculo ansiava por muito tempo. Agora que a previsão finalmente ocorreu, ele não sabia se estava pronto para lidar com suas consequências.

Ele estava sentado, com os cotovelos apoiados em seus joelhos, massageando as têmporas com os dedos. Sua cabeça não doía, era apenas um ato para tentar espantar os pensamentos ruins. Mesmo com uma aparência exterior confiante, internamente ele tinha sempre medo de não conseguir colocar seu plano em ação. O fato de ninguém saber que ele tinha o poder da premonição também não ajudava.

O futuro não era predeterminado, como muitos pensavam. Cada ação, por menor que fosse, poderia mudar drasticamente os acontecimentos que estavam por vir. Por esse motivo o Oráculo sofria com a pressão: só ele era capaz de determinar o que iria acontecer.

O Oráculo se levantou e começou a andar, pensativo. E se ele simplesmente desistisse? E se ele mostrasse para o mundo que ele era o Oráculo? E se ele contar para uma pessoa de confiança? A cada pensamento desses, as consequências de cada ato se materializavam em sua mente. Nenhuma era boa. Os Cristais do Poder sempre caindo nas mãos erradas.

O jeito era manter o plano original. O Oráculo suspirou profundamente. Os Guerreiros do Destino estavam fadados a se encontrar. As engrenagens começaram a rodar.

A luz do sol entrava pela janela, junto de uma brisa leve

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A luz do sol entrava pela janela, junto de uma brisa leve. As cortinas brancas balançavam silenciosamente, fazendo uma dança discreta. Orkan estava deitado em sua cama, sem saber ao certo se estava fingindo ou tentando voltar a dormir. Chegou finalmente o dia pelo qual estava esperando. Ou seria pelo qual temia? Nem ele sabia ao certo. Uma mistura dos dois talvez. A qualquer minuto Aestus chegaria para chamá-lo. Às vezes a empolgação de seu amigo o cansava, mas Aestus era um bom amigo. O único que não o abandonou quando a Classe de Orkan se manifestou.

Orkan se revirou na cama, tentando não pensar nisso. Não é como se ele pudesse fazer algo a respeito. E ele sempre foi um homem independente, que não se importava com a opinião dos outros. Nem de sua família, se é que ele ainda podia chamá-los disto. A realidade é que Orkan, no fundo, não sabia se iria dar conta das mudanças, acabando por comprovar o que todos diziam.

"Você é um inútil."

"Qual a utilidade de um Ladino?"

"Desde quando conseguir roubar é considerado uma habilidade?"

"O que vão falar quando descobrirem sua Classe?"

Orkan ouvia essas frases ecoando em sua mente, praticamente todo dia. E ele temia que não fosse capaz de conseguir provar o contrário. Mas, olhando de fora, ninguém dizia que esses eram seus pensamentos. Orkan era, ao menos externamente, um Ladino típico. Alto, esguio, ágil e muito marrento e debochado. Seus cabelos loiros levemente ondulados, repartidos ao meio, combinavam com seus olhos azuis, quase verdes. Sua rapidez nas ações, no entanto, nem sempre condiziam com seu raciocínio, que poderia ter um pouco mais de agilidade.

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