5 - A cidade que nunca acorda

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O dia estava nublado, com muitas nuvens brancas obstruindo a luz do sol intermitentemente. Hiner observou o céu, analisando a probabilidade de chuva. Pela aparência, não seria um dia chuvoso. O Bruxo estava se sentindo feliz e contente. Talvez até orgulhoso. Seus planos estavam funcionando bem, como o esperado. Aestus e Orkan seguiam viagem, acompanhados do Mago irritante. E eles ainda não desconfiavam de nada, sem qualquer noção de que faziam parte de um grande plano.

O vento aumentou subitamente, balançando as vestes do Bruxo. Ele não aguentava mais ter que usar disfarces e roupas estranhas. Ter que andar escondido, viajar sozinho, se mover pela escuridão. Ele havia se acostumado a viver sempre de maneira inconspícua, mas os últimos acontecimentos mudaram muito sua rotina, causando inquietação. Nada poderia o preparar por tudo o que viria, nem mesmo sua mente aguçada e imaginação fértil. Toda a informação privilegiada que ele angariou consistia em alguns nomes, lugares, datas... Foi necessário ter muita criatividade para ligar os pontos e montar um planejamento, um cronograma para seus planos darem certo.

O ataque a Silvi, por mais que tenha sido irresponsável, absurdo e desleixado, funcionou perfeitamente, tanto para Baruc quanto para Hiner, inesperadamente. A casa sempre ganha, então a vitória de Baruc era inevitável e muito mais notável. Todas as minas da região agora estavam sob seu comando, ganhou a admiração dos Lagomorfos, conquistou o temor de qualquer opositor. No entanto, os ganhos de Hiner eram muito mais promissores, por mais sutis e imperceptíveis que tenham sido. Era necessário que ele soubesse jogar com as cartas que havia recebido. Ele passou a mão no rosto, sentindo um pouco de insegurança, algo que ele não sentia há anos. Tantas variáveis estavam fora de seu comando, necessitando muita antecipação e improviso.

Seu maior desafio seria lidar com sua infâmia, no momento certo. Ele não poderia, ou até mesmo conseguiria, permanecer incógnito e escondido para sempre. Ainda mais agora, que sua intervenção estaria sendo cada vez mais direta e arriscada. Sentindo um ataque de pânico se iniciando, Hiner respirou profundamente, prendendo a respiração momentaneamente e soltando o ar lentamente. Ele repetiu esse exercício algumas vezes, mantendo o controle. Sua autoconfiança estava abalada, com medo do que o destino guardava.

Depois de recuperar a calma, Hiner pensou mais claramente a respeito dos dias que estavam por vir. A sua próxima aparição seria em Foscor, realizando um ataque, dependendo de alguns fatores. Quantos Minatis poderiam morrer? Não muitos, ele esperava. Talvez nenhum, se tudo desse certo. Ele se arrepiou ao lembrar do que aconteceu em Silvi, que mais pareceu uma mostra de poderes e destruição desordenada. Esse novo ataque seria direcionado, certeiro. Ele, na verdade, só precisava se preocupar com apenas um alvo. Ele repetia seu nome em sua mente, reiteradas vezes, finalizando com o pensamento:

"Ah, espero que seja um encontro memorável, jovem e ingênua Hadria."

— Tá muito longe ainda? — Orkan perguntou pela terceira vez, sendo ignorado pelos outros dois

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— Tá muito longe ainda? — Orkan perguntou pela terceira vez, sendo ignorado pelos outros dois.

Os três amigos andavam, cada um no seu ritmo, quase alcançando o limite oeste da floresta que circundava Silvi. A temperatura estava amena, com ventos fortes e praticamente constantes. Mesmo nublado, o dia estava claro e bonito. Aestus estava carregando uma mochila marrom grande, contendo alguns pertences de Spes, além dos seus. O Mago também estava com uma mochila, porém menor e verde-escura. Orkan estava mais à frente, tendo sempre que parar e esperar pelos outros dois, mais lentos. A caminhada pela floresta estava sendo vagarosa, com muitos trechos em aclive, fazendo com que a viagem começasse com pouco rendimento. O grupo encontrou várias Criaturas no caminho, que foram derrotadas facilmente, com exceção de um grande Lagarto Venenoso. Eles preferiram deixar essa Criatura em paz, desviando de seu caminho.

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