CAPÍTULO 28| See you soon

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O pequeno apartamento mobiliado tinha um ar vintage e nostálgico para ela. Após procurar muito encontrou ele, que ficava próximo de onde dava aulas e próximo do centro da cidade, o que facilitaria muito sua vida nos próximos seis meses em que moraria ali.

A ideia era simples: juntar dinheiro suficiente para continuar viajando pela Europa e conhecendo outras culturas.

Embora tudo ali fosse antigo, desde a cama até as porcelanas do banheiro, havia muito cuidado com cada móvel, que ela certamente manteria em perfeito estado.

Naquela belíssima manhã de segunda a Romano mais jovem se deu ao luxo de tomar café em uma cafeteria chique do centro, dessas que servem cafés diferentes com chantilly e pratos com salmão fresco para acompanhar caso quisesse.

Colocou um vestido azul claro não muito curto que marcava bem sua cintura voluptuosa, uma camisa branca larga por cima apenas para não mostrar demais os ombros, maquiagem leve e acessórios dourados deram o charme que faltava, além do cabelo preso em um coque alinhado, porém não totalmente preso permitindo alguns fios caírem na face delicada da jovem.

No caminho até o local percebeu alguns olhares diferentes sobre si e sentiu-se estranhamente bem com alguns, porém desconfortável com outros. Havia pouco tempo que sua autoestima havia começado a ressurgir e ainda não se sentia totalmente confiante em mostrar seu corpo, mas era um processo lento e ela sabia disso.

Ao chegar buscou pela melhor mesa, fez seu pedido e aguardou. Seria uma ótima semana, uma ótima segunda-feira, tudo estava correndo de acordo com o plano... até um "Teacher Sefi" chamar sua atenção.

Teve tempo apenas de ver o jovenzinho correr em sua direção antes de atingi-la em cheio com um abraço que a fez rir.

— Adrian! — chamou, acariciando as costas do garotinho — Que surpresa te ver aqui.

Seus olhos, que estavam focados no chão, avistaram um par de tênis pretos e subiram devagar até encontrar o rosto familiar do pai da criança. Ele estava diferente.

— Desculpa, ele não costuma correr pra abraçar ninguém — disse Jonas calmamente com um sorriso discreto nos lábios.

Assim que a criança a soltou Per levantou-se, ainda tendo Adrian quase colado a si: — Imagina, adorei o abraço.

O silêncio pairou entre os dois, os olhares cruzados deixavam uma tensão no ar.

— Será que nós podemos... — pediu ele, indicando os lugares vazios à mesa.

— Claro! Fiquem à vontade.

Apenas uma pequena mudança nos planos.

— Costuma vir muito aqui? — perguntou o rapaz, apoiando seu copo de isopor na mesa.

Adrian estava agora lendo um livro que ela não soube distinguir qual era, apenas entendeu que se tratava de informática. Era impressionante uma criança da idade dele se interessar por esse tipo de assunto.

— Ahn... na verdade é a primeira vez. Acabei de me mudar, então achei que merecia comemorar.

— Comprou um apartamento? Isso é ótimo.

— Aluguel. Um bem pequeno na rua de cima. Ele é lindo.

— Sei, essa é a parte antiga da cidade, tem locais bem bonitos.

— Uhum.

O clima ainda não estava muito bom e Jonas sabia bem o motivo. Sabia também que tinha sido um completo idiota e precisava se desculpar devidamente, porém no exato momento em que abriu sua boca a atendente aproximou-se com seus pedidos: seu sanduíche de camarão com molho especial, as torradas de Adrian, o cappuccino cremoso e as panquecas com molho azedo de Perséfone.

Seu filho deu a primeira mordida na torrada, mostrando uma feição de satisfação com o sabor, já a dama a sua frente apenas bebericou um gole da bebida quente, mantendo-se concentrada em sua criança.

— Acho que, a essa altura, já sabe da condição dele.

As palavras chamaram sua atenção, então ela assentiu: — Desde o primeiro momento.

— E como foi o desempenho dele na aula?

— Ele é uma criança muito inteligente, não interagiu muito, mas soube responder tudo corretamente.

— Você fala com calma... eu gosto — disparou o garoto, logo voltando a se concentrar nas páginas de seu livro.

Jonas esboçou um sorriso satisfeito.

— Certo. Garotão, eu volto rapidinho, vou só pagar nossa conta. Tia Sefi vai te fazer companhia.

Perséfone não sabia dizer o quão contente estava por Adrian se mostrar tão satisfeito com sua postura em sala de aula. Não se considerava a melhor professora, mas sempre fez de tudo para ser clara ao ensinar.

Estava encantada pelo garotinho, era quase como se quisesse ser seu porto seguro.

— Não vai comer? — perguntou ela, o analisando.

A criança saiu de seu mundo literário e a encarou, depois encarou as torradas, intocadas no prato. Suas sobrancelhas arquearam, como se houvesse esquecido delas, então pegou uma e deu uma grande mordida. Enquanto mastigava um sorrisinho iluminava seu rosto naturalmente bronzeado.

— Vamos, filhão, não pode se atrasar para a primeira aula — chamou Jonas, sendo prontamente obedecido pela criança.

— Te vejo na aula, Adrian.

— See you soon! — corrigiu ele, partindo para outro abraço de urso.

Perséfone riu, retribuindo.

Após ficar sozinha, se deu conta de que também iria se atrasar se não fosse rápida. Sequer tocou em suas panquecas, mas conseguiu finalizar seu cappuccino cremoso.

Pediu para que embrulhasse para a viagem e, ao se dirigir ao balcão, foi informada de que o rapaz que a acompanhava havia deixado tudo pago. Obviamente foi pega de surpresa, mas não reclamaria do gesto. 

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