CAPÍTULO 30| Encontro

22 6 1
                                    


Há quase um ano Jonas passou a sentir a necessidade de estar num relacionamento. Adrian não perguntava muito sobre a mãe, mas imaginava que, em algum momento, ele sentiria falta de uma figura materna por perto.

Pensando nisso, começou a marcar encontros pela internet com mulheres desconhecidas.

Tudo corria bem até o assunto "filho" ser a pauta. As que não se importavam acabavam pulando fora quando o assunto "filho com necessidades especiais" vinha à tona. Ele era jovem, tinha uma ótima profissão, casa própria e sua família era famosa no ramo da medicina, mas isso não parecia ser o suficiente.

O jovem tentou até namorar com uma colega de trabalho, a doutora Sara, mas não durou mais que dois meses. Ela era muito metódica, mandona e tratava Adrian como um bebê.

Jonas estava cada vez mais convencido de que passaria o resto de sua vida sendo o pai de Adrian, mas nunca o namorado ou marido de alguém. Até conhecer ela.

Perséfone era a mulher mais gentil, doce e corajosa que havia conhecido, além de saber lidar perfeitamente com seu filho, que parecia gostar de tê-la por perto.

O único problema ali era o receio que tinha em se envolver com a professora e babá de seu filho. O que pensariam dela? Além do mais, ela era mais nova que ele. Apenas dois anos, é verdade, mas ela ainda tinha tanto para viver sem o peso de uma criança nos ombros.

Não que não amasse demais o seu filho a ponto de abrir mão de viagens e curtição, mas sentia falta de não ser responsável o tempo todo.

No primeiro mês em que a teve como babá de Adrian as coisas foram... diferentes. Queria simplesmente chamá-la para um jantar, mas seus horários não batiam, sempre havia um motivo muito bom para que seguissem sendo apenas chefe e funcionária. Claro, conversavam minutos antes de ela deixar sua casa, mas apenas sobre o dia de seu filho. Até chegar o momento de desistir de tentar e aceitar que nada poderia surgir dali, nem um mísero sentimento.

Foi então que o destino pareceu realmente querer os dois juntos. Naquele domingo Jonas estava de folga, então aproveitou para levar Adrian para a casa de seus pais no campo, já que o pequeno passou a perguntar sobre eles e dizer que sentia saudades.

Na sexta-feira anterior Perséfone resolveu finalmente aceitar seu convite para beber algo que não fosse suco, então seria um ótimo momento para se conhecerem e conversarem sobre outros assuntos.

— Garotão, se comporta, tá bem? Obedece seu avô e cuida bem da vovó.

Adrian sequer parecia preocupado em ficar sem ele, o que era bom naquele momento. Assim sendo, ele seguiu de volta para seu apartamento a fim de se arrumar para a noite. Era meia hora de viagem até seu apartamento. Jonas não sabia como a noite poderia terminar, por isso se preveniu e arrumou a casa toda, principalmente o quarto. Quando se deu conta já eram quase seis da noite e havia marcado de buscar Perséfone às sete e meia.

Tomou um banho rápido, vestiu uma camiseta cinza sem estampa, calça jeans preta e um blazer também preto combinando perfeitamente com o old school tradicional. Queria aparentar ter sua idade real, não a que imaginavam ter.

Estava tudo pronto para a noite.

Seu Porsche branco o levou até o endereço da jovem, onde a esperou recostado em seu carro e, puta merda como ela estava linda.

O vestido vermelho de camurça com alças finas e decote a transformou na mulher mais sexy da Itália, combinado com suas sandálias brancas amarradas nos calcanhares e o cardigã de lã fina branco que usava para cobrir seus ombros faziam com que qualquer outra mulher fosse totalmente ofuscada.

— Uau, você está... — suspirou, tentando achar palavras — uau!

Ela riu, ligeiramente envergonhada.

— Fiquei com medo de exagerar. Você também está... uau.

Jonas não demorou em abrir a porta do carona para que a deusa da beleza entrasse, seguindo para o lado do motorista em seguida.

Apenas alguns minutos depois estavam sentados em uma espécie de barzinho. Não era nada sofisticado, mas era agradável e tinha bebidas muito boas.

— ... E era medicina ou dar certo como jogador de futebol, mas... — ele deu de ombros — O negócio da família falou mais alto.

— Não consigo te imaginar correndo atrás de uma bola — riu ela.

— Como jogador eu sou um ótimo clínico geral.

Os dois caíram na gargalhada e, em um gesto espontâneo, suas mãos se tocaram sobre a mesa. O olhar de Jonas encontrou o dela, suas mãos terminaram de se enlaçar e seus rostos se aproximaram mais um pouco, quase se tocando.

— Sua irmã não vai mandar me bater se eu te beijar agora, vai?

Perséfone riu baixinho: — Nossa irmã não tem direito nenhum de interferir em nossas vidas, tem?!

— Nem um pouco, mas sabe de uma coisa? — seu tom era quase sussurrado devido a proximidade — Não me importaria de apanhar se fosse você a cuidar de mim depois.

Per abriu um sorriso com a resposta, erguendo o rosto de forma convidativa. Os lábios de Jonas tocaram os seus em um beijo delicado e sutil, enquanto suas mãos habilidosas tocavam o rosto macio da jovem. A noite estava começando a ficar perfeita, mas como nada na vida do médico era simples, seu telefone começou a tocar de maneira escandalosa no bolso do blazer. Era o toque destinado às ligações de Adrian, então não pode simplesmente ignorar.

— Me desculpa, mas eu preciso atender essa.

— Tranquilo, vai lá.

O homem levantou-se e foi para o lado de fora do bar, onde havia bem menos barulho.

— Filhão? Está tudo bem aí?

Jonas, sou eu — a voz de Nick do outro lado da linha o surpreendeu — Sua mãe está indo para o hospital, estou levando Adrian comigo. Nos encontre lá.

— O quê? Pai, o que aconteceu?

Desculpe atrapalhar sua noite, filho. Nos vemos no hospital.

Desesperado e apressado, Jonas retornou para o interior do estabelecimento, indo até sua acompanhante com uma cara não muito boa.

— Per, me desculpa, mas é urgente.

Imediatamente a mais nova levantou-se, pegando seu cardigã e sua bolsa apressada. Só de imaginar que algo havia acontecido com Adrian seu coração já quase saltava do peito.

— É o Adrian? Ele está bem?

— Não... quer dizer, sim, ele está bem, não foi ele quem ligou. Meu pai está com ele, então indo para o hospital. Minha mãe... — respirou fundo, quase chorando ali mesmo.

— Eu entendi — a jovem deixou algumas notas de euro sobre a mesa, seria o suficiente para pagar o que consumiram e ainda deixar de gorjeta — Vamos.

— Não precisa ir comigo, eu te deixo em casa.

— Nem pensar — garantiu, o levando pela mão — Vamos logo, é urgente. 

RomanoOnde histórias criam vida. Descubra agora