CAPÍTULO 32| Semáforo

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Embora a noite não tenha sido como imaginavam, ainda assim foi ótima.

No meio de todas as carícias, beijos e amassos, ambos decidiram que aquele não era o melhor momento para dar um passo tão grande.
Jonas queria apenas conhecê-la melhor, já Perséfone estava cansada de se sentir uma mulher fácil para qualquer homem, já que os dois últimos decidiram que não a queriam mais logo depois de comê-la como uma vagabunda.

Dormiram na mesma cama após ela se recusar a permitir que ele dormisse no sofá, e vice-versa, mas nada além. Jonas era cavalheiro demais para tentar.

Pela manhã, enquanto Per sequer havia aberto os olhos, sentiu uma presença no quarto que a fez despertar abruptamente, dando um pulinho entre os braços de Jonas, que a envolvia.

— Adrian... — murmurou — Que horas são?

— Hora de ir pra escola. Você vai ser minha mãe?

A pergunta do garotinho foi tão direta que a fez sair rapidamente dos braços do pai da criança para levantar-se.

Sem saber como reagir, a única coisa que conseguiu responder foi: — Ahn... você quer que eu seja?

Ele permaneceu encarando com os lábios curvados em um sorriso singelo. Ela não conteve o riso.

— Tá com fome? Quer que eu te prepare torradas?

— Com leite gelado?

Novamente ela riu: — Sim, com leite gelado.

[...]

Minutos mais tarde Jonas finalmente se levantou, totalmente perdido ao perceber o quão tarde já era.
Vestiu a primeira camisa que encontrou no armário, pegou as mesmas calças da noite anterior e colocou seu sapato de borracha na mochila.

Estava pronto para chamar por Adrian quando chegou à sala e deu de cara com a cena: Perséfone usando sua camiseta e sua samba canção, com os cabelos presos, rindo e entregando um copo de leite para seu filho.
Não soube bem o que sentiu naquele momento, mas foi bom. Seu corpo todo se arrepiou e não pôde evitar de sorrir.

— Uau, que ótimo jeito de começar o dia — disse Jonas, se aproximando — Será que eu ganho um café também?

Perséfone tentou disfarçar o quão envergonhada estava, mas suas bochechas a entregaram.
Jonas depositou um beijo em seu rosto antes de se sentar junto à mesa.

— Vai deixar a gente mal acostumado — comentou ele — Não que isso seja ruim.

— Ah, para... é só um café. Vocês inflam muito o meu ego.

— A torrada é gostosa — comentou Adrian.

— Viu só?

[...]

Após deixar seu filho na escola foi a vez de Perséfone. Ela com certeza não poderia dar aulas usando um vestido curto, por isso a deixou em casa para trocar de roupa.

— Quer que eu te espere pra levar até a escola? — perguntou ele.

— Você é um doce, mas não precisa. Já foi abuso demais dormir na sua casa. Além do mais, você vai se atrasar muito.

— Ah, vai dizer agora que não gostou de dormir comigo? — brincou ele.

Perséfone sentiu o rosto esquentar: — Eu adorei dormir com você — confessou — E adorei tomar café com você e o Adrian.

— Então... isso significa que vamos fazer isso mais vezes?

Ela sorriu, assentindo com um aceno de cabeça.

Animado, Jonas inclinou levemente o corpo na direção da jovem, aproximando seus rostos. Perséfone fez o mesmo movimento e selou seus lábios sem pressa.

— Uh, isso é bom demais... — murmurou ele entre sorrisos, suas testas coladas — Almoça com a gente hoje?

— Com certeza — disse baixinho — Hoje vamos em um lugar diferente.

Jonas afastou-se um pouco para olhá-la: — Diferente? Onde?

— Floribella.

— O hotel do... — Foi então que sua ficha caiu — Você quer contar pra Despina que estamos saindo, não quer?

Perséfone mantinha um sorriso travesso nos lábios ao se aprontar para sair do veículo: — Você vai ficar bem. Ed não vai deixá-la voar pra cima de você.

— Perséfone... — disse em tom de repreensão — Você sabe o cão raivoso que tem como irmã. Tem certeza que...

— Te vejo no almoço!

Jonas sequer teve tempo de argumentar, ela já estava longe demais e ele já estava atrasado.

No meio do caminho lembrou-se das palavras de seu pai no dia anterior, então resolveu ligar para ele.

— Bom dia pai! — disse animado, esperando ouvir a voz do homem no viva-voz — Como a mamãe está?

Bom dia, ragazzo! Sua mãe está bem, já tomou café da manhã. Hoje ainda ela ganha alta. Por que está ligando? Não está no hospital?

— Estou a caminho. Ahn... lembra do que me disse ontem? Sobre a Perséfone.

Pode ouvir a risada do mais velho do outro lado da linha. Ele já sabia o que estava por vir.

É ela, não é!?

— Ela é incrível, pai. Incrível comigo, com o Adrian e em todos os sentidos possíveis.

Isso é ótimo, Jonas. Precisa dizer isso a sua mãe. Ela vai gostar de saber.

— Um parente difícil de cada vez. Hoje vamos almoçar com sua filha e o marido dela — só de lembrar sua espinha gelava — Deixa a mamãe se recuperar melhor, aí a gente marca um almoço em família.

Está bem. Agora desligue esse celular e preste atenção na estrada. Chegando aqui você me conta mais.

Levou cerca de dez minutos para estar há uma quadra do hospital. Estava parado em um semáforo e aproveitou para olhar as primeiras mensagens do dia. Acabou se distraindo enquanto checava seus horários e não percebeu quando a luz ficou verde.
Alguns motoristas apressados começaram a buzinar freneticamente, o trazendo de volta ao mundo real. Ou quase.
Na pista que fazia cruzamento com a que estava um outro veículo vinha em alta velocidade e não tinha a menor intenção em parar. Jonas, mesmo sendo habilidoso e experiente, não ouviu e deu partida, sendo atingido em cheio segundos depois.

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