CAPÍTULO 27| Adrian

28 6 1
                                    

PERSÉFONE

Seu primeiro dia como professora de inglês para crianças foi satisfatório. As apresentações foram cheias de criatividade, conhecer cada aluno encheu o coração de Perséfone de alegria, ela finalmente estava onde queria estar.

Ao final da aula, quando todos já haviam saído, uma das crianças permaneceu na sala, quietinho e sozinho na primeira carteira próxima a mesa em que a jovem se sentava.

— Oi! — chamou ela, próxima a porta de saída da sala — Você é o Adrian, né?! Seus pais vem te buscar?

O garotinho, que não devia ter mais de nove anos, permaneceu a fitando com aqueles olhos castanhos. Seus cabelos negros e cacheados pareciam familiar.

— Adrian? — tornou a perguntar, agora se aproximando do garotinho — Quer que eu fique esperando alguém te buscar com você lá no saguão?

Ele apenas assentiu, pegou sua mochila e se levantou, aceitando a mão da mais velha.
No corredor, a caminho do saguão da escola, Perséfone tentou mais algumas perguntas que não obtiveram resposta alguma do garotinho.
Em um momento, distraída com a criança, acabou por não perceber alguém vindo em sua direção. O único aviso que teve foi seu rosto indo de encontro ao peito de alguém.

— Uh, me desculpe, eu me distraí... — ia rindo, quando ergueu o olhar para se desculpar devidamente a figura familiar de Jonas tomou seu campo de visão — O que faz aqui?

— O que é que você faz aqui? — perguntou ele, intrigado.

— Pai, ela é a nova professora de inglês — disse Adrian, finalmente deixando a morena ouvir sua voz.

Perséfone chocou-se duas vezes; a primeira por finalmente ouvir a voz de Adrian e a segunda por ele ter chamado Jonas de pai.

— Você é... pai dele?

Percebendo a falta de palavras do mais velho para responder a simples pergunta da professora, o garotinho se sentiu no dever se o fazer: — Fazem dois anos.

— O q... — sua voz falhou, a fazendo desviar o olhar para o pequeno, voltando a olhar o rapaz ainda mais confusa — Você adotou uma criança?

— Vamos, Adrian, sua avó está esperando para o almoço. — estendeu a mão ao garotinho, que segurou sem pestanejar — Dê ciao a sua professora, lembra que temos de ser educados.

Aquilo a surpreendeu mais ainda. Logo ele, que era um poço de arrogância e ego inflado, ensinando uma criança a ser educada?

— C-ciao, Adrian. See you next week!

⋆⋆⋆⋆

— ... Chamou ele de pai? — Questionou uma Despina completamente intrigada — Jonas? Aquele Jonas, o que é filho do mesmo pai que eu? Que é super arrogante e mimado? Esse Jonas?

— Sim, eu pensei a mesma coisa! — disse Perséfone, jogando-se no sofá do escritório de Ed, que felizmente não estava ali para observar a fofoca — Ele é uma criança tão fofa, como acabou sendo adotado por um homem como ele? Ele é só dois anos mais velho que eu, como conseguiu isso?

Eram tantas perguntas.

— Talvez seja filho da namorada.

A possibilidade deixou Perséfone desanimada demais para alguém com opiniões tão negativas a respeito do rapaz.

— Ele tem... namorada?

Despina, conhecendo bem a irmã, notou o tom baixo da caçula e a encarou.

— O que? Tá gostando dele? — cruzou os braços — Sério, Per...

— Não! Para com isso, eu só fiquei meio assim porque a garota deve ser um porre, igual ele. — Mentiu — Mas como sabe que ele namora?

— Ele me contou ontem no hospital, você tinha ido buscar café — deu de ombros — Falando nisso, Ed me contou sobre a conversa que tiveram...

— Ah, sobre isso...

— Me desculpa por ter afastado vocês dois no passado. Eu era imatura, covarde, impulsiva e egoísta... juro que tô tentando melhorar, prometo vou fazer de tudo pra nunca machucar ninguém de novo e...

— Ei, ei, ei... irmã! — Perséfone sentou-se mais perto da platinada, abrindo um sorriso gentil — Eu tô feliz que esteja feliz, seja com quem for. Eu e o... Ed, nós não éramos pra ser.

— Como sabe?

A mais nova riu: — Já se viram juntos? Vocês dois exalam paixão e companheirismo. Se algum dia eu tiver um terço do que vocês dois tem...

— Valeu, Per — murmurou, envolvendo a caçula em um abraço — Você é tão incrível, alguém que te faça feliz tá por aí só esperando pra te encontrar... só controla esse dedo podre, por favor.

RomanoOnde histórias criam vida. Descubra agora