Capítulo 9 - Ela acordou

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Minha cabeça estava doendo de uma forma inexplicável, parecia que tinha sido prensada diversas vezes e pararam de apertar ela por pena. Abrir meus olhos com dificuldade e a primeira coisa que eu vi foi o teto branco com luzes que estavam incomodando minhas vistas. Virei meu rosto pro lado direito e vi Valentina deitada em um sofá no canto da parede toda encolhida e o edredom praticamente fora do seu corpo, se eu conseguisse me levantar com certeza cobriria ela pois esse quarto beira o insuportável de frio.

Coloco a mão em minha cabeça e percebo que a mesma está enfaixada, provavelmente precisei fazer alguma cirurgia e pelo que estou sentindo devem ter raspado meu cabelo todo.

A porta se abriu e por ela passou uma enfermeira que quando viu que eu estava acordada fez uma cara de surpresa e em seguida sorriu vindo em minha direção.

- Que bom que acordou senhorita. - ela disse pegando um tablet pra checar algo.

- A quanto tempo eu estou dormindo? - perguntei e minha garganta arranhou na hora.

- Vou deixar que a Drª Amélia responda isso, vou chamar ela. - ela respondeu sorrindo.

- Você poderia cobrir ela? - perguntei apontando pra Valentina.

- Posso sim. - ela respondeu e cobriu a mesma que suspirou.

Não sei quanto tempo eu fiquei dormindo mas pelo que posso ver deve ter sido bastante tempo, nesse tempo eu ouvir muitas vozes de pessoas que vieram me visitar, mas a voz que eu mais ouvia era da Valentina que chorava bastante e lembro da Duda ter dito que ela não estava se alimentando direito, coisa que seria a primeira bronca que eu iria dá nela assim que a mesma acordasse.

A porta se abriu novamente e uma médica passou por ela vindo em minha direção com a mão nos bolsos do jaleco e sorrindo provavelmente feliz por eu ter acordado.

- Fico feliz de ver esses olhos abertos. - ela disse já perto da cama.

- E eu por ter acordado também. - falei ainda com dificuldade.

- Beba um pouco de água e não force muito a fala. - ela disse me entregando um copo junto com um canudo.

Bebi a água devagar e entreguei o copo logo em seguida para a mesma.

- Vou te fazer umas perguntas que são de praxe pra quem acabou de fazer uma cirurgia na cabeça. - ela disse e eu assenti.

- Como se chama?

- Luiza Kalama.

- Sabe em que cidade está? 

- Provavelmente Nova York.

- Qual sua idade?

- 28 anos. 

- Onde nasceu?

- Havaí.

- Quem é aquela ali?

- Minha amiga Valentina.

- Fico feliz que a cirurgia não teve nenhuma sequela evidente, precisamos fazer mais alguns exames mas pelo que vejo você está bem. O objetivo era fazer você acordar e conseguimos, se não aquela mocinha ali com toda certeza iria pular no meu pescoço. - Drª Amélia disse me fazendo rir com o que tinha falado de Valentina.

- Ela é muito protetora. - falei sorrindo.

- Tem sorte de ter uma amiga assim. - ela disse terminando de anotar algo no tablet.

- E como. - sussurei sorrindo e olhando pra ela que continuava dormindo.

Depois de mais algumas perguntas a doutora me informou que eu fiquei em coma por cinco meses e a primeira coisa que eu perguntei foi sobre a minha leucemia que ela teve o prazer de me informar que eu estava curada e que mesmo em coma a Drª Meredith tinha dado continuidade ao tratamento.


. . . .


Dormir naquele sofá apertado que com toda certeza me deixaria dolorida mas foi a primeira vez nesses cinco meses que eu dormir de verdade, eu estava exausta e a última coisa que me lembro é de ter dado um beijo na testa de Luiza e ter ido deitar no sofá. Sentei ainda com os olhos fechados e me espreguicei setindo meus ossos estralarem seguido de uma careta feira por mim.

- Obrigada. - ouvir uma voz que eu não ouvia a cinco meses.

Abrir meus olhos e vi uma funcionária sair pela porta do quarto segurando uma bandeja e meu olhar foi direto pra cama onde Luiza estava deitada, porém a imagem que eu vi fez meu coração bater mais forte e meu sorriso se abrir.

Ela acordou!

- Achei que você não iria levantar mais desse sofá. - ela disse sorrindo e cruzando os braços.

- Luiza, você acordou! - exclamei praticamente correndo em sua direção.

- Sim. - ela disse e eu a abracei apertado pra ter certeza que ela estava ali.

- Nossa, estou muito feliz. - falei sorrindo e meus olhos começaram a marejar.

- Não chora meu bem. - ela disse enxugando a primeira lágrima que teimou a cair em meu rosto.

- Você não imagina a felicidade que eu estou, fiquei com tanto medo de ter perder. Preciso ligar pros seus pais, eles vão pular de alegria. 

- Já falei com eles, enquanto você dormia pedi pra enfermeira pegar seu celular. 

- Você está sentindo alguma dor? - perguntei acariciando sua mão.

- Não, mas nesse momento preciso puxar sua orelha. - ela disse me dando um tapa no braço.

- Oxe, isso doeu. - falei alisando meu braço.

- Você está mais magra do que o normal e minha mãe me disse que a senhorita não anda se alimentando muito bem. Você quer adoecer Valentina? 

- Eu não conseguia. - sussurrei fazendo um bico.

- Nem adianta fazer esse bico pra mim, agora que eu acordei a senhorita vai começar a se alimentar direito, pois não queremos mais ninguém no hospital né.

- Eu prometo que vou me alimentar direito. - falei sorrindo pois mesmo me dando bronca ela estava ali acordada coisa que eu tinha pedido a Deus em todas as minhas orações durante esses meses.

- Acho bom. - ela disse cruzando os braços.

Ficamos batendo papo ali e logo comecei a receber ligações de chamada de vídeo de Duda e depois dos meus pais que estavam mais do que felizes de ver a Luiza acordada.

- Estou lembrada que me declarei pra você e por obra do destino eu entrei em coma sem poder desfrutar realmente deste momento. - ela disse acariciando meu rosto.

- Teremos todo tempo do mundo pra desfrutar dessa nova fase. - falei dando um selinho nela.

- Me beija direito pelo amor de Deus. - ela disse me puxando pela gola da camisa.

Iniciamos um beijo que estava carregado de muita saudade e amor, Luiza pediu passagem com a língua e eu cedi prontamente pois como ela disse o destino interrompeu esse momento da gente, encerramos o beijo com vários selinhos e continuamos com nossas testas coladas.

- Obrigada por ter me esperado. - ela sussurrou acariciando minha nuca.

- Esperaria sempre. 


SEMPRE ESTIVE AQUIOnde histórias criam vida. Descubra agora