42°

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__ então filho, o que vai fazer?__ pergunta sem disfarçar o desdém em sua voz. __ atirar no homem que te ensinou tudo o que sabe, ou salvar a vida desse filho da puta que já viveu tempo demais?

Cerro os dentes e engulo em seco, aponto a arma em sua direção, quando ele empurra o cano contra a cabeça do meu amigo.

As vozes e os disparos vindo dos outros, ficaram longe, só conseguia ouvir meu cérebro martelando e o coração que poderia ser mais frio, principalmente neste momento.

__ por que se unir a eles pai? O senhor tinha tudo com a aliança na Itália?

__ não seja tolo, se contenta com pouco, o poder é o que rege o mundo, quando mais poderoso você fica, mais poder almeja, não sou diferente daqueles que julga o lado errado, por isso torno a perguntar, vai ter a coragem de atirar no seu pai?

Pela primeira vez em todos esses anos segurando uma arma minha mão tremeu, diante da pressão que cai sobre mim.

__ Dante... você não precisa fazer isso.__ a voz cansada me chama de volta para a realidade, fixo meus olhos no capo ajoelhado, e me encarando.

__ já vivi demais ...__ sorriu sem ânimo. __ fui feliz e tive tempo de encontrar a minha garota fazer cinco crianças lindas e agora ela não estará sozinha, meu legado continuará intacto, sei que sou... e não posso viver sendo o seu carrasco, você não precisa fazer isso.__ diz sério e alterno o olhar entre ele e meu pai que sorria feito um idiota.

__ você é um fraco, até esse imbécil tem mais coragem, homens fortes morrem honrados, talvez eu seja clemente com você seu fraco.__ desdenha e minhas mãos param de tremer.

O olhar de Pietro me dizia bem que eu não devo fazer isso, mas não há mais volta.

__ passei todos esses anos no seu encalço, vivendo e aprendendo tudo o que me ensinou, para que um dia fosse tão bom quanto achei que o senhor era ... como estive enganado.__ desdenho e sua confiança vacila. __ o senhor só usou como segunda opção, porque sempre veio o Callebe em primeiro lugar, nunca fui escolhido para porra nenhuma, só o substituto caso as coisas fugissem do seu controle, o senhor tem razão... fui fraco em pensar que poderia haver redenção para nós.__ confirmo e aponto a arma em sua direção, agora sem incerteza.

O semblante surpreso do homem me deixou em euforia.

__  mas é como aquele velho ditado ... não há honra entre ladrões, roubou de mim o que poderia ter sido os melhores anos da minha vida, eu devia estar abraçado a minha mulher ao invés de lutar uma guerra que não queria, tudo para alimentar a porra de um ego de alguém que não merece, eu sinto tanto ter que fazer isso, mas a minha escolha não precisa ser um fardo, esse aí que o senhor está apontando a arma... foi muito mais irmão do que o próprio Callebe.

__ já chega!__ brada e sorrio.

__ ah! Aí está, a sua ferida imaculada, não qual não podem tocar, que se foda tudo, eu não sou mais o seu soldadinho de brinquedo... sou um homem criado com valores eu sou a porra de um cavalheiro, e não, não irei deixar que um inocente morra para amaciar o ego do calhorda que está a minha frente.__ dito isso, o disparo sai sem que eu precise de esforço, pisco várias vezes espantando as lágrimas e caminho em sua direção, mas não é a ele que presto socorro e sim ao meu amigo.

__ eu sinto muito.__ lamenta.

__ não há porque sentir, ele disse que me matar seria fácil, apenas hesitei por achar que a lucidez fosse ilumina-lo, mas não foi o que aconteceu, não podia te deixar morrer, somos família.__ afirmo e ouço o som de hélices sobrevoando o campo.

__ temos que sair daqui o mais rápido que conseguirmos.__ alerta e o jogo em meus braços, correndo com ele, em meio aos disparos que atingiram meu terno, avisto os outros e quando olham para o helicóptero, também cessam fogo e se escondem atrás dos carros, consigo alcançá-lo e deposito o corpo do Pietro com cuidado dentro de um dos veículos.

Nos Braços De Um Mafioso- spin-off da série- mafiosos Impecáveis Onde histórias criam vida. Descubra agora