Meu Maior Desejo (Sk8)

💙 Capítulo 15

~ Reki Kiyan

- Aí cara, vai ter uma festa hoje à noite na fraternidade dos Beta Thao, tá afim? - Jake, meu colega de quarto pergunta. Ele é americano porém é muito fluente em japonês. Na verdade, grande parte dos estudantes da universidade são estrangeiros.

- Não sei não, preciso terminar um seminário.

- Deixa isso pra depois, tá estudando a semana toda, bora curtir um pouco. E além do mais, suas notas estão altas pra caramba. - Ele tenta me convencer, porém não faço muita questão de ir.

- Na real eu tô meio cansado essa semana e pá..

- Ah que isso cara, vai ser divertido. E sabe quem vai estar lá? - ele faz uma cara de suspense.

- Quem? - pergunto, me levantando da cama.

- O Arvin, aquele cara que tá afim de você desde o semestre passado. É tua chance de superar o pé na bunda que você levou da tua mina.

- Não sei, vou pensar. Talvez eu apareça por lá mais tarde.

- Você que sabe então, vou tomar banho. - Ele vai até o banheiro e fecha a porta, ouço o barulho do chuveiro em seguida.

  Fico pensando no que ele me disse sobre o Arvin, vai ser bom ficar com outras pessoas, ainda mais agora que o término do meu relacionamento é bem recente. E a propósito, ele é bem bonito. Sua pele é parda, já que ele é filipino, e seu cabelo bem liso. Seu rosto é bem definido e tem um corpo malhado, o que o torna extremamente atraente.

Aproveito que Jake sai e abro o notebook para terminar meu trabalho. Faltava apenas alguns detalhes para finalizar o slide, a apresentação é daqui a 3 dias. Fico horas fazendo as pesquisas e quando termino me deito na cama. Descanso por uns 10 minutos e então o tédio chega.

  Desbloqueio a tela do celular e vejo que ainda são 21:12. Lembro da festa e penso em ir. Vai ter muita droga e muita bebida, ainda mais que é sexta-feira. Todo fim de semana fazem festa aqui. Universitários não conseguem ficar um dia em paz. Se eu ficar aqui, vou acabar dormindo e passando o fim de semana todo sem fazer nada, como sempre. Talvez seja bom eu ir só pra ver os garotos, se estiver chato eu volto.

  Entro no chuveiro e tomo um banho rápido, me seco e coloco uma calça jeans reta, uma camisa oversize e um all star preto de cano alto. Ligo o secador para secar meu cabelo, percebo que acabei deixando ele crescer demais. Depois de me arrumar, pego meu celular e minha carteira e saio.

A fraternidade ficava no campus, há umas três quadras do meu dormitório. Entrando na casa, pago a taxa de entrada e logo avisto Jake em uma roda com uns caras e uma garrafa de shochu na mão.

- Reki, você veio! - ele grita devido ao som alto da música que estava tocando. Pela sua voz, deduzo que esteja quase bêbado.

- Não tinha nada melhor pra fazer - eu grito de volta.

- Pessoal, esse é o Reki - ele diz me apresentando na roda. Dois deles eu já conhecia pois tínhamos algumas aulas juntos. - Fica aqui, vou pegar uma bebida pra você.

  Ele sai me deixando no meio da conversa, apenas concordava com tudo. Percebo que começa a tocar "Feel So Close", não tenho nada contra mas acho que o DJ deveria ser processado.

- Gosta de saquê? - Jake pergunta chegando e me entregando um copo de plástico preto.

- Valeu - pego o copo e tomo um gole, logo o gosto leve de álcool predomina minha boca.

- Ei, Koki, sabia que o Reki nasceu em Okinawa? - Jake diz ao cara que estava ao seu lado.

- Tá zuando? Cara, meu sonho é passar as férias lá - ele diz olhando para mim, super animado. - É mesmo um paraíso como dizem?

- Sinceramente, o lugar é muito bonito, e não é porque é minha terra natal mas arrisco dizer que é um dos lugares mais lindos do Japão - digo, me lembrando das tardes que passava nas praias de lá.

- Foi mal pela demora, acabei ficando atolado em relatórios - um cara diz entrando na roda. Não consigo ver direito porque estava bem escuro, mas logo percebo que se tratava de Arvin. Tinha até esquecido que ele viria.

- Arvin, achei que não viria mais - Jake diz, o cumprimentando, sendo seguido pelos outros. Tomo um gole da minha bebida e finjo que não percebi que ele chegou, não queria ter que cumprimentá-lo.

- Acha mesmo que eu perco alguma festa? - ele diz e então ri, me olhando em seguida. Eu disfarço. - E então, cadê minha bebida?

- Pega aqui - Koki diz, lhe entregando um copo com várias bebidas misturadas.

- Então a gente veio aqui só pra conversar? Vamos pra pista, dançar e pegar umas mina - Takazui arrasta o cara que estava ao lado dele para o meio da sala, onde tinham várias luzes negras e lasers coloridos e começam a dançar.

- Bora lá - Jake grita e vai pra pista, sendo seguido pelos outros da roda, eu faço o mesmo, não ia ficar sozinho.

Começamos a dançar ouvindo uma repetição de sons que chamam de música eletrônica. Eu havia bebido apenas um copo, mas percebi que Jake já estava completamente bêbado. Olho para o lado e Koki está agarrado com uma garota no meio da pista de dança, estão quase se comendo em público.

Começo a cansar e resolvo sair dali um pouco e procurar um banheiro. A casa era de dois andares então provavelmente os banheiros ficavam em cima. Subo as escadas e vejo que haviam várias portas e um corredor imenso. Abro a primeira e era um quarto com dois beliches, vazio. Abro a segunda e encontro o mesmo, exceto pelo casal transando em uma cama de solteiro. Ignoro e fecho a porta novamente. Finalmente encontro o banheiro no final do corredor.

Desço as escadas novamente e chego até a sala de estar, tinham dois sofás e uma poltrona, para minha alegria estavam todos vazios. Me sento em um sofá de dois lugares e deito a cabeça, fechando os olhos. Não costumava frequentar festas assim então estava cansando do barulho. Alguns minutos depois sinto que alguém senta do meu lado.

- E aí - Arvin diz, assim que me levanto para olhá-lo.

- De boa?

- Uhum.. acho que não nos conhecemos formalmente ainda, sou o Arvin - ele diz, estendendo a mão.

- Sou o Reki, Jake me falou de você- aperto sua mão, agora não precisava gritar devido à nossa proximidade.

- Ouvi muito sobre você também - ele sorri gentilmente. - Cursa o que aqui?

- Eu faço engenharia mecânica. E você?

- Legal, tô no terceiro ano de direito.

- Que daora. Muito complicado?

- Eu tô indo bem, só me fudendo um pouco em Direito Penal. Falta quantos anos pra finalizar o seu?

- Dois, ainda pensando em uma pós, sei lá daqui... - nessa hora, sou interrompido por um barulho alto de vidro quebrando. Isso deve ser normal em festas.

- E então, Jake me disse que você também gosta de caras.

- Sim - digo, ficando com um pouco de raiva pelo fato de Jake ficar espalhando minha vida por aí, porém não me impressiono, vindo dele...

- Que bom hein - ele diz e então sorri, não consegui identificar exatamente o que ele quis me passar.

- O que quer dizer? - o olho meio confuso e então ele vira sua garrafa para mim, me oferecendo, pego e bebo um pouco.

- Sabe, não existem muitos caras gays por aqui, pelo menos não assumidamente gays.

- Mas eu sou bi.

- É, eu sei, mas mesmo assim é bom. É bom pra mim.

- Como assim? - não sei se é por conta da bebida ou o que, mas eu estava me sentindo lerdo.

- Por causa disso - Arvin me puxa e cola seus lábios nos meus, iniciando um beijo violento no meio de luzes neon, música alta e muita gritaria. Eu seguro em sua nuca e retribuo o beijo, sua boca era macia. Compartilhamos o gosto do álcool e posso sentir o morango do gin que ele estava bebendo minutos antes. Ele coloca a mão sobre minha perna e aperta, me fazendo estremecer. Eu já não ligava mais em fazer isso em um local público. Ele afasta um pouco nossas bocas e morde de leve meu lábio inferior, finalizando o beijo.