Pov Priscila Caliari
-Você vai ficar fazendo bico até quando? - Perguntei assim que paramos em um sinal.
Carolyna tinha ido de táxi me encontrar, então voltávamos em meu carro. Ela estava com a cara fechada e em silêncio desde que terminamos de discutir os detalhes do "susto".
-Não tô fazendo bico.
-Tá sim.
-Mas é que eu não gostei do seu plano. Pronto, falei. - Eu ri um pouco.
-Eu até queria ter usado alguma ideia sua, mas você sabe que não dava pra repetir o que ela fez na sua casa.
Carol tinha me contado toda a cena entre as duas lá em seu apartamento, e mais uma vez naquele dia eu quis morrer de vergonha. Como assim minha mãe chega pra uma pessoa e diz "Quais sãos suas intenções com a minha filha?". Tudo bem que a resposta até me interessaria, mas ainda assim.
-É, eu sei. Só queria algo mais... Mais tchan, sei lá.
-A gente tá planejando uma provocação Carol, não a trama da novela das nove. - Mesmo de canto de olho vi a caneta que ela fez.
-Mesmo assim não gostei muito e sinceramente, acho bem difícil ela cair nessa.
-A gente não precisa fazer nada então. Posso te deixar em casa.
-Não, vamos ver no que a sua ideia vai dar.
____________________
Chegamos no prédio da minha mãe, hora de iniciar o plano. Peguei o celular na bolsa e liguei para minha mãe. Era uma bobeira aquilo? Com certeza, mas pelo menos me dava uma desculpa para ficar mais um minutos perto da Carol. Dado o nosso histórico, mesmo que curto, sabe-se lá quanto aquele momento de paz iria durar. Ainda não tinha pensado no que fazer a partir dali, se eu tentava lutar pelo meu casamento ou se me separava e me entregava ao que Carolyna havia despertado em mim. Mas também não queria pensar naquilo agora.
-Mãe, a senhora está aonde? Preciso da senhora em casa agora. - Perguntei no escuro, já que não sabia.
-Tô na rua Priscila. - Perfeito! Posso continuar. - O que foi?
-Tem uns policiais aqui procurando a senhora, com uma acusação absurda de que a senhora invadiu a casa de uma pessoa e a agrediu. Tô tentando dizer que é mentira, mas eles tão ficando impacientes.
-Fica tranquila querida, tô indo pra casa. Segura as pontas aí e não se preocupa.
Minha mãe desligou e aproveitei para subir ao apartamento com Carol. Passando meia hora quase depois do fim da ligação e nada da minha mãe eu comecei a desconfiar que tinha alguma coisa errada.
Tive a impressão de ouvir um barulho vindo da porta e pedi para Carol se esconder.
-Ué gente, cadê a polícia? Bom, melhor assim sem ninguém me atrapalhando a terminar meu almoço. Estou fazendo aquela carne assada que adora querida.
-Mamãe, onde a senhora estava? Eu aqui no maior perrengue.
Minha mãe me ignorou e continuou um direção à cozinha, mas parou antes de passar pelo batente e se virou.
-Carolyna querida, fica para o almoço?
Droga... Pelo visto minha atuação não tinha sido convincente o suficiente, mas isso nem era o pior. Carol sorrindo para mim toda vitoriosa ao voltar para a sala estava difícil de aguentar.
-Não vou nem falar nada... - Ela disse segurando o riso. - E acho que já vou indo dona Adriana.
-Nem pensar, faço questão. Devo dizer que fico feliz de ver as duas juntas aqui. Vou precisar de só mais alguns minutos para terminar o almoço por isso fique a vontade. Priscila querida?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um amor de vizinha (Capri)
FanfictionPara Priscila, ela tinha a vida encaminhada, com um casamento estável, uma grande promoção se aproximando em seu trabalho. Mas a vida é uma caixinha de surpresas, e uma delas era sua nova vizinha Carolyna. ...