capítulo 10

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Pov Priscila Caliari

-Você vai ficar fazendo bico até quando? - Perguntei assim que paramos em um sinal.

Carolyna tinha ido de táxi me encontrar, então voltávamos em meu carro. Ela estava com a cara fechada e em silêncio desde que terminamos de discutir os detalhes do "susto".

-Não tô fazendo bico.

-Tá sim.

-Mas é que eu não gostei do seu plano. Pronto, falei. - Eu ri um pouco.

-Eu até queria ter usado alguma ideia sua, mas você sabe que não dava pra repetir o que ela fez na sua casa.

Carol tinha me contado toda a cena entre as duas lá em seu apartamento, e mais uma vez naquele dia eu quis morrer de vergonha. Como assim minha mãe chega pra uma pessoa e diz "Quais sãos suas intenções com a minha filha?". Tudo bem que a resposta até me interessaria, mas ainda assim.

-É, eu sei. Só queria algo mais... Mais tchan, sei lá.

-A gente tá planejando uma provocação Carol, não a trama da novela das nove. - Mesmo de canto de olho vi a caneta que ela fez.

-Mesmo assim não gostei muito e sinceramente, acho bem difícil ela cair nessa.

-A gente não precisa fazer nada então. Posso te deixar em casa.

-Não, vamos ver no que a sua ideia vai dar.

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Chegamos no prédio da minha mãe, hora de iniciar o plano. Peguei o celular na bolsa e liguei para minha mãe. Era uma bobeira aquilo? Com certeza, mas pelo menos me dava uma desculpa para ficar mais um minutos perto da Carol. Dado o nosso histórico, mesmo que curto, sabe-se lá quanto aquele momento de paz iria durar. Ainda não tinha pensado no que fazer a partir dali, se eu tentava lutar pelo meu casamento ou se me separava e me entregava ao que Carolyna havia despertado em mim. Mas também não queria pensar naquilo agora.

-Mãe, a senhora está aonde? Preciso da senhora em casa agora. - Perguntei no escuro, já que não sabia.

-Tô na rua Priscila. - Perfeito! Posso continuar. - O que foi?

-Tem uns policiais aqui procurando a senhora, com uma acusação absurda de que a senhora invadiu a casa de uma pessoa e a agrediu. Tô tentando dizer que é mentira, mas eles tão ficando impacientes.

-Fica tranquila querida, tô indo pra casa. Segura as pontas aí e não se preocupa.

Minha mãe desligou e aproveitei para subir ao apartamento com Carol. Passando meia hora quase depois do fim da ligação e nada da minha mãe eu comecei a desconfiar que tinha alguma coisa errada.

Tive a impressão de ouvir um barulho vindo da porta e pedi para Carol se esconder.

-Ué gente, cadê a polícia? Bom, melhor assim sem ninguém me atrapalhando a terminar meu almoço. Estou fazendo aquela carne assada que adora querida.

-Mamãe, onde a senhora estava? Eu aqui no maior perrengue.

Minha mãe me ignorou e continuou um direção à cozinha, mas parou antes de passar pelo batente e se virou.

-Carolyna querida, fica para o almoço?

Droga... Pelo visto minha atuação não tinha sido convincente o suficiente, mas isso nem era o pior. Carol sorrindo para mim toda vitoriosa ao voltar para a sala estava difícil de aguentar.

-Não vou nem falar nada... - Ela disse segurando o riso. - E acho que já vou indo dona Adriana.

-Nem pensar, faço questão. Devo dizer que fico feliz de ver as duas juntas aqui. Vou precisar de só mais alguns minutos para terminar o almoço por isso fique a vontade. Priscila querida?

Um amor de vizinha (Capri)Onde histórias criam vida. Descubra agora