Capítulo 5

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Pov Priscila Caliari

Quem nunca atravessou a rua sem olhar muito bem e deu uma certa travada ou um ataque cardíaco ao ver algo vindo em sua direção? Foi assim que eu me senti naquele elevador ao ouvir as palavras de Carolyna.

"Eu estava dando em cima de você"

Abri a porta de casa e larguei tudo de qualquer jeito com aquelas palavras na minha cabeça. O que eu faço agora?

Não vou ser cara de pau e dizer que a homossexualidade é uma surpresa. Já tive colegas gays, mulheres inclusive.
Nunca percebi nenhuma delas me deu uma cantada pelo menos não que eh tenha percebido. Talvez nesse caso o problema seja comigo, já que que Carolyna aparentemente me passou alguma cantada e eu também não percebi.

Fiquei um tempo sentada no sofá processando tudo e pensando no que fazer. Talvez fosse cedo para dizer que éramos amigas, mas de qualquer modo ela ainda era minha vizinha, impossível não nos cruzarmos por aí, eu não quero deixar as coisas esquisitas mas também não posso deixar que ela alimente esse sentimento por mim, seja qual for.

O jeito ia ser ir até lá e conversamos.
Ia ser esquisito e talvez um pouco constrangedor, mas era a única coisa que eu conseguia pensar.

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Ela tinha companhia, mas as garotas logo foram embora e nos deixaram a sós. Carolyna disse que não queria ter aquela conversa, mas me mantive firme e comecei a falar. Agredeci aos céus por aquela súbita timidez do outro dia não ter aparecido novamente.

A conversa foi simples. Carolyna até se desculpou por não ter notado que eh era comprometida, só não acreditou na parte que eu falei que nunca tinha levado uma cantada de uma mulher.

Sabe aquela timidez? Pois é, ela voltou... Foi só Carolyna me arrastar para frente de um espelho e me chamar de linda. Ok, ela pode não ter dito com essas palavras, mas foi o que me pareceu.

Ela em algum momento, diante de já promessa dela de não dar mais em cima de mim, Caroly... ou melhor Carol, perguntou se podíamos ser amigas apesar de tudo. Tentei ganhar um tempo dizendo que era melhor ir embora, pensar se mesmo depois de nossa conversa seria possível uma amizade. Foi então então que eh vi a marca em seu rosto. E acabou que eu concordei em ter uma amizade com ela.

Talvez querendo manter o clima agradável que se instaurou, me ofereceu um vinho e perguntou como foi meu primeiro dia no cargo novo. Fiquei de contar outro dia dizendo que eu estava muito cansada, o que não era totalmente mentira, mas o stress da situação toda me deixou um pouco cansada também.

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-Que cara é essa amiga? Um dia no cargo novo e já está parecendo uma múmia.

No dia seguinte combinei de almoçar com Malu, e por mais que tivesse conseguido disfarçar as olheiras, não consegui o mesmo com minhas energias.

-O maridão deu trabalho ontem foi? -  Perguntou com um sorriso sacana.

-Quem me dera.

-Opa! Agora ficou interessante.

Malu ainda era nova, estava no começo da profissão mas tinha aquela alma de repórter, igual  cachorro com um osso novo, não largava por nada quando encontrava um "furo".

-Não tem nada amiga, só insônia mesmo.

-Só se a insônia tiver nome e sobrenome.

-Não sei o sobrenome. - Merda, falei demais.

-Ará, sabia... pode ir contando tudo. Tudo mesmo, até os mínimos detalhes. - Ela até parou de comer e me encarou à espera que eu começasse a falar.

Um amor de vizinha (Capri)Onde histórias criam vida. Descubra agora