Cap 2

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— Meu tipo de diversão sempre tem um preço — sussurrou

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— Meu tipo de diversão sempre tem um preço — sussurrou. — É melhor aproveitar enquanto posso.

— Por que eu?

Quer dizer, sério. Não que eu desejasse que ele fizesse isso com outra pessoa, mas era por causa da minha cegueira? Por que achou que eu fosse um alvo fácil?

— Não sei — disse e, finalmente, ouvi um pouquinho de sua voz rouca, embora ainda estivesse em um tom muito baixo para reconhecer.

— Era você no salão de festas quando eu estava dançando?

— Sim.

— Você estava me observando o tempo todo?

— Sim.

— Por quê? — perguntei. Ai, meu Deus. Era ele o tempo todo. Só em pensar em seus olhos me acompanhando... Estando na sala, espreitando de um canto e me observando... Brincando comigo. Por que ele apenas ficaria ali para me observar?

— Porque foi lindo — ele disse, por fim.

Lindo?

— Você me perguntou por que você — disse, ainda me segurando contra ele, com minhas costas pressionadas contra seu peito. — É por essa razão. Você é pura.

Pura? O quê...? Ele queria me tornar impura agora ou...?

— Seus pais são péssimos — explicou. — e eu odeio a minha casa. É tudo muito sombrio lá. — Parou, prosseguindo logo depois — Tudo simplesmente desapareceu quando você começou a dançar, porra. Tornou o mundo um lugar mais bonito. E eu gostei.

— Tá, e daí? — argumentei. — Você quer me trancar no seu porão para que possa dançar sempre que me ordenar? É isso?

Mas, ao invés da resposta que estava esperando, em um tom assustador, calmo e monótono, ele deu uma risada bem baixinha.

— Posso me esconder lá com você? — perguntou.

Entrelaçou os dedos aos meus com força, mesmo que eu ainda estivesse tentando me soltar. Apesar de resistir, ele passou minha mão por cima do meu ombro e pressionou os dedos contra o seu pescoço; senti na mesma hora a pulsação latejante e acelerada. Ele apoiou a testa contra a parte de trás da minha cabeça, respirando com dificuldade.

— Você tem noção do que preciso fazer comigo mesmo para conseguir que meu pulso bombeie assim? — sussurrou. Ele pareceu cansado. Seu pulso batia com força, e pude sentir o suor em seu pescoço. E daí? Minha pulsação também está acelerada, seu maluco. Nós havíamos acabado de correr pelas escadas. Que merda ele queria dizer com aquilo? — Não se preocupe — ele disse, por fim. — Não vou te machucar. Não esta noite.

Abaixei minha mão, roçando de leve em sua clavícula. Seus braços ao meu redor me apertaram com força por um instante, entretanto, e nada do que ele dissesse me faria confiar nele. Então, ele me colocou de pé no chão coberto pelo carpete. Mas não me soltou de imediato.

— Eu quero sair daqui — falei. -- Quem é você?

-- Otto Davis, seu irmãozinho -- Ele diz perto do meu ouvido

-- Otto?

-- Aquele que foi mandado ao inferno por que beijou sua irmã, a deixou cair da casa da árvore e a cegou  -- Ele diz com sua voz rouca e amarga

-- Otto! É você mesmo? -- As lembranças da nossa infância invade minha cabeça

-- Em carne e osso -- Ele me solta 

-- Onde você estava todo esse tempo? 

-- No inferno, seu papai não contou a você?

-- Ele falou que você iria estudar em outro lugar e depois de um tempo não quis mais voltar -- Abaixo minha cabeça, eu sentia tanto a sua falta 

-- E cadê ele? -- Otto aproxima sua mão, fazendo carinho em meu rosto 

-- Em alguma reunião de trabalho... Sentir sua falta -- Digo me aninhando em sua mão

-- Eu também sentir, Diabinha.

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