Otto foi mandado para o internato logo após ter quase matado sua irmã adotiva por acidente, deixando ela cega... Sua família o mandou como forma de castigo, mas o que eles não sabiam é que Otto voltaria para reencontrar seus pais... Traumatizado com...
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Nenhuma dor se comparava ao que estávamos sentindo, não conseguia acreditar que deixei me apaixonar pela minha própria irmã, eu me odiava naquele momento por ter deixado isso acontecer, culpa era o que eu sentia... Dói tanto
— Você parece um cachorro sem dono -- Liam zomba. — Será que também sabe dar a patinha?
— Vai se foder — grunho.
Ele dá uma coronhada na minha cabeça e caminha até Nicova, tocando suas mãos asquerosas na pele pura que me pertence ou pertencia. Ela o olha assustada, mas segue sem falar nada. Vejo suas mãos se contorcerem nas algemas e sei que ela estaria tocando o seu pulso nesse momento se não estivesse amarrada.
Engulo todo o fodido orgulho que poderia sentir e abandono de toda minha dignidade, ao estender minha mão como se fosse a porra da pata de um cachorro. Liam ri e pega minha mão. A vontade que sinto é de torcer seus dedos um por um, mas me mantenho como um cão obediente.
— O tão temido Deus do inferno não passa de um cachorrinho — Debocha e passa a palma da mão em minha cabeça como se afagasse um animal.
Inspiro fundo engolindo em seco, todo o meu corpo treme de raiva.
Entretanto, Nicova é tudo que importa.
Liam ri da minha expressão. Me obrigo a deixar o semblante neutro, me recusando a lhe dar mais esse gosto.
— Por que você não acaba logo com isso?Liberte Nicova, me torture e me mate. -- Ele gargalha.
— Patinha — Liam pede, estendendo a mão. Obedeço como um cachorro bem treinado e ele sorri mais. — Isso mesmo, bom garoto. Ele olha para Owen que até agora não deu nenhuma palavra. — Você quer brincar um pouco com ele, Owen? Você sempre quis um cachorro.
Owen me olha ajoelhado com a mão estendida para o Liam e desvia o olhar.
— Um de verdade, Liam.
— Ele pode fazer a mesma coisa que um de verdade, se você quiser, podemos mantê-lo por alguns dias.
— Só acabe logo com essa merda, vou esperar lá fora — Owen sai, batendo a porta.
— Acabe com isso — peço.
— Por quê?
Olho para ela pendurada, seus olhos estão opacos, sua pele está tão pálida. Tem algo muito errado.
— Porque não aguento mais vê-la assim — confesso.
-- Você podia ter evitado isso, você acabou com minha vida, essa cicatriz aqui -- Ele aponta -- Lembro até hoje do dia que você fez, e essas queimaduras, só de lembrar eu sinto arder
-- A culpa foi toda minha, você termina essa porra como quiser. Mas Nicova sai ilesa
Ele passa a arma na minha testa, sequer pisco. Sinto o peso da atenção dela a todo momento, Nicova me olha com as pálpebras pesadas. Liam ri e vai até onde Owen estava, pegando uma faca que ficou caída ali.
— Não estou com vontade de sujar minhas mãos hoje, faça isso você mesmo. -- Ele me estende o objeto afiado, sua arma apontada para a cabeça de Nicova o tempo inteiro. Ele sabe que eu não tentaria nada, não com ela sob sua mira.
— O que eu devo fazer?
— Eu poderia pedir para que você cortasse sua jugular, mas estou me sentindo benevolente esta noite. — Sorri como um psicopata e me imagino enfiando a porra da faca em seu rosto um milhão de vezes, até tirar o fodido sorriso doentio dali.
— O que eu devo fazer, Liam? — sibilo com ênfase em cada palavra.
Tudo o que enxergo é vermelho.
— Corte os pulsos como um bom garoto, me dê o gostinho de ver você desistir de tudo e então libero a vadia.
Rio.
Claro que ele pediria algo assim.
Olho para Nicova e todas as cores voltam. Encaro a minha Diabinha com uma beleza tão rara que dói. Mas talvez o que doa mesmo seja saber que é a última vez que a verei. Analiso cada fodido traço perfeito, que fazem dela a mulher mais bonita que já vi. Olho para as íris azuis com cílios longos, as sobrancelhas loiras, o cenho que já me acostumei a ver franzido, a boca marcada e o rosto fino.
Eu já vim aqui sabendo que iria morrer, vim aqui para morrer. Mas não me importo com isso, não dou a mínima. Porque não me interessa se eu morrer, desde que ela siga viva.
