Capítulo 2- E se fosse um pesadelo?

56 4 0
                                    

Alicia tinha acordado de uma longa noite de sono e tinha perdido a noção do tempo. A fresta na janela abre espaço para a  escuridão do lado de fora da casa.

O seu primeiro impulso é iluminar com a lanterna do seu celular. Logo  percebe que não tinha sido um pesadelo. Era tão real quanto se lembrava em suas memórias. Embora em seu interior desejasse que fosse só um filme estilo à Julia Roberts. O quarto de hóspede de sua irmã é só mais um dos detalhes de sua realidade atual.

O seu aparelho móvel começa a vibrar e tocar o som de Jorge Vercillo. Ela ver um amontoado de mensagens e ligações perdidas. As notificações se dividem em  familiares, amigos, colegas, conhecidos e vizinhos. Até mesmo números desconhecidos que nem saberia dizer como tinham conseguido o  seu contato.

Sem pensar opta por deixar o celular no silencioso de novo e esconde embaixo do travesseiro. Em seguida se coloca  embaixo também das cobertas na intenção de fugir de todos os sentimentos que ultrapassam sua mente. Os mesmo que ela poderia até se afogar.

O nome Fernando Guimarães se destaca em seus pensamentos. Ela se questiona se ele era um homem bom. Um tempo atrás estaria decidida da resposta positiva. Mas nesse exato momento não conseguia.

O Fernando Guimarães, o seu Nando, era delicado, gentil e amável. Ele tinha roubado seus maiores sorrisos. Em suas suas lembranças  o Nando era o homem da sua vida. Ambos se conheciam desde a infância. Pois suas famílias tem uma longa amizade, já que suas mães são melhores amigas desde a infância.

O Fernando era o seu primeiro namorado. Eles tinham um relacionamento precoce desde os quinze anos. Ainda se lembrava da cena romântica dele no meio do pátio da escola com uma declaração bem jovial. Ela tinha ansiado tanto por aquele momento. Em seu diário adolescente o nome Nando e Lili se destacava no meio de um coração. 

Havia um destino óbvio que os levaria ao casamento. Então ele a pediu em noivado no seu aniversário de 17 anos. Aquele dia se tornou memorável. Ele tinha uma declaração mais elaborada e seus olhos tinham um brilho especial. Assim como o anel caro que o sogro tinha pago. A família Albuquerque e Guimarães se uniriam finalmente. Não parecia existir dúvidas a respeito do sentimento do jovem casal.

Alicia se recorda do último mês e dos últimos dias antes do casamento. O seu Nando parecia diferente do habitual. Mas ela também estava diferente. Não é fora do comum se sentir ansioso com uma cerimônia com tamanha magnitude. Até porque estava tudo certo até a esperada cerimônia. Cada mínimo detalhe tinha sido planejado e elaborado pelas suas famílias nos últimos cinco anos. Não tinha nada que poderia dar errado ou sair dos padrões. Exceto pelo seu noivo que sumiu de última hora sem dar nenhuma explicação.

Fernando Guimarães era o seu primeiro e único amor. Ela nunca tinha amado antes. Mas nesse exato instante só o conseguia ver como a sua maior dor. Em um piscar de segundo ele destruiu todo o longo relacionamento dos dois. Ela não conseguia evitar se perguntar o sentido por trás do abandono repentino dele.

Alicia vestia o vestido que idealizou por toda a sua vida na cerimônia impecável ao seu gosto. Mas no minuto que percebeu que sua vida tinha virado um pesadelo um sentimento de ódio a dominou por inteira. Enquanto fugia para casa atual da sua irmã decidiu que odiaria o Fernando com todas as forças e para o resto de sua vida.  Nunca mais o veria. E se ele aparecesse o empurraria para o mais longe possível.

Quando sua mente parece mais tranquila, Alicia desiste de ficar deitada e  parte para a sala de visita da casa. A sua irmã, Eva, está sentada no moderno sofá em tom laranja pastel. Ela está assistindo um programa de televisão.

Eva sorri com empatia e abre os seus braços. Alicia senta ao seu lado e deita a cabeça em seu ombro como fazia quando era criança. Eva só tinha diferença de quatro anos mais velha. Mas em suas memórias sempre foi tão madura e forte. Na infância tinham um Golden Retriever com o nome de Marley. Ambas eram fascinadas no cachorro. O bicho tinha crescido com elas, então fazia parte da família. Mas infelizmente sabemos que os animais de quatro patas vivem muito menos que nós humanos. Assim, a  Eva a amparou no falecimento do Marley mesmo que seu coração também estivesse em pedaços como o dela.

Eva tinha uma personalidade mais firme e obstinada. Sabia que seria uma repórter desde muito nova. Na mesma época modificou a sua aparência do loiro natural longo para um corte chanel curto no tom preto azulado. Se não fosse os olhos verdes escuros como esmeraldas, nada poderia aparentar o parentesco entre as duas irmãs. Pois, Alicia permanecia com o cabelo loiro natural, claro, longo e com leves ondulações.

- Sinto muito, Lili. Mas não se esqueça que você é forte e suficiente. E o meu amor por ti é do tamanho do coração da nossa Iracema. - diz Eva com um sorriso doce  no rosto, e afaga o cabelo da mais nova. A jovem se  refere ao nome da cuidadora da infância delas.

Alicia permiti deixar as lágrimas descer e jorrar como em um rio. Pois está em casa com a sua irmã. Ela é o seu porto seguro e o seu lar. Também a sua melhor amiga nesse mundo.

- Você não precisa voltar para casa se não quiser. Posso falar com papai e mamãe. Posso te ajudar a resolver as questões da mudança. Se você quiser ficar minha irmã.

- Não sei o que dizer, Eva. Isso seria tão gentil da sua parte.

- Só diga que sim, então.

Alicia assenti ainda envolta dos braços da mais velha. Um sorriso em meio a lágrimas esbanja em seu rosto avermelhado. Ela não acredita que vai ficar com a sua querida irmã. Parecia um um sonho, mas se fosse não queria acordar. Tinha vivido um pesadelo por muito tempo já.

DESAMOR Onde histórias criam vida. Descubra agora