Capítulo 10- Conversa de irmãs

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Alicia observa a irmã com o seu olhar curioso nela no aguardo de uma resposta para sua pergunta.

- É uma longa história.

- Mas tente me contar, Alicia.

- O Carlos Eduardo e eu se conhecemos na mesma noite do primeiro jantar. - Alicia odeia a forma que as palavras saem de sua boca.

- Vocês estavam juntos naquele dia? - pergunta Eva com indignação na voz.

- Sim, mas não dessa forma que parece ser.

- Então de que forma seria?

- Deixe-me contar a história por completo. Naquela noite caminhei até a velha linha de trem e acabei prendendo a minha bota. Não consegui soltar a nenhum custo. E um trem surgiu do nada. Nesse momento o Carlos Eduardo surgiu e me salvou. Mas não sabia da identidade dele até ontem.

- Isso é coisa demais para assimilar de uma só vez. Mas me pergunto como pode ter omitido tudo isso de mim? Pensei que fossemos melhores amigas.

- Somos sim. Mas não sabia como contar isso tudo.

- Poderia ter tentando antes. - Eva pausa por um segundo perdida em pensamentos. - Então, a camisa na sua cintura era dele?

- É sim. Mas não conclua nada em relação a isso.

- Como posso não concluir nada? Isso é coisa demais para não pensar.

- Mas nunca menti para você, só omiti fatos vazios.

- Só me diga uma coisa com toda sua sinceridade.

- Pode me perguntar.

- Você senti algo em relação a ele?

- Eu só sinto gratidão por ter salvo a minha vida, nada além disso. E por Deus, não queria me intrometer em um relacionamento entre vocês. Por isso não contei nada, já que não significa nada.

- Não sei se consigo acreditar, também não me importo se existir algo entre vocês. Nós mal se conhecemos e nunca daríamos certo. Mas me magoa um homem me dizer algo que a minha própria irmã omitiu de  mim.

- Por favor tenta entender.

- Não consigo entender, Alicia. Preciso repousar nesse momento para tentar colocar a cabeça em ordem. Mais tarde nós conversamos melhor. - a Eva se afasta para longe da sala.

Alicia se envolve em um sentimento de culpa e arrependimento. Quando a sua irmã a fez expôr toda a sua omissão, a menina conseguiu encarar as coisas com os olhos dela. Nesse momento ela se deu conta do ocorrido.

- Sou uma péssima irmã.- concluí sozinha.

A jovem decide caminhar para fora de casa em busca de um ar. Por coincidência o Carlos Eduardo está do lado de fora também observando o luar. Ele acena com um sorriso de longe e em seguida caminha em sua direção.

- O céu está bonito hoje, não? Aprecio cada pequeno detalhe do universo. - o homem se aproxima e volta o seu olhar para cima. - Olha só uma estrela cadente  ali.  - aponta animado para o fenômeno natural. - Faz um pedido, Alicia.

- Gostaria de voltar no tempo e mudar as coisas com a minha irmã. - diz a mulher por fim.

- Sinto muito por ter falado demais com a Eva.

- Está tudo bem. Você não tem culpa de  nada.

- Mesmo assim me desculpo. Me deixa mal fazer parte da sua tristeza mesmo sem intenção.

- Isso é gentil, mas pode ficar tranquilo em relação a isso.

- Tem alguma coisa que possa te deixar bem?

- Não há nada, Carlos Eduardo.

A jovem acena em despedida e retorna para dentro do lar. A sua irmã aguarda sentada no mesmo lugar da conversa das duas. Ela tem uma expressão mais tranquila em seu rosto.

- Sinto muito por...

- Está tudo bem, Alicia. - a mais velha interrompe. - Eu que sinto muito pelo seu quase acidente e também sinto gratidão pelo Carlos Eduardo estar lá na hora certa. Acho que entendo toda a sua omissão sobre o assunto. Não vamos mais falar sobre isso, pode ser? Venha cá e me abrace.

Os olhos da Alicia se enche de lágrimas ao se envolver num abraço com sua irmã. Ela senti uma paz dominar o seu corpo. Eva é mais do que sua irmã mais velha é a sua melhor amiga também.

- Sabe a promoção que estava aguardando no trabalho? - diz Eva ao se separar do abraço.

- Claro, lembro sim.

- Consegui, Alicia. Na próxima semana já me mudo para o Rio de Janeiro e vou ficar lá pelos próximos quatro meses.

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