Há duas semanas o jovem Carlos Eduardo tinha voltado para a casa dos seus pais com os seus filhos. Inclusive as crianças estavam se comportando bem com a mudança repentina. Quase nunca citavam a mãe ou o ocorrido. Com a exceção da menina Safira que era mais próxima da figura materna. Já esperava que houvesse um sinal durante o período. Então a menina parecia distante e pensativa.
A ruiva adulta chamada Samantha Montebello tinha entrado em contato com o Carlos Eduardo e pedido um encontro em particular. Ele só queria ignorar a mensagem dela pela eternidade. Ele queria gritar e afastá-la de sua vida por uma vez por todas. Queria fingir que ela nunca existiu. Mas reconhece que tem pendências que não se podem fugir para sempre. Então, se convenceu de se encontrar com mãe de seus filhos.
Ao chegar na discreta cafeteria no centro da pequena cidade de Belas Flores que era no estilo moderna e contemporânea. O Carlos Eduardo a visualiza sentada em uma pequena mesa bem no fundo do estabelecimento. No caminho até a mesa flashes do fatídico dia surge em sua cabeça. E se mistura com uma retrospectiva de todos os momentos em família com os trigêmeos. Em sua mente existem duas mulheres. A mulher da sua vida e a ruiva má do oeste. Ambas não podem coincidir.
Ao se aproximar da mesa, o jovem Carlos Eduardo se senta em sua frente. Ele enxerga a sua beleza rara. Ela veste um vestido azul claro que reluz com os seus olhos também azuis e o seu decote coração ressalta as curtas madeixas ruivas claras. A sua elegância com um simples manuseio de uma xícara de chá aos lábios finos rosados se torna uma atração. Ao olhar ao redor repara em olhares discretos de homens. Ela é uma bela de uma predadora com uma aparência radiante.
- Olá, Carlos Eduardo. - sorri limitado aos lábios e repousa a xícara em cima da mesa. - Não sei o que você espera que eu diga, mas não posso dizer que lamento muito. Me permita ser sincera e dizer que me alivia que tenha descoberto.
- Você sempre foi assim? - pergunta Carlos com revolta na voz.
- Nunca pensei em me casar e durante esses anos nunca me senti tão sufocada. Acreditei que casar seria a melhor solução quando você descobriu sobre a gravidez.
- Você destruiu tudo o que tínhamos. - sua voz embarga e seus olhos escuros se enchem de dor.
- Não tem como destruir algo que nunca existiu, Carlos Eduardo. - sua voz é cortante e afiada como uma lâmina. - Se você concordar a casa pode ser vendida e divida entres nós.
- Jamais poderia retornar para lá, então fique com a casa.
- Ok. Mas em relação as crianças desejo a Safira. Preciso de uma filha ao meu lado. Como você sabe o seu ex-chefe é velho demais para ter outro filho.
- Não quero acreditar nisso. - diz Carlos Eduardo sem conter a sua indignação
- Em qual parte?
- Como pode ser tão superficial em relação a isso? A Safira não é uma boneca que você pode escolher e descartar os outros dois como se não fossem nada.
- É claro que podem se separar. Só tem cinco anos e nem vão lembrar disso no futuro.
- São crianças e seus próprios filhos. Exijo a guarda de todos permanente e completa. Não posso permitir a sua presença na vida deles.
- Pois bem, Carlos Eduardo. Não queria ter que apelar para meios jurídicos. Até porque você é a última pessoa no mundo que deveria optar por isso. Não passa de um homem desempregado que mora com os pais. É uma luta perdida.
- Você pode até ter razão. Mas vou lutar até o fim pelos meus filhos.
- Isso não lhe cai bem, esse seu pobre heroísmo. Só aceita que já perdeu.
- Você é a pessoa mais frívola e cruel que já conheci.
- Sei que ainda me deseja. Sei também que nunca mais vai querer se relacionar como outra mulher. Você é esse tipo de homem. Previsível. Cansativo. Não sei como suportei tanto tempo ao seu lado. Sabia que fiz de propósito? Não foi acidental. Sabia que chegaria mais cedo e armei cada detalhe.
- Não sei como me apaixonei por você um dia. Você é um monstro.
- Não, não sou. Eu sou uma mulher desejável. Por isso me escolheu. Esse é o mesmo motivo que seu ex-chefe, o Armando, também me deseja. Ele me quis desde a primeira vez que me viu com você. Não pode me culpar. Ele é um homem muito rico e poderoso. Já você era um gerente pobre e humilde.
- Queria nunca ter te conhecido.
- Você parecia muito feliz em nossas noites de " amor ". - diz com cinismo e pisca.
- Você não merece o meu tempo. Saiba que nunca vou desistir dos meus filhos. Você não é digna deles. - diz o Carlos em um tom firme e grosso. Ele se levanta de forma abrupta e caminha para fora do local em passos largos sem olhar para trás.
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DESAMOR
Romance[ CONCLUÍDA ] Carlos Eduardo tinha uma boa vida ao lado de sua esposa e trigêmeos. Ele era gerente em um ótimo restaurante e tinha um bom chefe. Não existiam motivos para reclamar. Até que em uma fatídica noite ele retorna cedo para sua casa e se de...