Capítulo 21- Eles, você e eu

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Alicia sempre sonhou em ser mãe. Desde o tempo em que as suas bonecas faziam o papel de filhas. Ela sonhava com o dia em que construiria uma linda família como a sua. Sempre se imaginou assistindo ao lado de seu marido, os seus filhos correndo alegres por toda casa. Isso parecia ser a vida perfeita para ela.

Já havia mais de três horas que o Carlos Eduardo e seus filhos moravam na casa da Alicia. A mudança tinha sido tranquila em todos os aspectos. Pois eram casas vizinhas e não tinham muitas coisas para ser levadas. Ambos os jovens tinham ajeitado a casa para ficar o mais confortável possível para todas as partes.

Alicia encara os trigêmeos no sofá oposto e os três pares de olhos azuis intensos retribuem o mesmo gesto. Ela não sabia o que dizer diante da situação. Era tudo novo para todos os presentes. Carlos Eduardo sentado ao lado da Alicia permanece também em silêncio. Assim um clima de constrangimento domina todo o cômodo.

- Que tal fazermos um delicioso bolo de cenoura com bastante cobertura de chocolate? - pergunta a Alicia.

- Achei essa ideia incrível. É o nosso preferido, não é crianças?

- A mamãe nunca fazia bolo. - diz a menina Safira.

- Sempre quis aprender a fazer bolo. - diz a menina Pérola.

- E você, menino Edmundo? - pergunta Alicia.

- Parece maneiro.

- Ótimo então. Me sigam até o final do corredor onde é a nossa cozinha. Vai ser muito divertido, prometo. - diz Alicia com empolgação na voz.

As crianças seguem em filas e o Carlos Eduardo também. Ao chegar na cozinha de cor branca e no estilo escandinava, a Alicia orienta cada pequeno passo para realização do bolo como uma professora eficiente. O seu primeiro passo é entregar uma touca culinária para cada um envolvido no processo culinário.

- Quando a Iracema, minha antiga babá, me ensinou essa receita eu era muito nova. Mas chega de conversa e vamos de mãos ao trabalho. - diz Alicia que liga o rádio que toca a música Ain't No Mountain High Enough com Marvin Gaye e Tammi Terrel para embalar a aventura na cozinha.

O Mise in Place ( um termo francês que significa "pôr em ordem, fazer a disposição" ) do bolo de cenoura com cobertura de chocolate tem inicio. O Carlos Eduardo se encarrega de pegar a batedeira e o liquidificador que estão na prateleira alta. Enquanto o menino Edmundo se encarrega de pegar os ingredientes da cobertura na parte baixa do armário. Já as duas meninas Safira e Pérola junto da Alicia se encarregam de todos os ingredientes da massa do bolo.

Ambas se juntam no balcão com os ingredientes que começam a ser organizados em conjuntos. As crianças sentadas no balcão e os adultos em pé. A jovem orienta cada um com a quantidade exata para a massa, e os faz separar em bowls. Alicia coloca a batedeira na tomada e vai citando a ordem de cada ingrediente acomodado no objeto com a ajuda das crianças. Após o término da batedeira. Ela orienta o Edmundo a passar manteiga na forma vulcão e em seguida a Safira a passar farinha de trigo. Por último é a vez da Pérola em derramar toda a massa de cenoura na forma.

O Carlos Eduardo se encarrega de preparar a cobertura de chocolate. No cooktop com a Alicia ao seu lado o orientando sobre a ordem de cada ingrediente e a forma de mexer até o ponto correto. Assim ambos ficam próximos e no decorrer do tempo sorriem com troca de olhares intensas no preparo.

O cheiro de massa se espalha por todo o corredor. Alicia pede a atenção das crianças ao abrir o forno e enfia uma faca para verificar se está pronto. Ao comprovar retira o bolo e coloca a forma em cima do cooktop. O Carlos Eduardo avisa que a cobertura já está no ponto também.

- Vamos para a melhor parte agora. Vou desenformar o bolo e jogar toda a calda de chocolate por cima. Me ajuda, Carlos Eduardo?

- Sim, claro.

Alicia leva a massa na forma até um prato para bolo em cima do balcão. Ela retira da forma com sucesso. Uma massa bem fofa e cheirosa fica exposta. As crianças sorriem e aplaudem de seus lugares. Em seguida, o Carlos Eduardo despeja toda a calda por cima do bolo. As crianças observam fascinadas todo o processo.

- Vamos finalizar com estilo? Podem despejar os flocos de chocolate.

Logo os trigêmeos retiram o confeito do bowl e despejam por cima da calda do bolo. Eles sorriem e se encantam pelo resultado final. Os três pares de olhos azuis olham de forma maravilhada para a Alicia. E ela retribui com um sorriso alegre em seu rosto.

Quando soa 20: 00 no relógio, o Carlos Eduardo encaminha os trigêmeos para o novo quarto após a higiene pré-sono como de costume. Ele embala com os cobertores cada um em suas camas com seus pijamas junto da Alicia. Ela senti questão em ajudar com os trigêmeos.

- Quem quer ouvir uma historinha? - pergunta Alicia com uma coleção de livros da Disney em seu colo, sentada ao chão ao lado do Carlos Eduardo.

As crianças retribuem com uníssono positivo de seus lugares. Alicia junto do Carlos Eduardo escolhem o livro clássico do Patinho Feio. Ela empolgada conta a história e amostra todas as imagens presentes em seguida. Já ele reveza contando as partes na sequência. Mas as crianças dormem durante a leitura. Ambos se sentem decepcionados, mas se retiram em silêncio como cúmplices.

Alicia caminha até o banheiro e tem o seu banho relaxante pré-sono. Depois se arruma com uma roupa confortável e vai até o quarto. O Carlos Eduardo está arrumando um colchão no chão para dormir.

- Você pode dormir na cama, se quiser. Nós podemos dividir sem problema nenhum.

- Não posso aceitar. Você tem sido boa demais.

- Somos um casal de mentira, mas somos também pessoas maduras. Não tem problema nenhum, Carlos. Só se deite ao meu lado.

Ambos se deitam de barriga para cima e encaram o teto branco. Um grande constrangimento se espalha no ambiente. Assim cada um se vira para um lado diferente com os seus cobertores diferentes.

- Não sei como te agradecer pelo dia de hoje, Alicia.

- Não precisa. Me diverti tanto com as crianças e você.

- Também quero falar sobre ontem...

- Está tudo bem, Carlos. Não precisa dizer nada. Acredito que só se deixamos guiar pela sensação do momento. Somos humanos acima de tudo.

- Sim, somos humanos. Você tem razão. Obrigada pela compreensão de sempre.

- Não precisa agradecer. Mas vou desligar o abajur nesse momento, tudo bem?

- Tudo bem. Tenha uma ótima noite de sono, Alicia.

- Tenha uma ótima noite, Carlos.

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