Capítulo 26- A Fera

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Em uma tarde a Alicia senta no chão da sala para ler mais uma história da Disney para os trigêmeos que estão em um círculo à sua frente. Ela inicia com a parte em que o príncipe é almadiçoado pela bruxa e se transforma em uma terrível Fera. Repete com empolgação que só o amor verdadeiro poderá salvar a Fera de um fim trágico.

- Mas como alguém pode se apaixonar por alguém tão feio? - pergunta Safira com desgosto na voz.

- A beleza é muito relativa, minha menina.
O importante é o que temos dentro de nós.

- Eu acho que poderia me apaixonar por uma Fera. - diz Pérola pensativa.

- Eu queria ser uma Fera. - diz Edmundo.

- Num dia um senhor pega uma rosa para sua filha dentro do castelo almadiçoado. Logo a Fera se enfurece e decide prender o homem, porém diz que ele pode trocar por uma de suas filhas. O senhor retorna para casa desnorteado e conversa com elas. A Bela, filha mais nova, se propõe a ir no lugar do pai.

- Nossa, ela é muito corajosa. - diz Edmundo.

- Queria ser como a Bela. Mas tenho medo até de barata. - diz Pérola.

- Ela é dodói da cabeça, só pode. - diz Safira

- Quando chega no palácio a Bela fica fascinada com tamanha beleza e elegância do local. Até que se ver bem diante da Fera mostruosa. A menina fica aterrorizada e acha que vai morrer, mas a Fera conversa de forma gentil com ela. Então a Bela ver que não é um monstro na verdade. No passar dos dias a jovem começa a se afeiçoar à Fera. Começa a enxergar suas qualidades interiores e isso a encanta.

- Isso é muito estranho! A mocinha se apaixona por um monstro que a prendeu em um castelo. - diz Safira.

- A Fera parece ser um bom homem, apesar de tudo. - diz Pérola

- Eu queria virar uma Fera e morar em um castelo como do livro. - diz Edmundo

- Em uma tarde, a Fera revela seus sentimentos a Bela e a pede em casamento. A moça pede para fazer uma visita ao seu pai em busca de conselho, mas também para pensar na proposta. A Fera apaixonada permite a sua saída, mas pede o seu retorno em 7 dias. Pois era o seu tempo restante antes de terminar a maldição. A Bela retorna para casa e perde a noção dos dias. Assim passa mais de 7 dias longe do castelo.

- A Bela foi bem cruel com a pobre da Fera. - diz Pérola.

- Até que em uma noite a Bela sonha que a Fera está falecendo bem diante de uma roseira. Logo, ela se lembra da promessa de retorno. Assim parte com urgência em direção ao castelo. Quando chega no local a Fera está próxima da morte, mas a Bela confessa seus verdadeiros sentimentos. E no mesmo instante o corpo mustruoso se transforma em um belo princípe na frente da mocinha. Ele conta que tinha sido amaldiçoado por uma bruxa e só uma paixão sincera poderia libertá-lo. Assim, os dois vivem felizes para sempre. Fim.

- Espero um dia me apaixonar como a Bela pela Fera.

- Achei muito maneiro a Fera ser o princípe.

- Nunca conseguiria me apaixonar por um monstro. Deus me livre. .

- Neste conto aborda que as aparências não são o que mais importa, minhas crianças. A maior beleza é ter um coração bom.

No término da leitura, Alicia encaminha as crianças até o quarto para uma soneca da tarde. No retorno a sala de estar o som da campainha invade a casa. Ela caminha até o portão. Acredita ser o Carlos Eduardo e seu instinto é sorrir ao recebê-lo como de costume.

Ao abrir o portão a decepção toma conta do seu ser ao ver que o homem à sua frente é o seu ex-noivo, o Fernando Guimarães. Ele está como em suas memórias. O cabelo cacheado, loiro, curto e bem definido. Os olhos acizentados e um sorriso discreto nos lábios rosados. A sua vestimenta formal como de costume é um terno vinho com uma gravata branca.

- Sei que não sou a pessoa que mais deseja ver. Mas me permita conversar com você só por um breve tempo.

Alicia assenti e permiti a entrada do homem. Ambos caminham de forma silenciosa até a sala. Ela sugere um sofá na sua frente para ele se acomodar.

- Confesso que não tem um único dia do qual eu não me arrependa por ter te abandonado no altar. Não imagino o quanto deve ter sido duro para ti. Você aceita as minhas sinceras desculpas?

- Se eu aceito? Já te perdoei há muito tempo. Não que você seja digno do meu perdão. Mas sim para que eu pudesse seguir em frente.

- Você está certa. Não sou digno de nada seu. Só preciso dizer...

- Não precisa me dizer mais nada. Somos só dois desconhecidos agora. Não tem nada nesse mundo que possa mudar isso. Desejo que tenha uma vida próspera e feliz. E me permita te levar até a saída, por favor.

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