Capítulo 18- Família, presentes e rosas

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Carlos Eduardo se sentia o homem mais feliz do universo no caminho de volta para casa. Ele decidiu que nada poderia estragar o seu dia. E segue a risca quando seu ônibus passa quase uma hora depois de sua espera e ainda quebra no meio do caminho. Mas mesmo assim ele sorri em um ponto qualquer que a condução o larga. Quando outro ônibus surge lotado ele fica preso na roleta, mas ainda consegue manter o seu humor intacto.

Carlos Eduardo fica no centro da cidade de Belas Flores. Ele decide passar em um mini shopping e comprar presentes para toda sua família. Passa de loja em loja e escolhe pelo seu conhecimento o maior agrado para cada um. Isso o leva a perder noção das horas. Até quando a noite se faz presente no ambiente. Próximo ao seu retorno ele observa uma senhora idosa cercada com belos arranjos de flores para venda. Ele se recorda da Alicia.

- Gostaria de comprar algum arranjo para sua amada? - diz a mulher de cabelo branco preso em uma longa trança e marcas do tempo em sua face. Ela sorri com um olhar cansado.

- Ela é a minha noiva, mas nós não estamos juntos de verdade. As vezes queria que tudo fosse real, mas não posso me permitir amar de novo. É uma história tão complexa, minha senhora.

- Meu querido jovem, o amor é a beleza da vida. Não deixe de amar. Se gosta da moça se permita sentir isso.

- Queria que fosse fácil assim.

- Nunca será fácil. Mas o amor e o tempo podem curar tudo. Vou te presentear com esse arranjo de rosas lavandas. O significado é encantamento e amor à primeira vista. É o ideal para um romance que está a florescer. Entregue para a sua jovem.

- Não posso aceitar. Me permita comprar o arranjo.

- Meu falecido marido foi o único homem da minha vida. Ele me ensinou o verdadeiro significado de um romance. Não era uma jovem fácil, mas o George decidiu que ficaríamos juntos até o fim. Só lamento que os seus dias tenham sido mais curtos do que os meus.

- Sinto muito pela sua perda. - diz Carlos Eduardo com empátia.

- Meu querido jovem, só aceite o presente de uma senhora que acredita no poder do amor.

Carlos Eduardo assenti. Ele retira o arranjo das envelhecidas mãos da senhora e sorri com gratidão. Ela retribui o sorriso.

Ao chegar em casa, Carlos Eduardo encontra toda a sua família na sala. O seu coração se enche de alegria ao contemplar a cena. Uma música mexicana contagia todo o cômodo. A sua mãe dança e cantarola em espanhol. Os trigêmeos tentam acompanhar a vó. Já o seu pai Carlos Alberto está sentado no sofá em um dialogo com o casal de filhos gêmeos.

- Papai, a vovó me ensinou uma frase em espanhol. - a menina Pérola corre em sua direção e sorri radiante ao contar a novidade.

- Qual meu amor? - diz Carlos Eduardo acariciando os longos cabelos ruivos da menina.

- Me encanta la casa de la abuela. - a menina se esforça para pronunciar de forma correta cada palavra.

- Muy bien. - a avó se alegra com uma piscada cúmplice.

- Gracias, abuela. - a menina sorri fascinada com mais uma pequena frase em espanhol.

- Minha querida família tenho uma novidade para compartilhar. - diz Carlos Eduardo convocando a atenção de todos. - Mais cedo estive em uma entrevista de trabalho em um restaurante em Guarulhos. Finalmente estou contratado.

- Hijo mío, qué maravillosa noticia. Yo estoy tan feliz. - diz a senhora Paulina que envolve o filho mais velho em um abraço caloroso.

- Sempre acreditei em você, meu filho. - diz o senhor Carlos Alberto que sorri e também abraça o filho.

Os trigêmeos sorri contentes e se agitam por ver o pai feliz. O casal adolescente de gêmeos, irmãos mais novos, repetem um sinal de positivo para a conquista do irmão. Além de sorrisos com afirmação.

- Assim para compartilhar minha felicidade por completo comprei presentes para todos.

Carlos Eduardo entrega dois embrulhos para cada um de seus pais. Em sequência dois embrulhos para seus irmãos gêmeos Alejandra e Juan. E por fim entrega um embrulho para cada um de seus trigêmeos. Logo, cada um abre seus presentes embrulhados.

- No creo que hayas comprado un cuadro bordado. Tenía muchas ganas, gracias hijo mío. - diz dona Paulina fascinada com um quadro bordado Mexicano.

- Não acredito que ganhei um relógio. O meu antigo tem a sua idade, meu filho. - diz Carlos Alberto encantado com um relógio preto masculino minimalista.

- Olha mãe e pai, tenho uma nova bola para jogar na quadra do bairro com os meus amigos. Valeu, irmão. - diz Juan testando a bola de basquete no chão da sala.

- Aquí no muchacho, sólo en la calle. - dona Paulina censura o filho mais novo.

- Nossa uma maleta de maquiagem. Sempre quis ter uma dessas. Obrigada, irmão. - diz Alejandra com um sorriso enorme em seu rosto.

- Um boneco do Homem Aranha para minha coleção, obrigada papai. - diz Edmundo.

- A boneca Barbie do último filme de desenho. - diz Pérola e Safira ao mesmo tempo. - O papai é o melhor.

Os trigêmeos correm até o pai e o envolve em um abraço coletivo. O coração do Carlos se enche de uma felicidade satisfatória. Ele se dá conta do tamanho do amor por sua família. Observar cada sorriso e empolgação em suas frases deixou a sua conquista mais completa. Até porque o maior sentido do amor é isso.

Carlos Eduardo se senti nervoso ao ver o portão da casa vizinha. O arranjo de rosas se escondem atrás de seu corpo. Ele não sabia muito o que dizer, não tinha preparado nada. Mas a voz da senhora idosa ecoa em sua mente. E se ela tivesse razão?

Alicia surge no portão com uma jardineira jeans na altura dos joelhos e uma camisa rosa. O longo, liso e loiro cabelo está solto e bem penteado como de costume. Ela sorri em sua direção, mas seus olhos estão tristes.

- Carlos Eduardo? O que te traz aqui?

- Passei na entrevista do Valle Restaurante.

- Nossa, isso me deixa tão feliz. - diz e o abraça de supetão.

Ambos se envolvem em um abraço carinhoso e gentil. Ele se permite fechar os olhos e sua mão direita toca de forma leve e respeitosa as costas dela. A garota se afasta com uma alegria contagiante no olhar e um sorriso enorme.

- Alicia... - hesita ao buscar palavras certas.- Uma senhora idosa muito gentil me presenteou com esse arranjo de rosas. Ela me disse para te presentear em seguida.

- São rosas lavandas que significam encantamento e amor à primeira vista. Também para um romance que está a florescer. - acaricia as rosas no arranjo e segura em suas mãos. - Carlos Eduardo, não sei o que dizer.

- Não sabia o significado.- menti.- Espero que não seja mal interpretado. Até porque a senhora vendedora que me presenteou.

- Sim, claro. Não precisa se preocupar. Sei que isso não significa nada, além de gentileza de sua parte. Mas me sinto grata pelo gesto de qualquer forma.

- Disponha, Alicia.

- Carlos Eduardo, preciso descansar agora. Pois o meu dia foi exaustivo. Espero que compreenda. Te desejo uma boa noite.

- Entendo sim, Alicia. Tenha uma boa noite também.

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