Capítulo 25- Casa comigo?

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Alicia e Carlos Eduardo assistem os trigêmeos no carrosel do parque de diversões na pequena cidade. As crianças curtem o momento ao máximo com sorrisos sinceros e acenos na direção dos mais velhos. O  jovem casal retribui a interação, mesmo que haja uma tensão entre eles.

- Não posso te pedir para casar comigo. Então, entendo se quiser desistir. - diz o Carlos Eduardo

A jovem mulher continua sua atenção presa na atração infantil do parque. Observa o sorriso das crianças e a alegria em seus olhos. Também relembra da Paulina com o seu discurso em espanhol sobre " la bruja pelirroja ".

- Eu caso com você. - diz a Alicia.

- Acho que não entendi direito, poderia dizer de novo.

- Disse que caso com você, Carlos Eduardo. - a Alicia afirma mais uma vez ao encarar um semblante incrédulo do homem a sua frente.

- Soube do seu noivado com o Fernando Guimarães. Preciso dizer que lamento muito. Ele é um completa idiota por perder uma mulher como você. - diz Carlos Eduardo. - Você é a mulher mais incrível que conheci. Não me falta adjetivos para te atribuir. Mas não posso permitir que se case comigo desse jeito. Ah se fosse em outra vida. - suspira cansado.

Alicia o encara com perplexidade em sua expressão. Não se importa com a parte do Fernando Guimarães. Mas sim com a parte que o Carlos a  exalta como mulher e revela um possível relacionamento em outra vida entre os dois.

- Papai, os cavalinhos são maneiros.  - diz o menino Edmundo com o seu adjetivo preferido e abraça o pai. - Por favor, me deixa ir de novo lá. - o menino o encara de um jeito pidão.

- Tudo bem. Vou entregar mais três ingressos.

- Não, papai. Nós queremos aqueles ursos bem grandrões. - diz Safira de forma apressada.

- Isso, papai. - afirma a Pérola.

Carlos Eduardo entrega um ingresso para o funcionário do carrossel e caminha com Alicia e suas filhas até a barraca de tiro ao alvo. As meninas se agitam com as pélucia  penduradas.

- Venha meu querido cliente e lindas moças. Aqui tenho o melhor jogo de todo o parque, modéstia a parte. - diz o jovem com roupa e maquigem de palhaço. - Se o senhor acertar no mínimo três guarrafas das cinco que estão nessa fileira, vai ter o direito pegar dois presentes quaisquer dessa humilde barraca. Só me passe o ingresso.

Carlos Eduardo troca o ingresso por uma arma de brinquedo. Ele a segura com precisão e mira em uma fileira em especial de garrafas. Com um olho fechado e uma posição de soldado de guerra, o homem desfere o primeiro tiro. A bala foge total das garrafas. O Carlos se frusta com o primeiro erro. Mas volta a mesma posição e mira mais uma vez na garrafa, e perde mais uma bala para sua frustação.

- Nossa papai, o senhor é péssimo. - a menina Safira gargalha na companhia da Pérola.

- Posso tentar, Carlos? - pergunta Alicia com empátia pela cena.

- Pode sim. Mas saiba que é muito difícil e as chances são uma em um milhão.

O homem entrega a arma para Alicia e se afasta para perto das duas meninas para assistir. A jovem mulher se posiciona com maestria e atira a primeira vez  acertando uma garrafa. As meninas idênticas se agitam em comemoração.

- Isso é sorte de principiante. - implica o Carlos na brincandeira.

- Pode ter sido sim. - responde Alicia

A jovem mais uma vez se posciona e mira em seu alvo seguinte, logo o acerta em cheio. No último tiro outra garrafa vai ao chão. As meninas Safira e Pérola a abraçam com gratidão. Carlos Eduardo sorri e aplaude a cena com fascínio.

- Foi tudo sorte de principiante.

- Seja como for, meus parabéns loirinha. Agora escolha dois presentes. - diz o palhaço.

- Podem escolher, minhas meninas.- diz a Alicia.

A menina Pérola escolhe um urso de pélucia rosa com o seu mesmo tamanho. Já  a Safira escolhe um urso lilás menor com um coração em mãos. O casal de jovens junto das meninas retornam ao carrosel e ver um Edmundo na espera de ambos. As crianças ainda curtem no minhocão, xícaras malucas, cama elástica e escorregador. Além de provar as comidas típicas do local.

No término do passeio as crianças estão desmaidas nos colos dos adultos. Carlos Eduardo com o Edmundo e Pérola. E Alicia com a Safira em seus braços. Ao chegar em casa os trigêmeos lutam contra o sono para suas higienes pessoais. Eles são colocados em suas camas e cobertos pelos mais velhos. Em segundos apagam por completo.

Na sala de estar Alicia e o Carlos Eduardo observam a televisão em silêncio. Um romance clássico passa na rede globo com Demi Moore e Patrick Swayze. Ambos reconhecem o famoso filme
Ghost - Do Outro Lado Da Vida.

- Dizem que esse filme foi mais reprisado que A Lagoa Azul. - diz o Carlos Eduardo.

- Essa é a melhor parte, também a minha preferida. Ele vai aparecer para ela em meio a luz e dizer o épico " O amor verdadeiro sempre levamos conosco. " - repete Alicia junto dos personagens na televisão.

- Posso te fazer uma pergunta? - interroga o Carlos Eduardo.

- Sim, claro. - responde Alicia curiosa

- Perdo-me se for intrometido da minha parte. E se optar por não responder está tudo bem. Mas você ainda ama o Fernando?

- Já o amei de forma intensa por muito tempo. E meu coração se despedaçou no desastre do casamento. Mas não o amo mais, com certeza. Também não o odeio. Só não sinto mais nada por ele. E sobre a sua ex-esposa? Como você se senti?

- Também me sinto dessa forma. No princípio a odiava por inteiro, mas escolhi não permanecer assim.  Não vale a pena.

- Carlos Eduardo, me permita casar com você. Aprecio o seu amor pelos trigêmeos e também tenho estima pelas crianças.

- Não é justo da minha parte te envolver mais do que o combinado. Isso é demais para você.

- Não precisa me proteger. Posso decidir por mim mesma. Já estou convencida da minha escolha.

- Acho que não posso mudar sua ideia, certo?

- Certo. Não poderá mesmo.

- Tudo bem, então. Me permita fazer o meu pedido.- o homem se ajoelha e se aproxima dela. E põe sua mão na dele. - Alicia, minha noiva de mentirinha. Te admiro por inteiro. Tu és surreal. E sou um pobre homem perto de ti. Mas gostaria de me dar a honra de ser a minha esposa?

- Carlos Eduardo, você não é um pobre homem. É o homem mais honrado, gentil,  dedicado e empático que conheço. E  a honra vai ser minha por ser sua esposa mesmo que por um curto período.

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