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Pego meu celular,cansada, me deito na cama, pronta para dormir. Com a mente inquieta, abro um aplicativo de vídeos e começo a passar pelas intermináveis recomendações. Cada vídeo é uma breve distração, uma tentativa de afastar os pensamentos do dia.

De repente, um som abafado ecoa pela porta do quarto, interrompendo minha busca por algum alívio temporário. Uma batida. Lindy, minha empregada, está do outro lado. Ela sempre cuidou de mim, desde a perda de minha mãe. Sua voz suave revela a preocupação e o carinho que tem por mim quando ela adentra o quarto.

— Vim trazer seus remédios, Senhora Hanna — diz Lindy, entrando no quarto. Seus olhos expressam uma mistura de cuidado e compreensão.

Desvio o olhar, sentindo-me um pouco envergonhada. Ainda não me acostumei com o peso de ser chamada de "senhora".

— Lindy, por favor, não me chame assim. Apenas Hanna, está bem? — imploro, com a voz fraca, enquanto ela coloca a bandeja de remédios na cama ao meu lado, junto com um copo de água.

Lindy sorri de ladino.

— Desculpe, Hanna. Eu entendo. Você deve estar exausta. Posso preparar algo para você comer? — Ela pergunta, mantendo a serenidade em sua voz.

Nego com um aceno de cabeça, incapaz de encontrar apetite. Lindy deixa o quarto e fico novamente sozinha com meus pensamentos.

Pego os remédios e engulo-os com um gole de água. Coloco a bandeja na mesa ao lado da cama, minha expressão cansada refletindo-se no brilho da tela do celular. Decido me distrair mais um pouco e continuo assistindo aos vídeos.

E então, entre as recomendações, surge um vídeo da banda Tokio Hotel. A legenda diz: "Meu marido, Tom Kaulitz". É uma edição nostálgica, justamente a época que conheci tom, quando ele tinha apenas dezoito. Um sorriso involuntário escapa dos meus lábios, mas logo se desvanece quando as memórias um pouco dolorosas retornam em cascata. Eu sempre afirmo que não me importo, mas cada vez que me deparo com algo relacionado ao Tokio Hotel, meu coração dispara, como se algo inacabado estivesse prestes a emergir.

Respiro fundo, fechando os olhos em busca de calma. Decido desligar o celular, guardando-o debaixo do travesseiro. Me aninho na cama, sentindo o calor dos lençóis me envolver. A exaustão finalmente toma conta de mim, e aos poucos, lentamente, meus olhos se fecham, dando espaço para o doce alívio do sono.

[...]

Aos poucos, acordo para a realidade perturbadora da voz de Carl ecoando pelo quarto. Ele bate palmas e abre as cortinas bruscamente, inundando o aposento com a luz do sol da manhã. Com os olhos entreabertos, tento proteger-me da intensidade luminosa, cobrindo meu rosto com as palmas das mãos.

— Não, Carl, me deixe em paz — murmuro, frustrada. Porém, ele se senta na cama, batendo levemente nos lençóis.

— Hoje é o dia do clipe, amor. Levanta logo, Hanna — insiste ele.

Pergunto Ainda confusa, tento recordar a programação. — Não era semana que vem? — pergunto, esfregando os olhos.

— Não, era hoje. Ainda bem que eu estou aqui para cuidar da sua carreira, senão, ela estaria afundada — ele diz, revirando os olhos e, dessa vez, forçando-me a sentar na cama. Coço meus olhos e bocejo, percebendo, então, uma roupa pendurada na cadeira da minha penteadeira, provavelmente o figurino para o clipe.

— Vai, Hanna, os produtores já estão esperando lá embaixo — ele apressa.

— Tudo bem, tudo bem. Vai descendo, já estou indo. Só preciso colocar a roupa e tomar um banho — respondo, enquanto ele se levanta da cama e caminha em direção à porta, batendo-a ao sair.

Desorientada, levanto-me com dificuldade. Começo a tirar minhas roupas lentamente. Cambaleando um pouco por conta do sono, dirijo-me ao banheiro e ligo o chuveiro, deixando que a água quente caia sobre mim, proporcionando um breve alívio. Sinto cada gota escorrendo pelos meus cabelos, refrescando-me gradualmente. Meus dedos massageiam suavemente o couro cabeludo e outras partes do meu corpo.

. Após secar meu corpo com a toalha, caminho até a pia, ainda envolvida na toalha, e pego a escova de dentes. Coloco pasta dental na escova e começo a escovar, determinada a afastar qualquer sinal de bafo matinal. Afinal, ninguém merece isso logo às 10 horas da manhã.

Saindo do banheiro, começo a vestir a roupa que estava pendurada na cadeira. Ao me analisar no espelho, percebo que a peça é extremamente justa, me deixando tão desconfortável que pareço um boneco de plástico. É uma sensação estranha ter meu corpo aprisionado dentro dessa vestimenta.

Com certa dificuldade, me dirijo à porta. Vejo Lindy na cozinha, preparando o almoço. O cheiro delicioso da comida se espalha pelo ambiente.

Ela me observa com um sorriso brincalhão nos lábios.

— Hanna, isso não parece nada confortável — ela diz, soltando risadas um pouco roucas devido à idade.

— Realmente, não é nada confortável, Lindy. Socorro! — respondo, brincando com a senhora, enquanto continuo meu caminho até o jardim da minha casa. Lá, avisto várias câmeras e dançarinos.

— Finalmente chegou, não é mesmo? — diz o produtor, com impaciência. Procuro Carl e meu pai e vejo-os observando tudo da sacada.

— Como você espera que eu dance com isso? — questiono, cruzando os braços abaixo dos seios, com uma expressão de incredulidade.

— Você tem que dar um jeito. Aliás, os dançarinos já estão prontos — responde o produtor. Ja falei com Carl. Odeio esse produtor com todas as minhas forças. Tenho certeza de que irei descontratá-lo após esse clipe.

Os dançarinos começam a assumir suas posições, e eu me dirijo ao centro Do cenário . A equipe ajusta as luzes, as câmeras estão prontas e é hora de começar: ação!

A música começa a tocar e nós começamos a dançar. A roupa apertada dificulta bastante, especialmente nos passos mais complexos. Eu mexo os quadris no ritmo da música, deixando a melodia me envolver. À medida que começo a entrar na vibe da música, as câmeras se apagam.

— Pare, pare, você aí! — diz o produtor, apontando para um dançarino e chamando-o para ficar na sua frente. O dançarino vai até ele, visivelmente tenso.

— Cara, você é completamente inútil. Está errando todos os passos, seu idiota! — diz o produtor, numa atitude completamente desrespeitosa. Fico chocada ao ouvir aquelas palavras dirigidas ao dançarino e sinto empatia por ele.

— Desculpe, senhor — responde o dançarino, com a cabeça baixa. O produtor o manda voltar para a posição original, e consigo ver a decepção em seus olhos.

Aproximo-me do dançarino e coloco minha mão em seu ombro, tentando transmitir conforto. — Vai dar tudo certo, ok? É normal cometer erros. Esse velho careca é chato mesmo — digo, tentando animá-lo. Pouco a pouco, a expressão de tristeza em seu rosto desaparece e ele me oferece um sorriso.

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CALL OUT MY NAME-Tom Kaulitz.(PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora