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Isabelle

Eu vivo pra minha filha. Cada dia que passa eu percebo o quanto ela precisa de mim. Depois de mta terapia, Sofia voltou a dormir a noite inteira sem acordar chorando ou gritando.

Ainda bem que pra ela está funcionando. Já comigo eu só durmo a base de remédio. Passo noites e dias acordada olhando pra janela desconfiada, esperando o momento de Moisés aparecer aqui

Com o tempo eu reconheci e aceitei a ajuda deixando minha psicóloga terapeuta entrar. Foi difícil, mas cada dia eu vejo os passos que estamos dando. Sim, estamos pq nessa eu descobri que não estou sozinha

Minha mãe vem sofrendo juntinho com a gente... a distração dela é Cida, que vem trazer a alegria pra casa com aquele jeito dela.

Mas a cada dia estou vencendo meus medos, meus receios e minhas inseguranças.

Com muita conversa eu consegui me convence que Sofia precisa ir pra escolinha. Minha mãe colocou ela em uma escola de alto padrão, tanto de segurança quanto de ensino.

Sou eternamente grata a ela por tudo que tem feito na minha vida. E eternamente arrependida de tudo que fiz com ela.

A escola está fazendo mt bem pra Sofia. ela volta conversando contando tudo da amiguinha dela, ou coisas que a professora fez. Eu sempre venho sorrindo com as histórias dela... me alegrando com a alegria dela

Ver a minha filha bem, é tudo que eu mais quero.
Mas no fundo eu sinto que estou presa ao meu passado.

Minha mãe comprou outro carro na desculpa de que um carro diferente, Moisés não iria me seguir mesmo com os seguranças atrás. e isso me deu muita autonomia e coragem pra sair de casa.

Tem dias que eu simplesmente saio digirindo sem fim pelo Rio de Janeiro somente pra distrair minha mente. Mas ultimamente isso não vem mais dando certo.

Não sou financeiramente dependente da minha mãe pq alem do meu trabalho, eu descobri por ela que meu pai deixou uma boa quantia pra mim.

Além de ter deixado pra mim a casa em Cabo Frio, ele deixou duas lojas  no principal mercado de distribuição de todos os tipos de alimentos no Centro do Rio de Janeiro, o famoso CEASA. É lá que os caminhões abastecem e distribuem mercadorias por todo o estado.

E com isso, todo mês um dinheiro cai na minha conta que eu nem imaginava que tinha.

Além desses dois no meu nome, meu pai tinha outros comércios administrados por uma empresa que minha mãe não quis me explicar como funciona e tbm não faço questão de saber.

Mesmo com os zeros se multiplicando na minha conta, eu amo aquilo que me formei, que passei anos e anos estudando pra me formar.

Já estudamos a possibilidade da minha volta pra o hospital... mas todas as vezes que penso em voltar, Fico desesperada de algo der errado. Mesmo sabendo que uma hora isso teria que acontecer... não posso ficar pagando plantão pra sempre... estão relevando até muito

Eu preciso reagir, preciso criar a minha filha, preciso ter forças pra vencer esse demônio que mesmo longe, ainda me faz muito mal.

Levo Sofia na escola apreensiva olhando pra todos espelhos. Quando chego no estacionamento coberto  da escola, eu saio  com ela correndo pra deixá-la dentro da escola.

— boa aula filha— fala esmagando ela

— tchau mamãe...— ela me da um beijo e me empurra pra sair dos meus braços, ansiosa pra entrar.

— mamãe te amo— digo quase chorando

Ela me fala de volta e sai correndo no meio do pátio entre várias crianças. Olho pro lado e vejo o segurança em seu lugar e nem isso me faz ficar tranquila. Mas infelizmente não posso ficar aqui

Destino traçado Onde histórias criam vida. Descubra agora