Destino traçado

26

Eu amo a companhia de Paloma. A leveza dela não existe. Ela tem o poder de mudar o clima do ambiente em um estalar de dedos. Uma hora estamos brigando, em outra estamos rindo tão alto que precisamos sair do refeitório...
Infelizmente 1 hora com ela passa voando e tenho que voltar aos meus deverem.

Chego no meu setor e sou assunto do momento onde tenho que explicar como tudo aconteceu.
Não que eu deva, mas pra ter uma relação de amizade aceitável exige uma troca, e eu não tenho o porque esconder isso já que o hospital internado já sabe.Então nao vi problema em contar.

E pra falar a verdade, foi ótimo. Me senti super bem em poder contar algo da minha vida pra alguém. Soube pela radio fofoca outras que as minhas técnicas estavam todas ao meu lado no bafafá que teve pós confusão

Agora parece que o hospital ta divido em lado A e lado B... não que eu queria isso, mas um monte de mulher no mesmo ambiente sempre tem essas rivalidades. E saber o motivo disso me deixa puta com Bernardo pro ser tão cretino assim

Assim que minha enfermeira sai pra fumar ele surge do quinto dos inferno. Me controlo pra não perder a cabeça, pq é tudo que esse povo quer.

— olá gatinha— ele fala baixo sorrindo debruçando no balcão pra ficar mais próximo — como vc ta?

Pergunto todo sínico que me da raiva

— tem como vc parar de me chamar de gatinha?— peço entre os dentes

— pq? Soube que andou se arranhado pelo corredor — fala rindo se afastando

— e vc está achado isso lindo, neh seu ordinário?

— ordinário!— repente gargalhando — gostei dessa

—o que veio fazer aqui? Da força pras fofocas?

— vim saber como vc ta?!— fala fazendo aquela cara de sonso

— perguntou isso pra ela tbm?— falo sem pensar e ele levanta uma sobrancelha pra mim. Só ai que me dou conta do que falei e tento mudar de assunto — te respondi por mensagem isso hj de manhã

— mas queria ouvir pessoalmente

— ou queria te ver— a outra enfermeira chega falando sorrindo— olá doutor Tardelli

— iai Verônica... te vi lá fora, ta mais bonita com essas tranças

— ah... gostou?! Eu amei tbm— fala balançando as tranças na touca

— caiu bem em vc, moldou seu rosto, deu um ar mais juvenil— ele fala enquanto Verônica rir satisfeita.

Mas mau sabe ela que ele está fazendo isso pra desviar o foco dela. Olho pro sonso que pisca pra mim e volta a conversar com ela enquanto eu tento vestir minha capa de invisibilidade.

Meu bipe toca indicando que estou sendo chamada no trauma, olho pra Bernardo e ele tbm recebeu o chamado

— to sendo chamada no trauma— falo pra ela ficando de pé— segura as pontas?

— claro... vai lá. Qualquer coisa peço alguém pra subir

— ta bom... assim que acabar eu volto— falo pegando minhas coisas

— quando acabar vc vai descansar. Se precisar de algo te mando msgn

— ok... bjs— digo saindo do setor com Bernardo atrás de mim

— ta linda em gatinha— Bernardo fala cheirando meu pescoço

— Bernardo porra...— falo entre os dentes fugindo dele— quer me fuder?!