19.

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Tara Carpenter

Continuei caminhando vagarosamente até a Amber, tentando absorver cade detalhe dela. Desde os saltos nos pés até o cabelo lindamente alinhado. Ela estava olhando para mim e por um momento eu pensei em resistir e dar meio volta.

Mas algo, talvez invisível e imaginário me empurrou e sussurrou no meu ouvido: não perca ela mais uma vez.

Os olhares e burburinhos das pessoas ao redor eram como manchas quase imperceptíveis para mim. Amber tomou conta de todos os meus sentidos sem nem ao menos me tocar. Eu só me concentrava na imagem dela a alguns passos de distância de mim. Que iam diminuindo a cada segundo.

Eu, pela primeira vez em um bom tempo, me senti firme e convicta, e estava disposta a resolver todos os problemas e confusões que eu e Amber tínhamos criado.

E então eu estava lá, na frente da mulher que me conquistou em poucos dias e me fez sentir uma paixão que eu não sentia em anos. Talvez nunca tenha verdadeiramente sentido.

- Oi, Amber.

Disse quando me aproximei o suficiente. Amber continuou parada e calada, seus olhos varriam todo pedacinho do meu rosto. Como lá em Verona, como ela sempre me observou, com admiração, carinho e outros sentimentos que o seu olhar marcante me passava.

Demorou alguns segundos para ela dizer algo, as mãos tremendo e seus dedos se entrelaçando aleatoriamente.

- Ah... Oi! - ela disse, com a voz falha - Eu não acredito que você veio. Você... você está linda.

Ela sorriu, e eu pude me lembrar de todas as vezes que ela me direcionou esse sorriso. E em todas às vezes, eu afirmei o quão linda ela fica sorrindo, os dentes brancos e retos. E os lábios carnudos que estavam brilhando pelo gloss.

Deus, o gloss de cereja.

- Obrigada. - sorri, um leve levantar de lábios - E como está o nosso grande casal? Tão maravilhosos como sempre?

- Melhor que nunca.

O silêncio nos atingiu depois da última frase que a Amber proferiu.

Continuamos sustentando o olhar. Suas orbes pretas estavam com um brilho magnífico. Eu estava disposta a quebrar a linha tênue e a tensão que nos cercava.

Não fazia mais sentido resistir, lutar ou evitar. Respirei fundo, relembrando as frases que eu escrevi no meu blocos de nota especialmente para esse momento. Eu realmente planejei cada passo, para não estragar nada dessa vez.

- Na verdade, Amber... eu...

- Ai está você! - uma mulher ruiva de olhos claros me interrompeu - Tá tudo pronto. Amélia pode chegar a qualquer momento.

Ela avisou, parecia nem ao menos notar a minha presença ali. Amber concordou com a cabeça, girando o corpo para mim novamente.

- Tara, essa é a Quinn. - A morena apontou para mim, e agora sim a ruiva pareceu me notar.

- Oi. - a cumprimentei, um pouco receosa.

- "A" Tara? - ela frisou o "A" e Amber assentiu - É um prazer finalmente conhecer você!

Quinn sorriu, parecia ser gentil e muito amiga da Amber, já que a ruiva tocava nela o tempo todo.

- Vejo você lá dentro. - Quinn segurou os braços da Amber, virando a mesma na sua direção - Não pense em tropeçar!

- Assim você vai me deixar mais nervosa. - Amber murmurou.

Quinn, então, se aproximou do rosto da Amber e despejou um beijo na sua bochecha. A morena pareceu assustada e sorriu sem graça.

letters to juliet | tamberOnde histórias criam vida. Descubra agora