16.

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Tara Carpenter

Naquela noite, liguei para Samantha e pedi 'pra ela vir me buscar. Minhas palavras na ligação saíram como súplicas e eu passei a noite inteira com a minha bombinha na mão. Sam tentou conversar mas eu a ignorei, não queria conversar, só queria que aquela maldita noite acabasse logo.

Antes de sair da minha antiga casa, deixei um bilhete na porta do refrigerador: 'vou dormir com a Samantha, te vejo amanhã.'

O silêncio absoluto naquela sala só não era mais ensurdecedor do que o tormento dos meus próprios pensamentos. Deixei muitas oportunidades para trás por causa do Chad. E a última oportunidade é a que me dói mais.

- Tar, fala comigo. Tar... Por favor? - Sam disse, quebrando o silêncio enquanto passava seus braços ao redor do meu corpo. Levantei o meu olhar 'pra ela, tentando de todos os jeitos segurar as lágrimas. Foi em vão.

- Sam... Não quero conversar. - encostei minha cabeça no estofado, fechando os meus olhos - Eu sou uma tola, eu sempre soube. Eu não queria acreditar, ele era tudo o que eu tinha.

- Ei! Você tem a mim! - Sam exclama. E ela obviamente tem razão, sempre esteve aqui por mim e se não fosse por ela, eu estaria totalmente perdida - Eu sinto muito por tudo o que esse homem está te fazendo passar. Não deixe isso te destruir, você é uma mulher linda, inteligente e muito forte. E eu te amo, ok?

Assenti com um sorriso fraco.

Naquele momento eu me sentia o oposto de todos aqueles elogios. Funguei o meu nariz e levei a bombinha para o meu rosto, tragando o ar que, pelo menos pra mim, tinha sumido durante a noite inteira.

- Não esqueça que você acabou de realizar o seu maior sonho. O livro, lembra? Não era tudo o que queria, hum?

- Sim... - respondi entre dentes.

- Quando pretende ir falar com ele?

- Amanhã, quando o restaurante abrir. Depois eu irei passar em cas... na casa dele 'pra pegar as minhas coisas. Eu juro que só irei passar um tempo aqui, eu vou arranjar outro lugar, tá? - segurei sua mão, que apertou a minha fortemente.

- Você pode ficar o tempo que precisar aqui, Tar. Danny pode fazer panquecas sempre que você quiser.

Ri mais uma vez, respirando aliviada. Coloquei a minha bombinha na mesinha ao lado do sofá, na frente da carta que a Gale tinha me entregado, e então percebi que ainda não havia aberto.

Sam foi até a cozinha preparar algo que eu não prestei atenção no que era. Peguei a carta e abri. O selo vermelho, a folha com pequenos amassos propositais para dar um ar de papel mais velho e o cheiro delicioso de Delphinium.

Desdobrei e comecei a passar os olhos pelas palavras. Era da Amélia. Meu rosto, instantaneamente se iluminou, como se aquelas letras tivessem um brilho natural.

'Amélia Freeman e Louis Bartolini,
têm o prazer de anunciar seu casamento
celebrado no sábado, 28 de agosto
Às quatro da tarde
Parque Giulietta
Propriedade Bartolini
Los Angeles'

Abri um sorriso sincero após terminar de ler. Eu ajudei a Amélia a reencontrar o amor da sua vida e agora, os dois vão se casar.

Me sinto vitoriosa, como se eu fosse o cupido do casal.

Entretanto, algo surgiu em meios a esses pensamentos felizes. Amber estará lá e eu terei que encara-lá. Não sei se tenho a coragem necessária para isso.

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- Que cheiro é esse? Ei, Alfonzo! Não, não. Combinamos pra suar a cebola e não caramelizar. Refaz! - ouvi Chad proferir na cozinha.

letters to juliet | tamberOnde histórias criam vida. Descubra agora