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Tara Carpenter

- "Querida Amélia,

'E' e 'se' são palavras que, por si, não
apresentam nenhuma ameaça. Mas, se
colocadas juntas, lado a lado, elas têm o
poder de nos assombrar a vida toda.
E se?
E se? E se...

Eu não sei como a sua história terminou,
mas se o que você sentia naquela época
era amor verdadeiro, então nunca é tarde
demais. Se era verdadeiro então, por que
não seria agora? Você só precisa de
coragem para seguir seu coração.

É difícil imaginar um amor como o de
Julieta, um amor que nos faça abandonar
entes queridos, que nos faça cruzar
oceanos. Mas eu gostaria de acreditar
que se eu um dia sentir esse amor, terei
coragem de perseguí-lo.
E, Amélia, se não o fez naquela época,
espero que ainda o faça um dia.

Com todo amor, Julieta."

Pessoas aplaudiam, assobiavam e gritavam 'que lindo'. Mas eu estava concentrada demais em outra coisa para ouvir todos os elogios. Meu olhos agora, marejados, encaram Amber durante toda a leitura da carta. E, coincidentemente, as palavras que eu escrevi para a dona Amélia se encaixavam perfeitamente com a sua neta. Com nós duas.

Flash's me atingiram fortemente e eu lembrei o motivo de ter aceitado viajar até Los Angeles. Desculpa Amélia, mas não foi totalmente por você.

Respirei fundo algumas vezes, me recompondo. Amber estava com a ruiva bonita e eu não podia fazer absolutamente nada. Parece mesmo que ela não me esperou. Parece que Mindy estava errada ao constatar que Amber queria muito me ver.

Todos estavam errados, inclusive eu.

Me levantei da cadeira em um pulo e me dirigi até o hotel que ficava na parte de trás de onde estávamos. O local parecia antigo, tal qual as construções de Verona, e tinha uma varanda decorativa no andar de cima. Estava vazio e silencioso, totalmente ao contrário da minha mente barulhenta.

Eu deveria ir embora definitivamente e esquecer a Amber? Ela foi só um 'rolo' de Verona? Ela me aceitaria se eu falasse que estou apaixon...

- Tara? Tara?

Escutei uma voz conhecida gritar pelo meu nome.

- Ei, Julieta fake, onde você está?

Meu coração disparou quando esse apelido alcançou os meus ouvidos, as borboletas dançaram agitadamente dentro de mim. Amber estava gritando por mim.

Assobiei, fazendo ela erguer a cabeça para cima.

- Ah, é lógico! Uma varanda, porra você tá de brincadeira?

- Vai implicar com o lugar que eu quero ficar? - rebati, Amber riu, irônica como sempre.

- O que você está fazendo aí?

- Hum... eu vou embora. -  sussurrei, apoiando os braços no muro da varanda.

- Por quê? - Amber questionou, me olhando assustada.

- Porque isso é muito difícil. Eu deveria ter percebido antes, mas não percebi, ou não pude.  Porém...

Me enrolei nas palavras, o discurso escrito evaporou da minha cabeça e eu não sabia muito bem o que dizer. Amber só me encarava de baixo enquanto eu juntava palavras para formar uma frase com o mínimo de coerência.

- Chad e eu não estamos mais juntos. E eu voltei com a esperança...

- Calma ai! Não tá mais namorando mesmo? - ela perguntou sorrindo e eu assenti.

letters to juliet | tamberOnde histórias criam vida. Descubra agora