𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐋 - 𝐀𝐠𝐨𝐫𝐚

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   Podia sentir seu coração errando as batidas quando o loiro se aproximou, pela última vez na noite, ao lado dela.
   Pensava nas duas possibilidades: contar ou não a ele sobre o que descobrira através de sua avó.
   Enquanto olhava para ele com aquelas duas jóias escuras que chamava de olhos, sua cabeça dava mais voltas do que alguém poderia imaginar. Como será? Ela sabia que esse deve ter sido apenas um dos milhares de finais que aguardam para serem reivindicados por ambos, mas era um final intrigante. Sabia que qualquer coisa que fizesse poderia levá-la para esta estrada, mas ao mesmo tempo, outros passos avançavam para diversos outros caminhos. Cada atitude poderia ser crucial. Começar a fazer alguma coisa agora poderia muito bem decidir qual seria o final dos dois. Será que o final dos filhos, casados, já teria ido pelo ralo? Agora que sabia da existência dessa possibilidade poderia muito bem evita-la como quisesse. Poderia escolher realmente casar com Tyler, mas escolher não ter filhos, escolher não se entregar para evitar qualquer tipo de risco. E como num clique, o futuro mudaria.

— Wandinha, você está bem? - perguntou Tyler, tirando a gótica de seus esquemas e planos.

   Piscou mais vezes do que de costume. Seus olhos estavam ressecados já de tanto não piscarem. Estava como pedra encarando Tyler. Ela o devorou com o olhar, talvez como nunca tinha feito antes.

— Estou. Se realmente te interessa.

— Sim, me interessa... você estava me deixando nervoso! Eu me senti nu com seu olhar intenso. - murmurou retraído, se sentando junto a ela na mesa.

— Pode apostar que se estivesse nu a última coisa que eu faria seria te olhar.

   Ele soltou uma risada divertida. O plano dele era se afastar... Já não devia estar sentado com ela. Mas Wandinha tinha um poder magnético. Era quase impossível se afastar quando ele era o metal.
   Ficar perto dela era pedir para cravarem espadas em seu coração. Estava certo de que uma amizade entre eles estava se tornando praticamente impossível. Não conseguia olhar para ela e pensar em "amiga", pensava em "minha trevinha", "meu desgostinho", "meu amor". Afasta-la não parecia mais correto, o que não garantia que seria simples.

— Tyler... - ela chamou olhando tediosamente para os dedos batendo contra a madeira escura da mesa.

— Hum...?

   Ela hesitou por três segundos. Abriu a boca três vezes na tentativa de soltar três palavras. Até que as colocou para fora expressando tédio ao invés de medo. Expressando desinteresse ao invés de curiosidade.

Você me ama?

   Ela procurou os olhos dele com frieza, enquanto o garoto caía o queixo no chão com a surpresa do questionamento agora tão inapropriado e avassalador.

— W-Wandinha?... Por que isso agora? - gaguejou enquanto fitava aquele rosto sombrio e misterioso. Não imaginava os motivos para aquilo, não conseguia entender. Não conseguia muito menos mentir.  — É que... Eu não... Eu te-

— Esquece. - cortou sem perceber que não interrompeu palavras qualquer.

— O que?! - Tyler não conseguia acreditar que havia sido interrompido. Estava a ponto de se declarar.

— Esquece. Não queria saber. Era só jogar conversa fora.

— Ah não, Wandinha! Wan... Ahh... Tá! Tudo bem. Por que não escolheu falar sobre como sua tia Ophelia é diferente da sua mãe? Se queria jogar conversa fora?! Por que escolheu falar sobre...

— Porque, eu não sei ao certo. Se prepara para a nossa viagem amanhã.  - disse se levantando e passando a palma da mão sobre o peito de Tyler como um lembrete. Ele ficou com medo de que ela pudesse sentir seu coração quase pulando para fora do corpo... e ela sentiu. — Você estava muito suportável no quesito visual, hoje. Meus parabéns. Só faço elogios como esse quando são merecedores. - suas palavras foram murmuradas quentes no ouvido dele enquanto ela massageava de leve seu ombro. Aquilo o deixou extremamente fora de si. Ela estava brincando com seus batimentos acelerados.

   "Prolongar esse processo é prolongar mais sofrimento."
   Ela subiu deixando todos lá embaixo.
   Tyler não conseguia respirar sossegado.

— Oh, querido! Não vai comer mais nada, ainda sobraram salgadinhos deliciosos na cozinha! - Ophelia Frump chegava ao seu lado caminhando a passos tão delicados quanto os de uma bailarina. O vestido dela era delicado o suficiente para ser de uma bailarina de fato. Repleto de flores e detalhes suaves e elegantes, em tons pastéis.
   Galpin suspirou e se levantou.

— Muita gentileza sua, senhora Ophelia, mas acho que vou para a cozinha ajudar a arrumar tudo, não bagunçar mais!

— Ótimo, meu bem. Gomez quer falar com você, aliás. Antes de partirem amanhã.

Continua...

   Muito. Obrigada. Muito, muito, muito obrigada pelos 5.01K de leituras! Era algo com o qual estava sonhando faz um tempo, nunca considerei passar de uma imaginação... E se tornou real! 🖤 Tenho muito a agradecer a vocês por estarem acompanhando essa história enrolada, lenta, cheia de problemas, furos, sem hot, mal-escrita, essa história bagunçada! Que já pensei tantas vezes em excluir. Agradeço demais! Sem vocês tenho certeza de que essas palavras estariam na lata de lixo, pois estava pensando no quão sem qualidade estava este produto. Mas me apeguei a todas as metas batidas, a todos os comentários carinhosos, a todas as vezes que sorri olhando para onde eu estava, e ganhei forças para seguir! Hoje essas 5K de leituras me mostram que valeu a pena continuar... e vou tentar melhorar a cada capítulo. Perdão pela falta de postagem de capítulos, mas estava sem inspiração para colocar algo no rascunho. Agora mesmo vou começar a escrever o próximo capítulo (capitulo 51), e dependendo posto amanhã, quem sabe... Depois da escrita vou finalizar minha segunda leitura do mês, A Seleção, adoro ficar até tarde de madrugada lendo. E agora com as minhas férias vou poder fazer isso a vontade pelos próximos quinze dias! Espero que eu escreva mais e não deixe vocês na mão. Obrigada! 🖤

Amor SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora