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Depois de ordenhar a vaca, que negócio difícil, vamos agora pro cercado levar o gado para o outro lado.

— Vamos, suba - Gabriela pede.
Ela é muito durona não parece nem um pouco com as mulheres que eu conheço, não tem jeito subo no cavalo. Ela é pequena mais bem ágil, é um tanto muito estranho eu de carona com ela.

Passamos por alguns homens que riem com a cena, eu detesto que riem de mim, vou aprender a andar a cavalo, não quero mais passar esse vexame.

Ela acelera e grita entre os galopes
— Segure firme, estamos um pouco atrasados - diz
Eu seguro sua cintura e me aproximo um pouco mais, seus cabelos esvoaçam, consigo sentir o cheiro.
Fecho os olhos por um minuto e sinto meu amigão pulsar de novo, mas que merda, me afasto.

Tânger o gado para o outro lado não foi muito difícil, já tem costume vão quase que sozinhos só um ou outro engraçadinho quer desviar do caminho.

Fecho a cerca enquanto Gabriela montada no cavalo me espera.
— E agora onde vamos ? - pergunto
— Suba, vamos para o galinheiro - diz

Certificamos se estava tudo certo por lá, coletamos os ovos, boa parte fica armazenado para ser retirado para a venda na cidade e outra parte para consumo.
Depois voltamos para o casarão almoçar. Gabriela me deixa na entrada e se vai.

— O que está achando de tudo ? - meu pai pergunta enquanto almoçamos
— Cansativo, ainda estou com sono e para ajudar preciso aprender a andar a cavalo - digo sem ânimo enquanto analiso meu prato.
Marta serve o suco seus olhos estão um tanto arregalados, meu pai espera que ela retorne para a cozinha e diz.
— Tenha calma meu filho, está começando agora no início tudo é mais difícil - diz
— Minha mãe disse ao senhor quanto tempo mais ou menos eu ficaria? - pergunto
— já quer voltar, não é possível, tente ver as coisas pelo o outro lado, observe a natureza a sua volta - ele diz
— pai não quero te decepcionar mas isso não é para mim - digo o ambiente fica em um silêncio terrível.
Meu pai já estava saindo da mesa.
— Pai me empresta seu carro para ir à cidade, preciso de botas - peço
Ele retira as chaves do bolso e me joga, pego no ar.
— Chame Gabriela para te mostrar a cidade - ele diz
— Eu não sei não... - digo
— por que não sabe ?
— Há sei lá, pareço um carrapato atrás dela acho que ela não vai querer ir - digo
— só vai saber se a chamar - ele diz e sai.
Depois do almoço só quero esticar um pouco as pernas antes de voltar, que calor terrível estou derretendo neste lugar. Tiro a camisa e me deito na rede da varanda, coloco o chapéu no rosto e adormeço.
— Ei... acorde... - escuto uma voz longe me recuso a abrir os olhos, que sono bom.
Sinto cutucarem meu ombro, droga tenho que abrir os olhos.
Tiro o chapéu do rosto, Gabriela está em pé com os braços cruzados.
— precisamos voltar - diz
— Sim, eu só tirei um cochilo - digo, me levanto  coloco o chapéu na cabeça e procuro minha camisa, não sei onde joguei.
Gabriela observa calada e aponta com o dedo para o outro lado, lá está a camisa pego e a visto.
— Vamos - digo
— É... sim... vamos - ela parece gaguejar
Agora a tarde ela iria me mostrar a plantação de laranja da fazenda mas preferiu me ensinar a cavalgar.
— Este é Lorde, muito manso - ela diz enquanto me mostra o cavalo
— Pelo nome percebe-se - digo, Gabriela solta uma gargalhada, que risada gostosa.
— Não é tão difícil, você vai aprender rapidinho - diz
— preciso aprender hoje na raça, vou virar piada nesta fazenda - digo ela sorri de novo
— Há pare com isso, não é tão ruim assim andar na garupa do trovão - ela diz brincando
— Não é mesmo - digo, ela parece ficar sem jeito da forma que falei.
Merda, preciso me policiar, as vezes esqueço que ela não é as mulheres que eu costumo cortejar.
— Então... eu preciso comprar botas mais tarde, se puder me mostrar a cidade... se quiser claro - disfarço
Ela continua alisando o cavalo e diz baixo
— depois das aulas nós vamos.
Montar eu aprendi bem, ela me ensina alguns comandos, como o cavalo é manso não achei difícil de início.
— Isso muito bem, comece assim devagar com o tempo e prática pega velocidade e conhece melhor seu cavalo e ele a você. - Gabriela diz animada
— É... pensei que fosse mais difícil - admito

Menina Veneno (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora