5

736 47 1
                                    

— Mãe, estou indo a cidade, quer que eu traga algo? - pergunto enquanto ela assiste a novela preferida.

— Não minha filha... - ela diz
— certo, não me demoro só vou mostrar o lugar para Otto - ela para de fitar a tv e agora concentra sua atenção para mim.

— filha, faça aquilo que conversamos hoje no almoço, tenha um pouco mais de paciência com o rapaz o patrão quer muito que ele fique.

— eu sei mãe... eu sei, mas isso não depende só de mim, se ele não quiser ficar o patrão tem que aceitar - digo, me despeço e me vou.

No pátio da casa vejo a caminhonete me aproximo, ele abaixa os vidros, seu cabelo ainda está molhado pós banho e parece animado.

— Vamos ? - Diz sorrindo acento com a cabeça e atravesso a caminhonete e entro.

Ele liga o rádio e deixa a música tocar de uma rádio local eu observo o caminho calada.
— Faz tempo que trabalha na fazenda? - Otto pergunta e volto a atenção para dentro do carro.
— fui criada aqui... meu pai era quem cuidava de tudo eu só continuei, ele faleceu, infarto - digo
— Nossa eu não sabia, meus pêsames - ele diz e me encara
— tudo bem... - digo
— Pensa em sair daqui algum dia? - ele pergunta novamente
— Nunca... - dou uma pausa e volto a olhar pela janela — eu não deixaria isso tudo por nada.
Ele sorri, parece pensar em algo.
—Engraçado enquanto eu quero sair daqui o mais rápido possível.
— você gosta mesmo né da capital?
— É uma loucura,correria , mas gosto de lá, sou feliz - ele diz
— Mas por que foi mandado para cá?
Sua expressão muda, ele respira fundo.
— Como posso dizer... bem eu ainda estou me descobrindo, e tem toda aquela pressão de profissão...
— Você não sabe o que quer fazer é isso ?
— resumindo é isso, mas eu vou dar um jeito, me mandar pro meio do mato não vai mudar nada - ele desabafa
— Os país são assim mesmo, eles querem o nosso melhor, leve tudo isso como uma férias - digo tentando anima-lo
— Férias! Você não vai me deixar tirar férias - ele me encara e sorri eu retribuo o sorriso.
Otto é um homem lindo, carismático mas confuso.

Chegamos no centro, ele estaciona o carro e vamos andando pela avenida, vou resumindo algumas coisas que tem pela cidade. A cidade é pequena quase todos se conhecem, muitos passam por nós curiosos, Otto anda pela avenida com as mãos no bolso ouvindo o que falo.

Entramos numa loja, que tem vários artigos, botas, chapéus, cinto e fivelas. Ele olha tudo com atenção enquanto o vendedor mostra os modelos.

— Não preciso de muito, um par de botas básica já me atende bem - ele diz para o vendedor

— Sim, eu vou buscar, você não é daqui ?

— Não, não... só estou de férias - Otto diz e pisca para mim, eu não sei o que foi aquilo mas sinto meu rosto queimar, disfarço e me distancio.

— Que legal, seja bem vindo, é família de quem ? - ouço o vendedor ainda perguntar, Otto terá que acostumar as pessoas por aqui são assim, não é por mau é um abito.

— Sou filho de João Torres - Otto diz o vendedor parece surpreso

— Que prazer, sente-se vou buscar sua numeração, filho de João Torres tem desconto na minha loja - ele diz animado

— Aí sim... - Otto completa.
O homem não demora e Otto prova a bota sem muito rodeios diz que vai ficar.

— Gabriela - Otto me chama eu me aproximo

— Quer uma bota ou qualquer outra coisa?

— não obrigada, quero não - digo gesticulando com as mãos

— tem certeza, um chapéu talvez - ele sugere

— obrigada, sério não precisa - digo ele confirma com a cabeça e vai até o caixa.

Depois da loja ele pede para dar mais uma olhada pela cidade, mostro a ele a igreja matriz da cidade e a praça de frente.

Droga vejo Katy e a amiga insuportável dela logo à frente, torço que ela não nos veja, assim que penso ela nos encara e sorri, e lá vem ela.

— Oi... como é seu nome mesmo sempre esqueço - ela diz para mim, eu reviro os olhos

— Gabriela - digo sem paciência alguma.

— E você, não me lembro de tê-lo visto antes - diz agora para Otto com aquela voz irritante dela. Otto sorri e estende a mão.

— Prazer sou Otto, estou de férias e você como se chama?

— Prazer Otto, sou Katy - ela diz animada entre sorrisos

— Prazer é todo meu - Otto diz com a voz mais grossa, que saco vou ficar assistindo os dois flertar.

— Então, vamos indo - digo

— Espere um pouco Daniele eu quero conhecer melhor Otto - Katy diz, que insuportável

— Gabriela - reforço

— Então Otto onde está hospedado? - ela pergunta enquanto enrola o cabelo com um dos dedos.

— Sou filho do João Torres, conhece? - ele diz

— Claro conheço sim, que legal.

— Vamos Otto - digo nervosa ele parece perceber.

— Katy foi um prazer conhecê-la quem sabe qualquer dia nos encontramos de novo - ele diz

— Nos fins de semanas nos reunimos naquele barzinho ali - ela aponta com o dedo para o outro lado da rua — Está convidado, você vai gostar da galera. - diz sorrindo

— Está bem, vou vir sim - Otto diz e os dois se despedem com um beijo no rosto.
Estávamos voltando para a caminhonete.

— Não gosta de Katy? - Otto pergunta

— Nem fede e nem cheira para mim - digo

— Então vou considerar que não.

Katy é mais uma das meninas metidas da cidade, estudamos o ensino médio juntas, ela implicava com as minhas roupas, " há você anda que nem um menino " ou " onde é a festa country " por isso não a suporto.
Não demora e estamos de volta.

— boa noite - digo e desço da caminhonete.

Menina Veneno (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora