Cedinho me ajeito e antes de sair do quarto calço minhas botas, minha mãe já está no casarão aprontando o café da manhã. Moramos numa edícula depois do casarão, bem confortável, temos sala, cozinha, dois quartos e banheiro mas vivemos maior parte do tempo no casarão.
Éramos antes em três eu mamãe e papai, meu pai era quem cuidava de tudo por aqui com meu patrão, meu pai era o braço direito dele, mas o destino se encarregou de levar meu pai cedo demais.Eu sempre amei vê-lo montado no cavalo que agora é meu, cuidando de tudo a felicidade nos seus olhos com os bichos para mim meu pai sempre foi exemplo, e naquele final de tarde receber a notícia que ele tinha infartado e não resistido foi muito cruel para todos nós e principalmente para mim, eu era apenas uma garotinha. Sigo firme fazendo o que eu mais admirava e não esqueço dele nem se quer um dia, cuidar disso tudo é como se eu o vê-se todos os dias.
Chego no casarão entro pelas portas dos fundos e vou direto para cozinha tomo café e vou para sala encontrar Otto para podermos começar o dia.
Escuto meu patrão bater à porta no andar de cima e chamá-lo:
— Vamos garotão, Gabriela precisa começar o dia, não a deixe esperando - ele diz
Eu engulo seco, esse rapaz vai me dar trabalho.
Meu patrão em seguida desce e me cumprimenta e pede que eu espere um pouco e pede desculpa pela demora.
Depois de alguns minutos Otto desce, pela sua cara não está nadinha feliz.— Bom dia, não queria te deixar esperando - diz sua voz sai séria, seus olhos ainda estão pequenos.
— Hoje deixo passar - digo, meu patrão sorri.
Ele toma uma xícara de café e um pão bem rápido e vamos começar as tarefas.Do lado de fora eu analiso o que veste e suas roupas não são muito adequadas, ele percebe.
— O que foi? Por que me olha assim.
Ele veste calça jeans, camiseta de algodão e tênis, sim não está ruim, só que mais tarde o sol estará muito forte, ele precisa de uma camisa para cobrir os braços, chapéu para cobrir a cabeça e botas para proteger dos bichos que ele poça cruzar pelo caminho.
— Nada demais... vamos ali no armazém preciso pegar algumas coisas antes. - digo e ele me acompanhaO armazém é uma especie de depósito, colocamos os materiais guardados lá como pás, inchadas e outras coisas. Chegando lá pego um chapéu que está lá já faz alguns meses, o patrão costuma esquecer os objetos por lá e nunca mais pega-los, e pego também uma das camisas que esta pendurada no prego.
— Tome vista isso - eu entrego
— Essas coisas estão fedendo - ele protesta, reviro os olhos, aja paciência.
— Prefere se queimar com o sol - digo
Ele bufa e veste a camisa por cima da camiseta e por último o chapéu, vestiu como uma luva.
Otto é alto, seus ombros largos percebe-se que é forte, cabelo castanho liso na altura do pescoço, olhos escuros, ele é um rapaz bonito.
— Ficou ótimo - digo, realmente não ficou nada mal. Ele disfarça um sorriso — Agora só falta botas - digo
Procuro mas não encontro nada.
— Mas tarde eu resolvo a questão das botas- Otto diz
— então vamos começar - finalizoVou ao estábulo pegar meu cavalo, Otto parece uma sombra me acompanha calado.
— Esse é o trovão, trovão esse é Otto filho do nosso patrão - apresento meu cavalo. Otto não parece muito animado.
— Legal - diz, minha paciência está esgotando.
— Escolha algum que goste - peço, ele solta uma gargalhada.
— Eu não sei montar nisso aí não - diz
— Nunca montou num cavalo ? - pergunto
— De jeito nenhum - diz
— Precisa aprender se quer me acompanhar, faço tudo a cavalo.
— Eu não sei se quero - ele diz
Respira Gabriela, respira... ele também é o seu patrão , repito a mim mesma.
Levo trovão para o lado de fora.
— Observe como monto, e repita - digo
— Eu não vou montar nisso não, eu já disse que eu não sei - ele diz
— Eu sei disso não sou surda, só faça o que eu digo. - saiu mais rude do que eu queria ele bufa.
Com calma explico e monto, montada no trovão peço que ele suba.
— Você não vai descer ? - ele pergunta
— Não, vamos eu não tenho o dia todo - digo
Ele sussurra algo que não entendo e monta, até que ele aprende fácil achei que não conseguiria de primeira.
— segura firme ! - digo, ele iria dizer alguma coisa mas trovão obedece meu comando e sai a galopar.
Sinto sua mão soar na minha cintura, preciso urgente ensiná-lo a andar a cavalo, o dia vai ser longo.— Chegamos, desça - digo, ele respira fundo por algumas vezes — Vamos desça - repito mais alto, ele obedece.
A primeira tarefa é ordenhar as vacas, Dante já está na tarefa, pego a tina para encher de leite e o banquinho.
— Se atrasou hoje? - Dante diz enquanto ordenha uma das vacas.
— Um pouco - digo e disfarço um sorriso, Otto está logo atrás de mim Dante o cumprimenta com um aceno de cabeça e Otto repete.
Dante parece ficar intimidado com a presença de Otto. Dante é um dos peões da fazenda, ele é bem reservado mais calado comparado ao Zé, mas naquela manhã ele estava mais calado do que de costume.Eu explico para Otto como é feito a coleta do leite, para onde levamos o leite e como é distribuído. Agora chegou a tarefa mais difícil ensiná-lo a tirar o leite.
Peço que me observe com atenção, enquanto faço o gesto de puxar na teta da vaga explico como ele deve usar suas mãos. A cara que ele faz não é das melhores parece sentir nojo ou sei lá o que.
— Vamos é sua vez - digo
— Eu não acho uma boa ideia - diz
— O que foi está com nojinho - digo, Dante sorri, Otto percebe e não parece gostar.
Otto me fuzila com os olhos eu o encaro firme.
Ele tira o chapéu e se senta no pequeno banco.
Pega na teta da vaca e puxa de uma forma toda errada a vaca percebe e berra alto, Otto se assusta e cai para trás, Dante gargalha sem parar, Otto fica furioso vejo seu rosto queimar de raiva, tento ajudá-lo a levantar ele puxa o braço não deixa que eu o toque.
— Chega Dante - digo.
Sem voltar a me olhar Otto volta a se sentar.
— Me explica de novo, não tenho o dia todo - ele diz sério, é ele ficou bravo mesmo.
Depois de algumas tentativas ele até consegue ordenhar mas precisa de mais prática.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Menina Veneno (concluído)
RomanceOtto é um jovem playboy que desiste da faculdade pela segunda vez, deixando sua mãe furiosa, na tentativa de corrigir o jovem a mãe em um ato de desespero o manda passar um período com o seu pai, que vive totalmente o oposto deles em uma fazenda em...