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" bipe... bipe... bipe... "
— Que barulho chato - resmungo tentando abrir os olhos.
— Otto meu filho... - agora consigo ver melhor é minha mãe, ela corre para o corredor e grita — Ele acordou !
E volta a segurar minha mão.
— Mamãe ... - digo fraco
Ela me abraça, chora e beija meu rosto sem parar
— aí... mãe - reclamo de dor
— Desculpa meu filho, estou tão feliz que está bem - diz limpando as lágrimas.
— Cadê Gabriela ? - pergunto
— Filho ela está bem se preocupe em se recuperar - minha mãe pede
— Eu quero vê-la- peço, o médico entra no quarto.
— Muito bem garotão está acordado - o médico diz animado.
Ela examina meu ombro e meus sentidos diz que em breve já pode me dar alta, foi feito a remoção da bala e foi um sucesso, perdi muito sangue por isso desmaiei.

— Por sorte meu filho algo pior poderia ter lhe acontecido, eu não posso nem imaginar - minha mãe desabafa
— Um desgraçado estava tentando toca-lá mãe - fico nervoso.
— Calma meu filho, você não pode ficar nervoso está se recuperando.
Eu respiro fundo
— A moça depôs na delegacia o sujeito foi pego tentando sair do estado, está preso espero que apodreça na prisão. - minha mãe diz
— Que alívio ele foi pego - digo.
Meu pai chega.
— Oi meu filho, como é bom te ver acordado - diz e segura minha mão
— obrigada pai é bom ver o senhor também - digo — E Gabriela onde está ? - pergunto
— Ela está em casa angustiada com tudo que aconteceu - meu pai diz
— Peça que venha me ver pai já estou acordado - digo
Minha mãe encara meu pai.
— João precisamos conversar - diz para o meu pai que o acompanha até o corredor.
Meu pai não retorna para o quarto.
— Meu pai já foi ?
— filho assim que tiver alta retornaremos para São Paulo - minha mãe diz de uma vez
Me remexo na cama
— Não mãe eu vou ficar - digo
Ela coloca a mão sobre meu peito.
— Pare de se mexer está recém operado, filho depois que veio para esse lugar se mete em brigas até um tiro levou, poderia está morto agora - diz nervosa.
— Mãe eu amo a Gabriela eu quero ficar - confesso.
— Filho isso é paixão de verão, logo vai passar, deixe a moça viver a vida dela e vamos voltar.
— mãe a senhora não a conhece. - digo por último.
Depois do almoço recebo alta minha mãe quer me levar direto para o aeroporto eu me recuso, preciso ver ela falar com ela.
Minha mãe se dá por vencida e me leva para fazenda mas diz que no dia seguinte vamos retornar, ela não entende já está decidido eu vou ficar aqui.

Chegando na fazenda todos estão no pátio a nossa espera, desço do carro com o ombro enfaixado, Marta é a primeira a correr e me abraçar.
— ai... devagar Marta - brinco
— me desculpe patrãozinho - diz enxugando as lágrimas.
César e Zé também me cumprimentam.
Dentro do casarão meu pai leva minha mãe para o outro lado da casa para conversarem. Aproveito e vou procurar a Gabriela, vou para a cozinha.
— Marta onde está sua filha - pergunto
— No campo patrãozinho - ela volta a me abraçar — obrigada por salvar minha filha, eu não posso imaginar o que aquele desgraçado poderia ter feito com ela.
— Eu amo a sua filha Marta eu não vou deixar que ninguém faça mal a ela - confesso, ela solta um sorriso
— Gabriela está no campo vá até lá - diz animada.
Saio do casarão quase que correndo, não consigo cavalgar por causa do ombro então vou a sua procura a pé.
E lá está ela na parte alta, alisando a cabeça do trovão, parece longe.
— Gabriela ! - grito, ela se assusta, corre e me abraça.
— Aí ... - brinco
— Me desculpa - pede chorando
— não chore - limpo suas lágrimas.
— Obrigada por tudo, você salvou a minha vida - diz
— Sim a salvaria quantas vezes forem preciso - digo
Ela se afasta parece preocupada.
— Amanhã partirá de volta para São Paulo - diz
— Não, eu não vou, vou ficar aqui com você - digo confiante.
— Otto vá, volte com sua mãe - eu não acredito no que estou ouvindo.
— voltar? Não meu lugar é aqui - digo
— Não Otto, seu lugar não é aqui, quantas coisas ruim te aconteceu aqui e tudo por minha causa - ela diz triste
— pare de falar essas coisas gatinha nós, nos amamos - digo
— Otto por favor, não passamos de uma paixãozinha de verão - ela diz e sorri eu não posso acreditar no que estou ouvindo, o que sinto por ela é forte.
Eu seguro seus ombros e peço que me olhe nos olhos.
— Gabriela peça para que eu fique! Peça Gabriela ! - digo , ela sorri fraco
— não posso - diz . Eu sinto uma dor no peito pior que o tiro que levei. Eu a solto.
Ela monta no trovão e se vai galopando com os cabelos a esvoaçar no vento, será que essa é a última vez que a verei.

Menina Veneno (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora