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Depois de algumas horas estou eu pegando minha mala na esteira de desembarque do aeroporto, saio pelas enormes portas de vidro e lá está meu pai com o chapéu na mão acenando para mim.

— Oi garotão fez boa viajem - diz enquanto me abraça com batidas fortes nas minhas costas
— Oi pai fiz sim - tento dizer

Meu pai sorri um sorriso amarelo de ponta a ponta meu pai parece ser um homem feliz.
Das vezes que foi a São Paulo me visitar ele está sempre assim sorrindo, parece que não tem tempo ruim para ele.

Na caminhonete indo em direção a fazenda ele me mostra um pouco do lugar, ele sempre me convidava para conhecer mas nunca tive interesse, eu gosto da loucura de São Paulo e nunca me vi longe da minha mãe também.

— Quando sua mãe me ligou dizendo que viria fiquei tão feliz filho - meu pai diz entusiasmado, ele nem imagina o quanto protestei para não vir.

— Que bom - digo

— soube também que largou a faculdade novamente.

— Pai eu não gosto de direto não posso fazer o que eu não gosto - digo

— E o que quer fazer - meu pai também pergunta

— Até você pai... eu não sei ainda depois eu vejo - digo sem paciência

— Calma rapaz sua mãe e eu só estamos preocupados com seu futuro - ele diz sério

— Eu sei, eu sei... eu só não quero mais fazer direito - digo

Ele parece pensar um pouco e continua
— Quem sabe gosta de viver aqui na fazenda, seu pai já está velho e cansado e ter um filho para cuidar de tudo seria muito ... - não deixo que termine

— Nem pensar, lidar com bicho viver cercado de insetos isso não é para mim
Meu pai parece desapontado

— Desculpa pai não estou desmerecendo tudo isso é só que não faz a minha - digo

— Você nem viu ainda - meu pai diz, desisto de argumentar.

Chegamos ele tenta me mostrar dentro do carro a imensidão da fazenda como ele diz os hectares é muita coisa me perco com os olhos, longe vejo alguns gados e do outro lado a lavoura de laranja, meu pai está muito bem.

— tudo isso meu filho é seu também, trabalhei muito para conseguir tudo que tenho hoje - seus olhos brilhão.

Um cavalo galopando ultrapassa o carro, uma moça quem o monta percebo pelos cabelos a esvoaçar debaixo do chapéu.
— Essa tá com pressa - brinco
— É Gabriela está indo buscar o gado - meu pai diz
— Sozinha?
Meu pai sorri
— não se deixe levar pelo tamanho dela é valente igual os outros peões, ela da conta sim.

Paramos em frente a casa, é um casarão grande, amarelo e janelas azuis é bonito o lugar desço do carro para ver melhor.
Uma mulher aparece na porta, parece animada quando me vê e grita.

— Chegaram ! O patrão chegou - diz e corre em minha direção fico um pouco assustado com tanto entusiasmo.

— Oi prazer me chamo Marta a cozinheira e arrumadeira da casa - ela me abraça eu aceito o abraço sem graça.

— Oi, sou Otto - Digo

Mais dois homens se aproximam um se apresenta como Zé e o outro Dante.

— Patrão eu não sabia que seu filho já era um homem pensei que fosse um garoto - Zé diz ao meu pai que sorri

— Eu já sabia - Marta agora é quem diz

— Também você sabe de tudo - o homem diz Marta parece ficar zangada

— o que quer dizer com isso Zé que eu sou fofoqueira por acaso !

— Calma gente, sim Zé meu filho já é um homem - meu pai diz

A moça chega logo em seguida montada no cavalo, desce com facilidade.

— Venha filha cumprimentar o filho do patrão - Marta diz, a moça é filha dela.

Ela tira o chapéu da cabeça e me estende a mão. Seus cabelos são negros, pele bronzeada, olhos esverdeados igual o da sua mãe é baixinha, por isso meu pai disse aquilo.
— Seja Bem vindo, sou Gabriela - ela diz retribuo o comprimento
— Obrigado, prazer sou Otto - ela desfaz o gesto por algum motivo parece ficar sem graça, acho que eu o a encarei demais.
— Patrão seu filho é alto igual o senhor - ela diz animada

— Qualquer um é maior que você Gabriela- Zé brinca
— Eu pego você boca de trapo - com o chapéu na mão a moça corre atrás dele que pula a cerca e se vai.

Meu pai me leva para dentro e me mostra tudo e por último para meu mais novo quarto, uma cama no centro, escrivaninha do outro lado do quarto e um guarda roupas, nada não muito luxuosa mas bem aconchegante, estou cansado tomo uma ducha e me deito.
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Minha mãe corta algumas laranjas para o suco enquanto janto na cozinha.
— O que achou do filho do patrão ? - ela pergunta
— Eu, eu não achei nada, normal - digo
— Sim eu sei que ele é normal minha filha, estou querendo dizer se acha que ele vai se adaptar, o patrão está contando com isso - minha mãe explica
— há mãe eu não sei mesmo, ele não tem cara de homem do campo
— Espero que ele goste... - minha mãe finaliza

Eu já estava quase acabando, quando minha mãe volta da sala de jantar às pressas.
— Filha o patrão quer falar com você
— A senhora imagina o que seja ? - pergunto dando a última garfada
— Claro que não menina, vá logo - ela diz
Coloco meu chapéu e me vou.

— Sim patrão - digo, os dois estavam jantando.
— Gabriela amanhã cedo quero que Otto te acompanhe, mostre tudo a ele, como tudo é feito é administrado.
Otto ouve seu pai falar e continua calado pela sua cara não parece muito feliz.
— Sim patrão, eu mostro tudo e o trago de volta - digo
— Não, ele te acompanhará em todas as tarefas, quero que ele aprenda e você será responsável por isso, combinados - meu patrão finaliza.
— Pode deixar - digo e me vou.
Entro na cozinha e minha mãe já está na expectativa
— E aí o que ele queria ?
— Arrumei outro cargo, babá - digo bufando
— Como assim ?
— O filho dele vai me acompanhar em tudo que faço na fazenda, quer que ele aprenda comigo, logo eu ...
— filha isso é bom ! Sinal que o patrão confia em você - minha mãe diz
— É... não pensei por esse lado - digo pensativa

Menina Veneno (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora